Preocupa-me a atual incapacidade do brasileiro médio em compreender ironias, sarcasmos, analogias ou mesmo as mais básicas brincadeiras - e tanto faz que sejam por escrito ou ditas em conversas.
O humor médio tupiniquim reduziu-se ao nível pastelão-pornográfico, deixando todo um universo de referências fora disso. A leitura é sempre literal, o sentido figurado ou forças de expressão tornaram-se desconhecidos e uma simples piada pode degenerar em grossa pancadaria.Fazendo jus à incrível capacidade de ser "sui generis", o brasileiro expandiu seu analfabetismo funcional relativo à escrita a um verdadeiro "analfabetismo auditivo", uma fatal deficiência cognitiva que torna uma simples conversa em verdadeiro depoimento prestado ao delegado, onde cada palavra e vírgula poderão ser fatais.
Paulo Freire não conseguiu tal e hercúleo feito sozinho: a grande e emburrecedora mídia fez sua parte, na interminável apologia à ignorância transmitida em sua programação.
Hoje, somos a primeira "República de Neandertais" do planeta.
Que Deus nos ajude - se não nos devorarmos antes.
Walter Biancardine
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