Raciocino quando caminho, raciocino quando escrevo.
Se já tive a ousadia de costumar andar vinte quilômetros por dia quando morava solitário, no pasto, recebi em troca uma enorme clareza de ideias. Mas andar cansa e estou velho.Escrever é algo como uma compulsão para mim. Enquanto escrevo, raciocino, medito, pondero, transcendo. Já escrevi seis livros, milhares de artigos, inúmeros ensaios filosóficos bem como algumas poucas teses - escrever não cansa, estou velho mas não sinto.
Tal é o paradoxo: escrever um ensaio de doze laudas sobre o amor, narcisismo e Fernando Pessoa, mesmo sabendo que - não só pelo tema mas, também, por suas dimensões - ninguém o lerá.
A verdade é que não escrevi para ninguém além de mim. É meu diálogo comigo mesmo e minha solidão - única companhia fiel ao longo de minha vida.
Dedico meu trabalho às vozes da minha cabeça - mesmo que poucos e eventuais leitores se metam entre nós.
Walter Biancardine
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