segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

ENSINO SUPERIOR: UMA FARSA


Já nos idos de 1984, ao adentrar a seríssima faculdade Bennett no Rio de Janeiro para cursar Arquitetura e Urbanismo (havia no vestibular a prova de habilidade específica, no caso o desenho, e por isso fiquei em 3º lugar), me deparei com uma cena desanimadora: meus colegas dedicavam-se a disputar "guerras de bolinhas de papel", fazendo com que aquele mundo de "adultos" se desmoronasse diante de meus olhos.

Depois, na igualmente seríssima faculdade Cândido Mendes (a da Rua da Assembléia, não a "boate" de Ipanema), ao cursar Direito, tive os ouvidos entupidos por incessante catilinária marxista de professores de sociologia e demais cadeiras, cujo único objetivo não era ensinar mas, sim, nos convencer. E isso, já nos anos 90, fez com que a ilusão da "formação profissional, técnica", evaporasse em minha cabeça.

Atualmente dedico-me a assessorar a confecção de uma tese de pós-doutorado, na qual igualmente observo que a postulante - a qual, por tentar preservar seu nome no mundo acadêmico, não declinarei - vê-se obrigada a curvar-se à ideias e conceitos impostos por seus orientadores, todos marxistas, para que seja aprovada e obtenha sua graduação.

Ironia do destino, a referida doutora disse, tal qual minha mãe - quase profética - falou, no momento em que comentei com ela sobre as decepções acadêmicas: "o que importa é o diploma, vamos esquecer o resto". Dona Dalva assim falou, nos anos 80 e, agora, a doutora repetiu.

E a isso se resume, atualmente, a academia: o papel pintado de diploma.

Nada se aprende, nada se discute - pois será censurado e boicotado - nada evolui. É a estagnação intelectual de um povo, condenado a enxergar o ensino superior nos moldes da "jurisfação" que citei em outros artigos: você não é nada e nem precisa ser, o que importa é o papel.

Assim, é natural que essa perversa dinâmica tenha transformado a faculdade quase em extensão do segundo grau e, pior, a pós-graduação, mestrado e doutorado, em pós-extensões do mesmo.

Fácil é conversar com Doutores cuja limitação intelectual e cultural são evidentes. Causa espanto descobrir que, entre aqueles que alcançaram o topo da escalada acadêmica, tantos sejam verdadeiras farsas e embotados - uma evidente consequência de uma política de ensino verdadeira e deliberadamente assassina de cérebros e intelectos. Um Doutor brasileiro não alcança um bacharel norte-americano - ou um egresso do COF, como eu, esta é a verdade.

Talvez seja tarde e não mais provoque efeitos mas, ainda que ao entardecer da vida, aceitei os velhos conceitos proféticos de minha mãe e a experiência de vida de minha dileta pós-doutoranda: o que vale é o diploma e por isso - e só por isso - persisto em minha licenciatura em Filosofia.

Mas sei que nada terei a aprender, em termos filosóficos.

Ao contrário: deveria, eu, estar ensinando.



Walter Biancardine 





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