Abro o Facebook agora pela manhã e, sabe-se lá por qual coincidência mórbida do destino, a eterna e infindável sequência de anúncios e sugestões de páginas para seguir só me mostraram mortes.
Da querida atriz e humorista Berta Loran - ao menos foi-se após uma longa vida de 99 anos - até uma moça, curada de câncer, e que seu próprio marido forjou um assalto para matá-la. No meio disso, um jovem e musculoso grandalhão sulista, de uns 34 anos, igualmente morreu após longa internação devido a um acidente de automóvel. O detalhe é que sua mulher, sua filha bebê e mais um casal de amigos, todos no carro, também morreram. E tudo isso me presenteia o Facebook, em um distópico "bom dia", certamente para me animar.
Na TV, o querido Pittoli cumpre sua obrigação e nos traz a quilométrica lista de absurdos, injustiças e perfídias cotidianas da política brasileira, positivamente confirmadas em rápida passada de olhos no X-Twitter. E se minhas esperanças no Brasil são, costumeiramente, próximas ao zero, neste momento acusam como abaixo do mesmo, negativas e mortas.
Inevitavelmente vollto os olhos para mim mesmo, em um gesto involuntário e misto de egoísmo e autoproteção, vendo apenas um velho, feio, pobre e reclamão que, desempregado, gasta seus dias a vociferar, solitário, vitupérios contra o que não pode combater. Minha longa prática em falar verdades inconvenientes fecharam-me as portas profissionais e também tem o condão de afastar quaisquer seres humanos que se aventurem a se aproximar - afinal, ninguém é de ferro e tudo sempre pode ser dito com menos crueza. E, ao fim e ao cabo, também em mim enxergo apenas essa tristeza de fim de festa, a decepção de não ter visto o melhor e a certeza que perdi a chance. Bem apropriado para meu começo de dia, recheado de mortes no Face e impossibilidades noticiadas na Auriverde Brasil.
Mas é hora de começar o dia. Tirar forças de algum lugar. Obrigar-me a crer e ter fé.
E se Deus é, para mim, inatingível, que eu creia haver, em algum lugar, um coração que bata por mim.
E só isso já será motivo para que eu, ao menos, tente.
Bom dia.
Walter Biancardine
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