No catolicismo, os sacramentos são canais da graça divina que auxiliam o fiel na busca pela santidade e no fortalecimento espiritual. Eles proporcionam um meio tangível de reconciliação com Deus (como na Confissão) e de comunhão com Cristo (como na Eucaristia). Esse sistema sacramental tende a equilibrar a vida moral, reconhecendo a fragilidade humana e oferecendo meios concretos de perdão e renovação.
No contexto evangélico, onde os sacramentos não têm o mesmo papel central e frequentemente são reduzidos a símbolos, há uma ênfase maior na relação direta e pessoal com Deus, mediada pela Bíblia e pela fé. Essa abordagem, teoricamente rica em espiritualidade, pode levar a uma moralidade mais rígida e legalista porque, sem os meios sacramentais de reconciliação e renovação, há uma tendência de buscar segurança espiritual em normas morais claras e rigorosas.
O "excesso moralista" pode surgir como uma tentativa de assegurar a própria salvação ou, mais comumente, de se distinguir do "mundo" de forma visível. Sem os sacramentos, o pecado pode ser percebido como uma falha pessoal, que exige maior vigilância e esforço humano, em vez de uma eventualidade redimida pela graça sacramental.
Por outro lado, devo reconhecer que nem todos os evangélicos são moralistas ou excessivamente rígidos. Muitos encontram equilíbrio em uma espiritualidade centrada na graça e no amor de Deus. Contudo, a ausência dos sacramentos poderá sempre criar um terreno mais propício para o moralismo excessivo, em certos contextos.
Deixo a dica para os que desejarem a ampliação do tema sob forma de tese filosófico-teológica.
Walter Biancardine
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