quinta-feira, 2 de outubro de 2025

FENIX -


Tempos idos, tinha minha enorme moto custom e nela me divertia com meus cabelos longos, colete do motoclube, charuto nos dentes - pois cigarros apagam com o vento - e minhas tatuagens, dentre elas a Fênix, o lendário pássaro que morre e renasce das cinzas.

Não à toa a fiz: muito mais que uma capacidade autoproclamada, era prece e esperança. E neste momento me vejo tal como ela, a renascer de minhas cinzas quase já frias, sentindo outra vez o calor do sol, aspirando o ar à minha volta, sentindo meus músculos novamente fortes - eu, redivivo, renascido e repaginado, com sangue nas veias e um homem novamente.

Bastou uma notícia, uma mão estendida - e seu autor não citarei, por não ter pedido autorização - para que, tal como Lázaro, me levantasse e caminhasse para fora da cova ao encontro dos vivos.

Confesso que jamais me senti assim. Todos sofremos altos e baixos, temos picos e vales mas, desta vez, há algo acima e além. Novamente compromissos, responsabilidades, tarefas, obrigações e a alegria de cumpri-las - mas o corpo não engana, há algo mais e melhor.

A alma volta e quer escrever - e voltarei, pois meus editores aceitaram que retornasse - e me descubro pleno de gasolina para queimar, nesta longa estrada que o Brasil sofre caminhar. A cabeça desperta e volta a trabalhar, com responsabilidades que breve assumirei. E o corpo volta a existir, me dando conta que o mesmo havia me abandonado há anos e sequer percebi.

Mas bastou um chamado.


Walter Biancardine



Nenhum comentário: