Não gastarei linhas discorrendo sobre as vaidades primárias de ostentar automóveis, jóias, roupas ou até mulheres cobiçadas coletivamente, pois tais futilidades apenas irritam mas em nada prejudicam minha vida. O que desejo comentar é algo muito pior, verdadeira mentalidade farsesca a imperar no universo acadêmico brasileiro, que apressa-se a nos tornar o país das fraudes - fraudes intelectuais, pura busca de status quo, compulsão pela arrogância e ostentação de títulos.
Lanço a pergunta: quantos de vocês já se deixaram impressionar, intimidar, convencer ou calar por alguém que - em agonia retórica - lançou mão da pútrida "carteirada" de dizer-se um "Doutor", um "Mestre" ou mesmo "Pós-Graduado" em qualquer coisa?
Creio que muitos sabem das minhas desventuras junto à esta comunidade intelectual, impermeável qual granito à ideias divergentes de suas "catilinárias do consenso doutrinário" e que rendeu-me incontáveis e ferozes discussões com os referidos e empolados "Ph.D's" - e, nas quais, todos perderam e não encontraram respostas (ou, muito menos, antíteses) aos meus argumentos.
Pois bem, tais linhas devem-se à minha educação de berço - e o que é do berço só a tumba tira - em não respondê-los com uma única pergunta, após a infalível "carteirada": " - O senhor é pós? Quem fez seu TCC?". Ou, prosseguindo, caso fosse um Mestre: " - Quem redigiu sua dissertação?" Ou pior, sendo um Ph.D: "Quem escreveu sua tese?" E o fim da linha, no pós-Doc: " - Pode me apresentar o autor de seu relatório?"
E onde quero chegar com isso? Para ser direto, à fraude, que impera no meio acadêmico brasileiro. Nenhum deles escreveu nada, redigiu nada, estudou nada. Completas nulidades, anafabetos funcionais a carregar, entretanto, pomposos diplomas e certificados que os autorizam a proferir platitudes como grandes novidades ou - para os mais ousados - absurdos cuja única função é chocar valores e princípios vigentes.
Tal tipo de estelionatário vale-se, normalmente, dos serviços de professores - em desespero financeiro - que prestam-se a desenvolver, em parte ou, pior, no todo, seus trabalhos que garantirão o novo e dourado "status" ambicionado.
Como um "Doutor" em filosofia pode não saber filosofar? Ou este elemento acredita que ter lido (porcamente) Foucault, Sartre e outros infelizes - pois Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Tomás de Aquino é demais para seu espectro doutrinário e espaço cerebral - faz deles "Professores Doutores"? Ler é uma coisa, saber nomes, datas e lugares pouco vale. O que eles jamais aprenderam é o "ato filosófico", a filosofia como método de pensamento, como - desculpem a redundância - "filosofia de vida"; isto não sabem e jamais aprenderam. E eu sei, Olavo de Carvalho me ensinou.
Passada a borrasca de meu tempestuoso contrato com a graciosa Doutora - esta sim, verdadeira "Ph.D", pois sabe e tem propriedade sobre o que fala, embora fraca filosoficamente e carecida de meu auxílio - creio poder falar com conhecimento de causa sobre meu assombro, ao ver-me em um país onde a "elite intelectual" resume-se a um punhado de fraudadores, cujos títulos foram obtidos às custas de abnegados anônimos, que precisavam pagar suas contas ao final do mês.
Esta é a "elite" do pensamento brasileiro? Que desconhece a própria cadeira que ocupa e, eventualmente, leciona? Que jamais mergulhou em noites insones de pesquisa e aprofundamento para escrever seus trabalhos?
Não à toa o Brasil não dispõe de trabalhos citados por nenhuma revista ou publicação científica de valor internacional. Não à toa os candidatos à pós-grado, por exemplo, precisam adequar seus temas às preferências de seus orientadores, pois os mesmos não querem se dar ao trabalho que algo "novo" poderia provocar - e a academia brasileira é avessa ao novo, à divergência, ao embate de ideias.
Que este desabafo seja meu manifesto público de desprezo por tal "elite" acadêmica, reles fraudadores, mentirosos primários e inaptos, mas com muita pose e, alguns, até mesmo com canais no YouTube.
E muita bajulação em torno, cargos vantajosos e dinheiro no bolso também.
Pois este sempre foi o objetivo primeiro de todos eles.
Walter Biancardine
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