Este é um daqueles domingos que, pouco importando minha já avançada idade, sinto um quase instintivo desejo de ir à casa de meus pais visitá-los.
TV sempre ligada, perguntar as últimas do jornal, minha mãe trazendo um café e dizendo que vai ter coração de galinha pro almoço - que detesto, mas sorrio satisfeito.
O pai contando histórias do trabalho, um caminhão que virou a carga na estrada ou mesmo dizendo que planeja vir à Cabo Frio botar a lancha na água. Os irmãos chegam, as implicâncias -saudades - também, junto com interminável e ensurdecedora horda de sobrinhos.
Cunhado não é parente, é destino - há que se aturá-los e alguns, à bem da verdade, até são divertidos.
Almoço à mesa, a disputa imortal entre os irmãos pelo melhor pedaço ou medindo copos para ver quem encheu mais - crescemos mas algumas coisas ficam.
Fim de tarde a cerveja, a moleza, a vontade de voltar para casa sabendo que aquela sacrossanta segurança, aquela paz inominável "sempre estará lá".
Mas não estará, hoje descobri. Se este ainda é seu domingo, aproveite.
Às vezes, tudo o que queremos é voltar para casa.
E fingir que toda nossa vida foi apenas uma longa e difícil viagem.
Walter Biancardine
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