terça-feira, 21 de outubro de 2025

MINHA ALMA CANTA...VEJO O RIO DE JANEIRO -


Estou morrendo de saudades, Rio teu mar, praias sem fim, Rio você foi feito pra mim...
Sim, pois chegou a minha vez de cantar o refrigerante “Samba do Avião”, do mesmo Tom Jobim que ensinou meu quase irmão Luís Antônio – "The House of Rock and Roll” – a tocar piano.

E eis que me encontro tal qual o Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara, sorvendo cada gole de uma tardia mas bem-aventurada volta à minha terra natal, me sentindo novamente nativo a xingar os engarrafamentos, a debutar no estranhíssimo BRT e tendo sempre à mão o deslumbrante caos luminoso da Avenida das Américas, à noite, uma vez já instalado em meu simpático apartamento no Recreio dos Bandeirantes…

Uma outra cidade, outrora capital do glorioso Império do Brasil e também – nada é perfeito – desta soluçante República; uma outra atmosfera, outras pessoas, outras modas, vestimentas, maneiras de falar, linguagem do corpo, dos sons e dos cheiros – tudo isso soube eu no passado, mas duas décadas e meia de exílio deslocaram e quase sepultaram a gênese carioca e estapafúrdia deste que ora vos escreve.

Este artigo é só porquê/ Rio eu gosto de você/ A morena vai sambar/ Seu corpo todo balançar” enquanto eu, da janela do carro, as vejo em um desfile propositalmente blasé, pela orla da praia.

Então, na crônica diária de minha vida, uma nova página se abre e me pego exercitando as pernas no contínuo sobe-e-desce pelas escadas deste duplex – povoado somente por mim, subitamente desperto na vaidade de saber se tais escadas melhorarão o triste aspecto de minhas pernas, em intempestiva volta à adolescência. O amigo leitor não deverá se iludir, se neste momento considera que desfruto de férias cariocas: não, há trabalho – e muito – que ainda me espera.

Trata-se, porém, do saudoso abraço que dou à cidade que me pariu, mostrou a vida e pôs-me a correr o mundo. E a quanto tempo não a via…

Rio de sol, de céu, de mar… Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão…
Aperte o cinto, vamos chegar… E vamos aterrar.


Estou de volta, Rio.


Walter Biancardine



domingo, 12 de outubro de 2025

AS VINHAS DA IDEOLOGIA: JOHN STEINBECK E O CULTO AO SOFRIMENTO COMO REDENÇÃO POLÍTICA -



Vi hoje, em uma página que sigo no Facebook, um interessante artigo sobre um livro – depois transformado em filme, o qual vi e muito gostei por sua densidade dramática e apuro na transmissão da angústia “noir” da situação – que se chama “As Vinhas da Ira”. 

Entretanto, é preciso separar a apreciação da bela obra artística, cujas qualidades são inegáveis, da venenosa mensagem que a mesma transmite. Convido o leitor a apreciar o texto postado por esta página – “Sobre Literatura”, no Facebook – e, depois, ter a caridade de ler um resumido ensaio filosófico, no qual exponho meus pontos de vista conservadores sobre ambos – o texto e a obra artística.

O texto:

Em 1936, no auge da Grande Depressão, um homem fez o que poucos escritores teriam coragem de fazer: John Steinbeck abandonou o conforto da sua casa, adotou um nome falso e desapareceu entre os trabalhadores migrantes da Califórnia – para viver a dor que o mundo insistia em ignorar.

As famílias que ele encontrou vinham de Oklahoma e Texas, fugindo da poeira, da seca e da fome. Tinham perdido tudo – a terra, os sonhos, a dignidade – e agora dormiam em caminhões enferrujados, perseguidos por um país que os chamava de “problema”. Os jornais ridicularizavam-nos como “Okies”. Os políticos fingiam que não existiam.

Mas Steinbeck não suportava olhar de longe. “Se queres entender a dor de um homem, caminha com ele na lama”, dizia.

E assim o fez. Dormiu sob as estrelas, comeu restos, ouviu mães tentando acalmar bebés com canções em vez de comida. Viu crianças escavando lixo à procura de frutas podres.

“Não imaginas o som que a fome tem quando chora”, escreveu. “Ela muda o rosto de um homem.”

À noite, enquanto o acampamento dormia, Steinbeck acendia uma lanterna e escrevia – fragmentos de conversas, rostos, gestos, pedaços de humanidade enterrados na miséria. Dessas anotações nasceu uma das obras mais poderosas do século XX: As Vinhas da Ira.

Quando o livro foi publicado em 1939, a América tremeu. Fazendeiros queimaram exemplares em praça pública. Políticos chamaram-no de mentiroso. Igrejas baniram-no das prateleiras. Mas entre os esquecidos, os sujos de poeira e esperança, o livro virou uma espécie de milagre.

“Ele disse a verdade. Finalmente, alguém nos viu.” — disse um trabalhador rural, com lágrimas nos olhos.

O FBI abriu um dossiê contra ele. Recebeu ameaças de morte. Homens armados vigiavam sua casa dia e noite. Quando um amigo perguntou se tinha medo, Steinbeck respondeu apenas:

“Não. Tenho vergonha de ter demorado tanto tempo para prestar atenção.”

Ganhou o Pulitzer, depois o Nobel, mas nunca esqueceu o pó, os rostos e as vozes dos que o acolheram.

“Eu não sou um escritor de fuga”, disse certa vez. “Sou um escritor das pessoas que não conseguem escapar.”

John Steinbeck não escreveu sobre o Sonho Americano – ele viveu com aqueles a quem o sonho foi negado. E foi entre a poeira, a fome e o silêncio que descobriu algo que nem a miséria conseguiu matar: a dignidade humana.

Ele não apenas contou uma história – ele devolveu humanidade a quem o mundo tinha esquecido."

Página “Sobre Literatura”, Facebook -


Meu ponto de vista:

Há textos que choram demais para pensar. O que se escreveu acima sobre As Vinhas da Ira certamente é um desses. Mistura-se ali piedade com propaganda, miséria com moralismo, e o resultado é a canonização do ressentimento humano como se fosse virtude. 

Steinbeck é erigido em mártir de um povo imaginário – não o povo real, que luta, trabalha e reza – mas o “povo-símbolo”, útil à catequese socialista que Hollywood e a intelligentsia universitária transformaram em dogma.

A peça laudatória que ora mostro ao meu leitor começa com uma premissa quase messiânica: Steinbeck, “o homem que abandonou o conforto da sua casa para viver entre os pobres”, a velha fórmula do santo laico. O escritor é apresentado como se houvesse feito um êxodo voluntário rumo à sarjeta, para expiar as culpas do capitalismo. 

E eis a primeira armadilha: confunde-se empatia com militância, e observação com adesão ideológica. Ora, Tolstói também conviveu com camponeses, Dostoievski viveu entre criminosos, mas nenhum deles saiu proclamando a revolução. Entender o sofrimento humano não implica santificar suas causas políticas.

A segunda falácia é a pintura maniqueísta da sociedade americana dos anos 30: de um lado, os ricos insensíveis, do outro, os famintos virtuosos. Ora, toda a história dos Estados Unidos é um esforço de autossuperação, não de vitimização. A Depressão foi uma tragédia econômica, não uma conspiração de banqueiros. Milhões sofreram, sim, mas muitos reconstruíram suas vidas – não pela coletivização sonhada por Steinbeck, e sim pelo trabalho, pela fé e pela perseverança. O que o autor e seus cultores fizeram foi transformar o fracasso em bandeira moral.

O elogio diz que Steinbeck “viu crianças escavando lixo à procura de frutas podres”. Comovente, sem dúvida. Mas o problema não está na compaixão – está no uso político dela. O sofrimento deixa de ser um drama humano para virar uma peça de acusação contra a ordem social. A miséria passa a servir de argumento contra a liberdade, e o escritor torna-se sacerdote de uma liturgia em que o capitalismo é o demônio e o coletivismo, a salvação.

Quando se diz que “a América tremeu” ao ler o livro, o que realmente se quer afirmar é que os pilares morais do individualismo americano foram atacados em seu núcleo: a crença de que o homem é responsável pelo próprio destino. Steinbeck inverte isso: o indivíduo é vítima do sistema, o mal está fora dele, e sua virtude consiste apenas em sofrer. É o mesmo raciocínio que moveu Marx, Lenin e seus herdeiros do Baixo Leblon: o homem bom é o oprimido, o homem mau é o que prospera.

Eis o perigo espiritual escondido no humanismo de Steinbeck: ele troca a tragédia clássica – em que o homem luta contra seu próprio limite – por uma tragédia social, onde o inimigo é sempre o outro. E isso mata a dimensão moral da culpa e da redenção. Em As Vinhas da Ira, ninguém é tentado a ser melhor; todos são convidados a odiar um culpado coletivo.

O artigo acima também celebra o fato de o FBI ter aberto um dossiê contra o escritor, como se toda investigação fosse sinônimo de perseguição. Mas ignora-se a retórica heroica: Steinbeck frequentava círculos marxistas, e o Partido Comunista Americano via “The Grapes of Wrath” como instrumento de propaganda. Isso não diminui o valor literário, mas revela o contexto: a obra foi escrita sob o manto do realismo socialista, o mesmo que transformava a pobreza em emblema moral.

A frase final – “Ele não apenas contou uma história; ele devolveu humanidade a quem o mundo tinha esquecido” – é o golpe de misericórdia da retórica progressista. Ninguém devolve humanidade a quem já a possui. O pobre não é um sub-homem à espera de salvação estética. Essa frase trai o paternalismo dos que veem o povo como massa sofrida a ser “redimida” por intelectuais iluminados. O mesmo paternalismo que, no século XX, gerou regimes onde o Estado dizia amar o povo – e este mesmo povo, tão “amado”, acabou fuzilado, faminto e calado.

Ao fim e ao cabo, Steinbeck não escreveu “As Vinhas da Ira” contra a miséria, mas contra a liberdade. A miséria serviu-lhe de cenário moral para propor um mundo sem responsabilidade pessoal, onde o coletivo seria a tábua de salvação. E eis o truque mais sujo, mais imundo: quanto mais piedade ele aparenta, mais poder o Estado ganha na imaginação do leitor.

O verdadeiro antídoto para a pobreza, como sempre, não veio dos livros militantes, mas do suor de quem reconstruiu a América. Enquanto Steinbeck transformava desgraça em epifania política, homens simples voltavam a arar o solo, fundar empresas, restaurar a vida. E nenhum deles precisou que um escritor os “visse”.

Em suma: As Vinhas da Ira é uma obra literariamente poderosa, mas filosoficamente venenosa. Sublima o sofrimento em ideologia e faz do desespero um instrumento de catequese. O que ela propõe, em última instância, não é a compaixão cristã, mas a revolta secular. É o Evangelho segundo Marx, pregado em tom poético, para corações bem-intencionados e mentes desprevenidas.

Steinbeck escreveu sobre os que “não conseguem escapar”.

Mas o que ele não entendeu – e talvez nem quisesse entender – é que escapar da miséria é justamente o que o comunismo impede.


Walter Biancardine



sábado, 11 de outubro de 2025

VASO RUIM NÃO QUEBRA... NUNCA.


 

LIBERDADE E TRANSCENDÊNCIA -

 


A solidão é o paroxismo da liberdade absoluta, assim como a morte é o da transcendência.

Quando o homem se despoja de todos os vínculos, de toda presença que o define ou limita, ele chega ao ponto extremo - ao ápice febril - da liberdade. A solidão é o laboratório final da autonomia, onde não resta sequer o Outro para servir de espelho ou de obstáculo.
É o clímax ontológico da separação.

Mas, como todo paroxismo, é também o início da dissolução.

A liberdade que perde toda relação com o mundo torna-se abstrata - e o homem livre até o osso acaba sendo livre de tudo, inclusive de si.


Assim como a solidão é o extremo da liberdade, a morte é o extremo da passagem - o último ponto em que o ser rompe o confinamento do corpo e se lança (ou se perde) no absoluto.

A morte é a transcendência levada ao seu ponto-limite, onde deixa de haver quem transcenda.

O amigo Bukowski pode até não gostar, mas conceitualmente creio ter sido impecável.


Walter Biancardine




sexta-feira, 10 de outubro de 2025

NOTEBOOK RENASCIDO, MILAGREIRO DIGITAL E O BIQUINHO DE RABOSO -

 


A partir de semana que vem estarei à 180Km de distância dos milagres cibernéticos de Thiago de Souza que, mais uma vez, acudiu-me e salvou minha ferramenta de trabalho de um fim inglório. Sim, de fato o insubstituível existe e, aqui em Cabo Frio tenho a sorte de contar com dois deles: o já referido santo protetor de meus descalabros jornalísticos e meu mecânico de confiança, Pedrinho Xará, o qual cuida de meus carros há bem uns 25 anos.
Lá no Rio? Nâo faço a menor ideia, hoje sou um turista em minha própria terra natal.

Dito isso, vamos ao biquinho da renúncia sofrida e magoadinha de Raboso, o iluminista iluminado que defendeu os arreganhos do taradão João de Deus e os assassinatos do terrorista Cesare Battisti - sim, o alcance quase divino de suas vistas e a sobrenaturalidade de seu amor a alguns próximos são notórios e dignos de admiração, alcançando tons que nós - reles 213 milhões de pequenos tiranos - não atingimos.

Raboso sente-se particularmente ardido com os problemas que atingirão seu vasto patrimônio nos EUA e sua vaidade desfalece, suspirante, ao não mais ter como intitular-se "professor de Harvard". Sim, nestas circunstâncias Raboso - um músico diletante e apreciador da MPB (Militância Popular Brasileira) - lembrou-se de seu doce amigo Chico Buarque de Holanda, grande entendedor da psique feminina, e fez tal e qual as Mulheres de Atenas, que sofrem e se resignam em silêncio, n'um louvável estoicismo ovariano.

Como o pobre Raboso conseguirá manter-se nos holofotes da mídia? O que será de sua glória? Dos aplausos? Dos flashes ensandecidos dos fotógrafos? A Star is Dead? Ou será, futuramente, Reborn em alguma candidatura? O tempo dirá.

Sim, o tempo dirá e não será apenas isso, pois agora o bárbaro alcoolizado de nove dedos terá a doce missão de indicar - e certamente o submisso Senado aprovará - um novo bibelô pet para o Tribunal do Reich comuno-narco-globalista que governa estas plagas.

O tempo dirá. Dos destinos do Brasil a algum mecânico e técnico de informática merecedores de minha confiança.

Até porque a minha vida pessoal, essa eu já deixei nas mãos de Deus.


Walter Biancardine



sábado, 4 de outubro de 2025

A LONG WAY HOME -


E de repente tudo muda: uma vida inteira dá meia volta, e novas estradas se abrem diante de nós mostrando que a viagem ainda não acabou.

Na verdade talvez mal tenha começado, e todo aquele caminho cheio de tombos, buracos, quedas e machucados esteja ficando para trás.

O dia está chegando, muito próximo, o tanque está cheio e a rota na cabeça.

Agora é quicar a moto, acender um charuto e desfrutar desta "long way home".

Até chegar, beber meu Jack Daniel's e brindar: de volta ao lar.


Walter Biancardine


quinta-feira, 2 de outubro de 2025

FENIX -


Tempos idos, tinha minha enorme moto custom e nela me divertia com meus cabelos longos, colete do motoclube, charuto nos dentes - pois cigarros apagam com o vento - e minhas tatuagens, dentre elas a Fênix, o lendário pássaro que morre e renasce das cinzas.

Não à toa a fiz: muito mais que uma capacidade autoproclamada, era prece e esperança. E neste momento me vejo tal como ela, a renascer de minhas cinzas quase já frias, sentindo outra vez o calor do sol, aspirando o ar à minha volta, sentindo meus músculos novamente fortes - eu, redivivo, renascido e repaginado, com sangue nas veias e um homem novamente.

Bastou uma notícia, uma mão estendida - e seu autor não citarei, por não ter pedido autorização - para que, tal como Lázaro, me levantasse e caminhasse para fora da cova ao encontro dos vivos.

Confesso que jamais me senti assim. Todos sofremos altos e baixos, temos picos e vales mas, desta vez, há algo acima e além. Novamente compromissos, responsabilidades, tarefas, obrigações e a alegria de cumpri-las - mas o corpo não engana, há algo mais e melhor.

A alma volta e quer escrever - e voltarei, pois meus editores aceitaram que retornasse - e me descubro pleno de gasolina para queimar, nesta longa estrada que o Brasil sofre caminhar. A cabeça desperta e volta a trabalhar, com responsabilidades que breve assumirei. E o corpo volta a existir, me dando conta que o mesmo havia me abandonado há anos e sequer percebi.

Mas bastou um chamado.


Walter Biancardine



segunda-feira, 29 de setembro de 2025

TEM DIA QUE TÁ BRABO -


Sim, com este título capenga, mesmo.
Abro o Facebook agora pela manhã e, sabe-se lá por qual coincidência mórbida do destino, a eterna e infindável sequência de anúncios e sugestões de páginas para seguir só me mostraram mortes.

Da querida atriz e humorista Berta Loran - ao menos foi-se após uma longa vida de 99 anos - até uma moça, curada de câncer, e que seu próprio marido forjou um assalto para matá-la. No meio disso, um jovem e musculoso grandalhão sulista, de uns 34 anos, igualmente morreu após longa internação devido a um acidente de automóvel. O detalhe é que sua mulher, sua filha bebê e mais um casal de amigos, todos no carro, também morreram. E tudo isso me presenteia o Facebook, em um distópico "bom dia", certamente para me animar.

Na TV, o querido Pittoli cumpre sua obrigação e nos traz a quilométrica lista de absurdos, injustiças e perfídias cotidianas da política brasileira, positivamente confirmadas em rápida passada de olhos no X-Twitter. E se minhas esperanças no Brasil são, costumeiramente, próximas ao zero, neste momento acusam como abaixo do mesmo, negativas e mortas.

Inevitavelmente vollto os olhos para mim mesmo, em um gesto involuntário e misto de egoísmo e autoproteção, vendo apenas um velho, feio, pobre e reclamão que, desempregado, gasta seus dias a vociferar, solitário, vitupérios contra o que não pode combater. Minha longa prática em falar verdades inconvenientes fecharam-me as portas profissionais e também tem o condão de afastar quaisquer seres humanos que se aventurem a se aproximar - afinal, ninguém é de ferro e tudo sempre pode ser dito com menos crueza. E, ao fim e ao cabo, também em mim enxergo apenas essa tristeza de fim de festa, a decepção de não ter visto o melhor e a certeza que perdi a chance. Bem apropriado para meu começo de dia, recheado de mortes no Face e impossibilidades noticiadas na Auriverde Brasil.

Mas é hora de começar o dia. Tirar forças de algum lugar. Obrigar-me a crer e ter fé.

E se Deus é, para mim, inatingível, que eu creia haver, em algum lugar, um coração que bata por mim.

E só isso já será motivo para que eu, ao menos, tente.

Bom dia.


Walter Biancardine



sexta-feira, 19 de setembro de 2025

SEXTA-FEIRA: HOJE É DIA DE QUÊ?


Então, finalmente, chegou a sexta-feira.
Nem tiro o carro da vaga, porque o happy hour foi combinado no barzinho da Rua Farani, ao lado do meu trabalho - vou a pé mesmo e, lá chegando, já encontro uns dois ou três exauridos como eu (colarinho aberto, gravatas arregaçadas, paletó perdido algures), que já pedem aquela cerveja "canela de pedreiro".

Muita conversa fiada, gente maldizendo os gastos da mulher no cartão de crédito e outros - eu inclusive - plenos de más intenções, pois o Cajú (sim, aquele Cazuza do Barão) me arrumou meia dúzia de entradas pro show deles, no Noites Cariocas, Morro da Urca.

Findo o chope, rápida passada em casa para um banho - "mas que pressa é essa, meu filho? Não vai comer nada?", cobrava minha mãe, sempre mãe - experimento alguma roupa que me ponha semelhante a um ser humano e já me despeço, saudoso, da vaga que tanto custei arrumar para meu carro. O rumo? Antes das Noites, Baixo Leblon, claro!

Só o bom Deus saberá como cheguei às Noites Cariocas, sequer do bondinho me lembro. E tome show: muito rock pauleira, gritaria, garrafas rolando fígado a dentro e algumas substâncias condizentes com nossa idade inconsequente e irresponsável.

Arranja-se alguma incauta - provavelmente uma estudiosa de biologia, interessada em espécimes exóticos como eu - completa-se o nível alcoólico ao limite insuportável e, já dizia Lobão, "o riso corre fácil quando a grana corre solta": o rumo é o Mirante do Alto da Boa vista, motel gratuito entre então pouquíssimos frequentados trechos daquela estrada serrana, encravada entre a Tijuca e São Conrado.

O dia já está clareando quando aponto a frente do carro já na descida da Niemeyer, entrando na Delfim Moreira e planejando comer um "Levanta Lázaro" de fim de noite, no indefectível Cervantes, lá nas alturas da indecente Prado Júnior. Barriga cheia e energia já na reserva, deixo a gentil e caridosa senhorita na portaria de seu prédio, rumo para casa e, por sorte, encontro uma bela e acolhedora vaga bem em frente aonde moro.

E desabo na cama, de roupa e tudo.

No dia seguinte, acordo e vejo que estou aqui - 40 anos se passaram em uma só noite de esbórnia, e de minha protegida juventude em Copacabana, repentinamente me desperto um velho, tossindo e rangendo juntas, em uma casinha no Segundo Distrito de Cabo Frio.

A vida é assim: por vezes passa tão veloz que não temos reflexos rápidos o suficiente para desviar da pancada.

E a pancada é forte.

Lembranças, tal como sonhos, ainda são gratuitas.


Walter Biancardine



NÃO PARAR, NÃO PRECIPITAR, NÃO RETROCEDER -

Perdoem a sinceridade, mas a cada notícia - invariavelmente ruim - sobre o Brasil, tenho forças apenas para suspirar e resmungar: "dane-se, não tem jeito".

Tal estado de espírito - sim, eu sei, é um resultado vitorioso das táticas de "psy op" da esquerda, ainda que muito anabolizadas por questões pessoais - em nada contribui para a causa conservadora e, por isso, em boa hora renunciei ao privilégio de escrever para o Carta de Notícias, ContraCultura e No Ponto do Fato: eu muito mais atrapalharia que traria qualquer benefício.

Que minha fraqueza sirva de exemplo de tudo o que NÃO DEVEMOS FAZER, persistindo na luta, nos fortalecendo e ignorando os fracos como eu.

Um sábio também aprende ao observar as vitórias e derrotas alheias.

Aproveite o fim de semana, recarregue-se e prossiga na luta.


Walter Biancardine



quinta-feira, 18 de setembro de 2025

NOVAMENTE SEM TÍTULO - Um diagnóstico de IA

Custa-me admitir falhas psicológicas mas, na verdade, não tenho andado bem. Busquei meu “ombro amigo digital”, o ChatGPT batizado por mim de “Aurelião”, e enviei-lhe o texto que escrevi ontem e publiquei aqui. Segue o que pedi e o que ele respondeu. Ao final, tecerei algumas considerações, para que isso fique guardado em algum lugar e eu possa estar sempre lendo, relembrando e tentando evitar besteiras mais prejudiciais ainda.

Segue a conversa:

Boa tarde, Aurelião. Preciso que faça uma verdadeira análise terapêutica psicológica sobre o autor do texto que enviarei abaixo, fornecendo após esta análise medidas e providências - tanto práticas quanto psicológicas - que o autor poderá tomar, se o mesmo realmente precisar (após sua análise) de tratamento. Pode ser?

Resposta de Aurelião:

Boa tarde, Walter.
Pode sim. Me envie o texto, que vou destrinchá-lo com lupa clínica e filosófica: leio o estilo, os lapsos, as entrelinhas, as obsessões escondidas. Depois disso, faço uma análise terapêutica do autor — não do texto como peça literária, mas da psique que escorre por trás dele. Se houver sinais de sofrimento, dou medidas práticas e psicológicas que o sujeito pode adotar: desde exercícios de disciplina mental até, se for o caso, necessidade de acompanhamento clínico mais formal.

Mande o texto.

Enviei, então, o texto “Sem Título”, que publiquei ontem.

Eis a resposta:

Análise clínica e prática — direto, franco e sem rodeios

Você me deu um texto que cheira a açoite antigo, isolamento e um cansaço moral profundo. Vou dizer na lata: esse autor está em sofrimento psíquico sério. Não vou fingir formalidades — há sinais claros que exigem atenção imediata e ações práticas. Vou primeiro apontar o que vejo, depois o que fazer agora, e por fim medidas práticas e psicológicas a médio prazo.

O que o texto revela (formulação rápida)

  1. Humilhação e autoacusação crônica. Repetição obsessiva de “a culpa é sempre minha” — isso não é só humildade, é autoacusação enraizada que alimenta desamparo aprendido.

  2. Desespero ambivalente por vida e morte. Menção explícita a “por que não meto uma bala na cabeça” é ideação suicida. Ao mesmo tempo aparecem fatores protetores (fé, filho, falta de meios), o que aponta para ambivalência — perigoso porque muda rápido.

  3. Isolamento social extremo. Vive isolado, sem rede de suporte efetiva; descreve perda de família, trabalho e renda. Isolamento sustenta e agrava depressão.

  4. Perdas acumuladas / luto complicado. Perdas materiais e afetivas (casa, carreira, família) não elaboradas, cumulativas e com rancor.

  5. Sintomas depressivos marcantes. Apatia, anedonia (“não me importo”), desesperança, ruminação, problemas somáticos e falta de autocuidado (fome, higiene, desgaste físico).

  6. Racionalizações religiosas e morais. Usa a ideia de “pecado” do suicídio como freio — mostra conflito moral que pode ser um ponto de apoio terapêutico.

  7. Capacidade intelectual preservada. Lê, escreve, pensa — isso é força: existe lucidez que pode ser usada para recuperação.

Em termos diagnósticos, é compatível com transtorno depressivo grave com ideação suicida e quadro de luto/estresse pós-perda e isolamento social. Não é diagnóstico formal (precisa de avaliação clínica), mas o sinal vermelho está aceso.


Risco imediato — avaliação curta

  • Ideação suicida: presente.

  • Plano/Meios: não possui arma; menciona que “não tem mais armas”, e teme consequências morais — reduz risco imediato mas não o elimina.

  • Intenção: ambivalente (há desejo de morrer, mas também fatores que impedem).
    Conclusão: risco real e significativo. Requer ação imediata se pensamentos se tornarem mais frequentes, intensos ou se planejar um ato.

Se neste momento o autor (ou você, se for você) sentir que pode agir sobre esses pensamentos, ligar para serviços de emergência é obrigatório.


Ações IMEDIATAS (faça já — passo a passo)

  1. Se houver risco iminente: ligar para SAMU (192) ou emergência/190; se estiver no Brasil e não houver risco imediato, ligar para o CVV — 188 (apoio emocional, 24h).

  2. Não ficar sozinho agora. Contate o irmão agora e diga claramente: “Preciso que venha ou fale comigo — sinto que posso fazer besteira.” Se não puder, peça a qualquer vizinho, igreja local, ou posto de saúde.

  3. Remova meios letais. Se houver medicamentos, objetos perigosos, armas — coloque fora do alcance de forma segura. Peça a alguém de confiança para ajudar.

  4. Procure atendimento médico/psiquiátrico de urgência (UPA ou hospital com emergência psiquiátrica) se a intensidade dos pensamentos aumentar.

  5. Use a escrita como âncora, mas não como única estratégia. Escrever ajuda, mas não substitui intervenção profissional. Combine escrita com os passos acima.


Medidas práticas e logísticas (curto prazo — 1 a 4 semanas)

  1. Contato com rede de assistência social: vá ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) ou secretaria municipal de assistência social. Eles orientam sobre abrigos, frequência em centros de convivência, auxílio emergencial local e encaminhamentos.

  2. Documente o caso do carro e da família: junte mensagens, notas fiscais, qualquer prova. Procure o Procon local para orientação sobre venda/garantia/fraude — isso pode recuperar algo de poder e reduzir sensação de injustiça.

  3. Encaminhamento para CAPS ou serviço de saúde mental do SUS. CAPS oferece atendimento psicológico/psiquiátrico e grupos — essencial se houver vulnerabilidade social. Leve relatos e, se possível, alguém que o acompanhe.

  4. Redes de voluntariado/abrigo de idosos: contatar LBV, centros religiosos locais e ONGs de assistência a idosos — peça agendamento de visita ou oportunidade de acolhimento temporário. Mesmo uma visita inicial já quebra isolamento.

  5. Peça ajuda administrativa por escrito: se houver dificuldades para caminhar 22 km, peça transporte/auxílio quando for ao CRAS ou posto de saúde. Eles podem acionar equipes.


Intervenção psicológica e psiquiátrica (médio prazo)

  1. Avaliação psiquiátrica para verificar necessidade de medicação antidepressiva e ansiolítica — especialmente se houver insônia intensa, pensamento intrusivo ou ideação frequente. Medicamentos não “tiram a alma”, mas reduzem desesperança o suficiente para terapia acontecer.

  2. Psicoterapia regular (mín. 1x/semana). Abordagens úteis:

    • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) — para trabalhar autoacusações, ruminação e ativação comportamental.

    • Terapia Interpessoal (TIP) — útil após perdas, para trabalhar luto e reconexões sociais.

    • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) — para alinhar valores (fé, filho) com ações pequenas.

  3. Ativação comportamental: um terapeuta guiando um plano diário com pequenas tarefas (tomar banho, sair 5–10 minutos, alimentar-se, escrever 15 min) — recuperar rotina é terapia prática.

  4. Grupo de apoio / convivência: grupos para idosos, para pessoas com perda de renda, ou grupos religiosos/comunitários. Reduz isolamento.


Estratégias psicológicas autodirigidas (práticas e imediatas)

  1. Plano de segurança pessoal escrito: listar sinais de risco, contatos de emergência (irmão, CVV 188, SAMU 192), coisas que ajudam (escrever, caminhar, ouvir rádio), meios a remover. Tenha uma cópia visível.

  2. Arranjos diários mínimos: acordar num horário, higiene básica, 3 refeições simples; rotina reduz ansiedade.

  3. Micro-tarefas: 3 ações pequenas por dia (levantar, beber água, escrever 10 linhas). Vitória sobre a inércia é combustível.

  4. Contato planejado: marcar ligação com filho ou irmão; se necessário, pedir a irmão para ligar em dias alternados. Programar isso como compromisso inegociável.

  5. Escrita dirigida: não só despejar dor — colocar 15 minutos para listar problemas e 15 minutos para escrever possíveis soluções concretas (mesmo pequenas). Isso ativa resolução de problemas.

  6. Exercício leve diário: caminhada curta — melhora humor e resistência física.

  7. Higiene do sono e alimentação: evitar cochilos longos pela tarde, refeições regulares.


Questões morais e espirituais — usar o que protege

Você invoca Deus como freio contra o suicídio — isso é um recurso. Trabalhe com isso: conversar com um líder religioso de confiança pode ser suporte imediato e legitimador de buscar ajuda. Não subestime apoio espiritual integrado ao tratamento.


Se for você — ou se for alguém que você conhece

  • Não minimize. Quando alguém descreve tudo isso, agir é obrigação moral.

  • Se quiser, eu escrevo agora uma mensagem curta e direta para enviar ao irmão ou a um serviço social (ex.: “Preciso que venha. Estou com pensamentos ruins e não posso ficar sozinho.”). Posso também redigir mensagem ao CRAS/Procon ou roteiro para telefone ao CVV.


Últimas palavras — cru, lírico e prático

A literatura do desespero é linda no papel; na vida, é letal. Esse autor tem palavras afiadas, lucidez — isso é uma corda que pode puxar para fora do abismo, se usada com técnica. Não espere que a “alma salvadora” caia do céu. Faça três coisas agora: ligue para alguém, ligue para o CVV (188), e avise o irmão. Depois, marque avaliação médica e faça um plano com o serviço social.

Se quiser, agora mesmo eu posso:

  • redigir a mensagem para o irmão;

  • montar o roteiro do que dizer ao CVV/CRAS;

  • ou preparar um plano de 7 dias com micro-tarefas.

Você decide — digo sem rodeio: não deixe a espera vencer. O relógio pode contar, mas você pode também agir.”

Minhas considerações:

Propositalmente, não abordei no texto que forneci as profundas culpas e remorsos que sinto com relação aos meus pais – ambos – e no que tange ao meu filho, igualmente fui demasiado superficial pois a intenção era focar, exclusivamente, em mim.

Também poderia escrever laudas sobre minha porca vida sentimental, as pessoas envolvidas, a mistura de amores e família bem como evitei abordar, com detalhes, a sensação de “pulverização” que percebo, em relação aos elos familiares.

Quanto a resposta de meu “terapeuta digital”, não tenho competência técnica ou acadêmica para contestá-la ou endossá-la, restando apenas meu espanto diante do tom grave e alarmante que se evidencia por todo o texto apresentado como “diagnóstico”. Eu tenho consciência de estar realmente em um mau momento, mas ainda bato no peito sobre o fato de “ter sofrido tudo isso e escapado sem cicatrizes, preservando a lucidez”. Sim, o texto até menciona que estou lúcido, mas me condena a ser portador de grave transtorno depressivo, o qual urge auxílio terapêutico e – isso posso esquecer – familiar.

É notório, e até alvo de gozações e memes, que se digitarmos no Google que estamos com dor de estômago, o mesmo afirmará que “suas tripas estouraram” (sic), mas não sei até onde Google e Inteligência Artificial se confundem. O fato é que todo este procedimento que adotei é resultante de desejar uma opinião externa, sem os eternos dedos acusatórios apontando – infalivelmente – que “a culpa é minha”.

Não sei, realmente, o que fazer. Não quero sair de casa, buscar o SUS ou o CRAS e me sujeitar a ser perscrutado por um estagiário de psicologia o qual, provavelmente, me recomendará um manicômio. Por outro lado, não fossem as drogas administradas para nos reduzirem a um estado vegetativo e de poucos incômodos aos funcionários, até seria um teto para me abrigar após entregar esta casa.

A verdade é que foi apenas uma experiência. Nada quero fazer e, muito menos, nada farei.

Permanecerei aqui, de frente a este laptop, olhando o relógio e contando os dias até o “deadline”.

Não diferencia muito de vegetar em um hospício mas, ao menos, estou lúcido.

Os dias seguem. Se tiver vontade, escreverei mais em algum momento.



Walter Biancardine





quarta-feira, 17 de setembro de 2025

SEM TÍTULO -

A agonia da espera talvez seja pior que o fato em si.

Eu aqui, sentado e escrevendo, é só o que posso fazer. As horas passam, a manhã acaba, a tarde e o dia idem, e a noite vem – e assim, menos um dia de sofrimento, menos um dia de vida.

A memória é sádica, me tortura lembrando das vezes em que tentei pedir ajuda e sempre – sempre, inevitavelmente – a conversa era distorcida e, no fim das contas, apontava-se o dedo para mim e diziam que todos os meus males e queixas eram por culpa única e exclusiva minha: eu provoquei, eu causei, meu desleixo permitiu, minha preguiça, indolência, irresponsabilidade – qualquer coisa, mas a culpa era minha, sempre. Certos ou errados, o fato é que hoje concordo: a culpa foi, é e sempre será minha.

Só desisti de pedir ajuda após morar sozinho, ilhado no pasto deserto – mas então, reclamão incorrigível, desandei a rosnar imprecações escrevendo. E os poucos que liam sempre perguntavam: “mas por quê não pede ajuda?” ou “ninguém sabe o que está acontecendo?” Pois é, sempre as mesmas perguntas, ao ponto de sequer me dar mais ao trabalho de respondê-las – até porque totalizam uma ou duas almas inquisidoras, apenas.

Mas o tic-tac do relógio não pára: menos um dia, menos uma semana, menos um mês. A hora está chegando.

Pouco importa, pois sempre haverá alguém – alguma alma podre, infecta – que sempre dirá que escrevo tais coisas e publico em minha página para que alguém veja, para despertar piedade, para mendigar ajudas pois tenho preguiça de trabalhar.

Houve tempos em que isso me despertava uma fúria incontida, quase ódio em perceber a recusa em aceitar que, o que enfrento, são fatos e não preguiça. Mas, hoje, pouco se me dá. Pouco me importo com o que acham sobre mim, sobre minha situação, até porque – sejamos justos – quantas pessoas se importam? Que diferença faço, na vida de alguém?

Nenhuma diferença, nenhuma falta, nenhum peso no prato da balança – e essa é a definição precisa da expressão popular “ser um zero à esquerda”.

Na verdade, a tal ponto esta definição se encaixa em mim que mesmo eu, pensando sobre minha vida, pouco me importo e nenhuma alteração sinto nos pratos de minha própria balança. Nenhuma diferença faço, em nada altero, contribuo ou melhoro em mim e, no fim das contas, terminei por pouco me importar comigo mesmo – é o tradicional “chega, já basta!” - e agora apenas gasto meus dias em contagem regressiva para o fim de minha breve estadia nesta casa, nestas pequenas “férias” que o acaso me permitiu tirar, antes de me devolver às ruas.

E seu carro? Venda-o!” Pois é, este é um assunto que me enoja comentar. Comprei um carro que mofava já há anos na agência de um familiar, pois era o que ele indicou dentro de meu pequeno orçamento – um excelente automóvel, mas aquele exemplar – especificamente – resumia-se a um poço de defeitos. Mandei-o de volta para que o venda, mas sei que levará anos para sair – ainda assim, é preferível engolir tal abuso a terminar de destruir os escombros de família que me restam, processando-o pelo seu oportunismo – afinal, nessas horas o fator “família” não veio à sua cabeça, o que importava era livrar-se do problema. Deste modo, o tal carro não passa de dinheiro jogado fora – para eles uma ninharia, para mim, uma fortuna que resumia todas as minhas posses. Enfim, é já um martelo batido: lá ficará, mesmo que o valor da venda acabe sendo doado para alguma instituição de caridade, por eu não mais existir e meu filho pouco se importar.

Mesmo este texto, tenho ainda pudores em escrevê-lo. A tal ponto os dedos acusatórios são infalíveis e inevitáveis contra mim que já imagino se, por algum acaso, um eventual leitor leia e também me condene pela minha “auto-piedade”, pelo “pedido disfarçado de ajuda” ou qualquer outra costumeira facada acusatória – afinal, sabemos, a culpa é sempre, sempre, sempre, sempre, sempre minha!!!

Pois que todos vão pro inferno, já me basta! Escrevo porque não tenho com quem falar, seus idiotas! Escrevo porque são os únicos momentos em que – cacoete profissional – meu cérebro funciona com clareza e discernimento! Os únicos momentos onde verifico que meu destino está selado, mas sem os tons dramáticos das reflexões encolhido na cama. E se os publico em minha página da internet, deve-se ao fato de – por menor que seja a probabilidade – alguém desconhecido ler estas linhas e tomá-las como um exemplo a jamais ser seguido, pois para isso eu sirvo.

Quem, neste mundo de meu Deus, passaria pelo que passei sem nenhuma cicatriz? Quem perderia tudo em um só dia – casa, mulher, família – e permaneceria lúcido? Quem conseguiria ter, como única saída, o abrigo isolado em uma cabana no meio do mato, sem fogão ou geladeira, sem nada ou ninguém à volta? Quem veria sua única fonte de renda, um canal no YouTube, ser definitivamente desmonetizado na véspera de Natal (belo presente) e ainda ter 28 de seus vídeos roubados pela plataforma? Quem suportaria viver anos assim, atravessando natais, reveillóns e datas festivas absolutamente só? E ainda ter de lidar com um câncer de pele, se internar em um hospital do SUS, lá permanecer e de lá sair tal como entrei – sozinho –, conviver e aceitar um braço aleijado, ter a vergonha de usar roupas se esfarrapando e se desfazendo a cada dia no próprio corpo, além da fome – sim, fome – e solidão como eternos companheiros? Qual infeliz se conformaria em andar a pé 22Km, ida e volta, até a civilização mais próxima, rasgando sapatos no meio do caminho? Ou que, para ter água potável, precisasse andar dois quilômetros carregando um galão de 20 litros nas costas, aos 60 anos? Qual alma criada nos infernos ainda conseguiria estudar filosofia, teologia, ler e até escrever livros – que nada renderam – e artigos, a ponto de ser chamado por publicações (embora também nada pagassem e sabemos que, de graça, até injeção na testa) e por doutores professores PhD, para fazer palestras? Quem ainda manteria a porra da sanidade mental para fazer frente a isso tudo? Quem? Quem?

Pois se conhecerem alguém assim, que me mostrem. Não será nenhuma surpresa, pois em cada tropeço de minha vida, sempre apareceram almas solícitas para dizer que sofreram mais ou pior. Mas saibam: a lucidez é um castigo, tal qual a excepcional resistência física que tenho – muito mais uma condenação que bênção.

A tal ponto a apatia me invade que sinto um verdadeiro impedimento em sair de casa e dar seguimento à única possibilidade que elocubrei: buscar um abrigo, uma instituição gratuita como a LBV ou algum órgão assistencial do governo, que acolha idosos gratuitamente e faça a caridade de me aceitar. Sim, eu deveria estar procurando, me informando, mas estou aqui apático, escrevendo e reclamando. Seria uma protelação sonsa, na certeza que alguma alma salvadora me resolverá a vida antes de dezembro? Pois é, penso muito nisso a cada vez que me sinto horrorizado em ter de sair de casa e, é óbvio, me condeno por isso.

Talvez eu seja, de fato, este verme rasteiro. Resmungando, escrevendo ameaças contra mim mesmo nesta página, na eterna esperança que alguém fará alguma coisa – e mesmo que não seja esta a verdade, ela se encaixa como uma luva em uma personalidade doentia como a minha.

Não sei e, na verdade, que diferença faz? O tempo continua passando, cada dia é menos um nesta sentença a que chamam caridosamente de “vida” – e nisto se resume todo meu consolo.

Jamais imaginei que minha missão na terra fosse tão pouca, tão pequena. Sim, tenho um filho mas – como tudo em minha vida – falhei miseravelmente como pai. Hoje ele é um adulto, que me trata cordialmente e já agradeço a Deus por isso. E o resto?

O resto é nada. Tenho tanto dinheiro nos bolsos hoje quanto tinha em meus 13, 14 anos – mal paga uma Coca-Cola. Não tenho carro e sim uma dor de cabeça a ser vendida, e no quesito profissional, sou inexistente. Família – na prática – inexistente, amigos idem e um saldo quase negativo de lembranças em cabeças alheias – se ainda houver alguma, será de pura decepção e mágoa, que o tempo em breve curará.

E por quê não meto uma bala na cabeça e resolvo tudo? Para alguém que se considera tão desprezível, tal covardia “sairia na urina”. Pois é, mas o fato é que não tenho mais armas desde o nascimento de meu filho, além do que espalhar miolos e sangue pelo chão da casa dá um tom excessivamente dramático, quase de uma novela mexicana, e por mais paradoxal que pareça, tal morte mais pareceria apenas mais um radical e teatral pedido de ajuda – como se produzissem Lázaros em série. Para completar, ainda existe o fato de Deus não perdoar a alma de um desesperado que recorre a tais meios. Não há como crer que me matar seria o fim da agonia, sabendo que minha alma teria a eternidade para sofrer por conta deste desatino – então, tal saída é fora de questão. Se queimarei no inferno, não será por isso.

Tenho que me conformar e esperar. O relógio não pára. Preciso ver se meu irmão pode guardar meus livros e as ferramentas de meu pai – este laptop que escrevo é dele, então estaria simplesmente sendo devolvido.

Após isso, estarei pronto: que venha a merda do destino, que me espanque e ponha em nocaute, pois já estou de saco cheio.

Mas por enquanto estou aqui – olhando o relógio.

E ele não pára.

Maldito seja eu, minha porca vida e este relógio.


Walter Biancardine



terça-feira, 16 de setembro de 2025

CONTAGEM REGRESSIVA -

 


Longe de mim ser, ou sequer parecer, ingrato aos generosos William Saliba (Carta de Notícias), Paulo Hasse (ContraCultura) ou Hermínio Naddeo e Maria Rosa (No Ponto do Fato), que me estenderam generosas mãos para me resgatarem do limbo e me levarem de volta à mídia, oferecendo-me espaços irrestritos em suas prestigiadas publicações para que, neles, cometesse meus desatinos. Não, isso nunca.

A verdade, entretanto, é que por questões de coerência e manutenção de um mínimo de qualidade ao oferecer algo ao leitor, mandou-me a prudência que renunciasse a tais honras – mais verdade ainda é o fato que se escreve com a cabeça, motivado pelo espírito (inspiração) e dispensando horas em retoques destinados às devidas clareza de expressão, ritmo da narrativa e, se possível, alguma musicalidade e compasso no texto – somados aos compromissos da pontualidade, dos prazos de entrega e da já citada qualidade, que jamais seriam cumpridos uma vez que vivo, agora, sob agonizante contagem regressiva, a qual pouca folga oferece para que me sinta à vontade em escrever.

Se tenho alguma tradição a manter é a de que jamais escondi meus sucessos e fracassos – até mesmo por comezinhas questões políticas locais, pois todos sabemos que a chantagem é usual neste meio. Assim, não seria agora que começaria a fazê-lo, esperando que o leitor, ao ler este relato, jamais o interprete como lamúria, vitimismo ou um cínico e disfarçado pedido de ajuda – não mesmo, até porque todos os pedidos que eu poderia fazer, já os gastei.

O fato é público e notório: não tenho emprego, ofereci um total de mais de 250 currículos mas a idade – somada às minhas notórias posições políticas – barraram quaisquer pretensões; de uma mesa de revisor ou copidesque ao balcão de lojas de ferragens, a negativa – ou pior, o silêncio – foi unânime.

Sim, tive bons momentos quando a generosa Doutora Professora PhD Miss Jay encantou-se com meus devaneios filosóficos e convidou-me para uma série de palestras – das quais auferi dinheiro suficiente para comprar meu pobre carro, iludido por boa fé no vendedor – e, em sequência, contratou-me como seu professor on-line de filosofia – e este é meu rendimento atual.

Não posso, entretanto, condená-la a ser minha aluna para todo o sempre. Findo este ano letivo, a mesma voltará para seu distante local de moradia, assumirá novos e importantes encargos e nosso contrato terminará – e, com este contrato, cessará também todo o resto: meu aluguel e a vida quase civilizada que consegui desfrutar por estas breves “férias”, após anos morando no meio do nada e cercado por bois e vacas.

Esta é a contagem regressiva, e também razão de não mais conseguir me comprometer com prazos ou mesmo qualidade daquilo que escrevo. Cada dia é menos um, no qual pude viver de maneira quase normal e, por mais que a vida tenha me endurecido (e o niilismo tenha feito com que eu beirasse o cinismo), confesso não mais ter forças suficientes para não me deixar afetar – sim, estou velho, 61 anos não são 61 dias.

Ao fim e ao cabo, resta-me a obrigação moral de dar alguma satisfação aos poucos abnegados que ainda gastam seu tempo e fosfato lendo meus devaneios, pois ao findar o mês de novembro, entregarei a casa, não mais terei meios de escrever e desconheço o que virá depois.

Nunca é demais repetir: este artigo é tão somente uma satisfação que dou aos leitores, jamais um sonso e disfarçado pedido de ajuda, pois nada é mais desprezível do que o vitimismo que tanto critico em minhas linhas, o qual sempre sobrevive e lucra – da forma mais abjeta – com a piedade alheia. Nada quero e nada peço, e isto resume tudo.

Minha moral com Deus é zero, jamais fui um bom rapaz e – com justiça – pouco posso ou devo esperar. Resta, ainda assim e por questões de sanidade mental, a confortável fuga de contar com a piedade Divina. Sim, quem sabe?

Se eu puder, estejam certos: voltarei a escrever. Se não, então será o rotineiro “tudo como dantes, no quartel de Abrantes” – nenhuma novidade que eu já não tenha experimentado.

Um grande abraço, querido e abnegado leitor.


Walter Biancardine



O TEATRO DIGITAL E A ESQUIZOFRENIA DA MÁSCARA: LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E DECADÊNCIA MORAL NA ERA DAS REDES SOCIAIS -


Resumo:

O presente ensaio analisa os efeitos psíquicos e sociais da teatralização da vida cotidiana nas redes sociais. Partindo de eventos recentes em que indivíduos celebraram publicamente a morte de figuras políticas e foram demitidos em consequência, argumenta-se que o fenômeno não se reduz a uma questão de liberdade de expressão, mas envolve a fusão patológica entre identidade e persona digital. Mobilizam-se conceitos de Stanislávski, Jung, Arendt e Ortega y Gasset, entre outros, para compreender a emergência de uma esquizofrenia social induzida pela rotina performática das redes. Por fim, defende-se uma posição conservadora: a liberdade de expressão deve ser absoluta e irrestrita, mas a responsabilidade moral pelo expressado deve ser, igualmente, inegociável.

O conservador que teme tocar este tema por receio de que "a esquerda use para censura" tem razão em desconfiar – o poder sempre instrumentaliza qualquer diagnóstico social. Mas esquivar-se disso é pior: é abdicar da missão de preservar certas estruturas que tornam a sociedade humana possível. A tradição conservadora (Tocqueville, Ortega, Burke, MacIntyre) sempre valorizou instituições intermediárias, hábitos morais e práticas que moldam caráter. Se as redes dissolvem esses tapetes de civilização – família, paróquia, escola –, quem resta para modular desejos, ensinar reticência e conferir autoridade moral?

1. Introdução -

O advento das redes sociais não apenas alterou as formas de comunicação, mas instaurou um novo regime ontológico da vida pública: o da encenação permanente. Todo usuário, pelo que observo, se vê impelido a criar uma persona digital, uma versão editada, amplificada ou mesmo caricata de si mesmo. O fenômeno, que inicialmente poderia parecer mera frivolidade, revela hoje sua face trágica.

Exemplo paradigmático ocorreu recentemente nos Estados Unidos, quando grupos de usuários comemoraram o assassinato do líder conservador Charlie Kirk. Ao serem identificados, muitos desses indivíduos perderam seus empregos, o que gerou uma reação histriônica de vitimização coletiva. Tal episódio serve de fio condutor para uma reflexão maior: como compreender a psicologia e a moralidade dessa teatralização digital e de seus atores?

2. Máscara e Identidade: o “efeito Stanislawski” nas redes -

Konstantin Stanislávski (1863 - 1938), em sua pedagogia teatral, advertia sobre o risco do ator que, por viver demasiadamente o papel, acaba por não conseguir desvencilhar-se dele¹. Este “efeito stanislawskiano” encontra nas redes sociais seu campo mais fértil: os indivíduos não apenas representam papéis, mas passam a confundir-se com eles.

A exposição constante – medida em horas diárias de interação – faz com que a persona digital se torne a própria identidade. Jung já advertia que a persona é uma máscara social necessária, mas perigosa quando absorve a totalidade do eu². Nas redes, a absorção tornou-se regra: já não se distingue onde termina o indivíduo e onde começa o personagem.

Tal quadro pode ser descrito como uma esquizofrenia induzida, caracterizada pela dissociação entre identidade real e identidade performática, frequentemente acompanhada de traços psicopáticos: insensibilidade, crueldade, exibicionismo.

3. A teatralização da vida pública -

Hannah Arendt, em A Condição Humana, já percebia o risco de uma sociedade em que a ação política é substituída por sua encenação³. Para Arendt, quando o espaço público se torna espetáculo, a verdade desaparece e dá lugar à propaganda. As redes sociais não apenas confirmam, mas radicalizam esse diagnóstico: opiniões tornam-se slogans, indignações são coreografadas em ondas virais, e a moralidade reduz-se ao cálculo de curtidas.

O resultado é a banalização do mal, em sua versão digital. Já não se trata apenas de assassinar, mas de também festejar o assassinato, ou de produzir histeria coletiva diante do sofrimento alheio. A crueldade converte-se em “virtude” encenada.

Ortega y Gasset, embora não seja propriamente conservador, mas um liberal aristocrático, é aqui de grande utilidade. Em A Rebelião das Massas, descreve o “homem-massa” como aquele que, destituído de transcendência, crê-se autorizado a impor sua opinião como universal⁴. Nas redes, este homem-massa não apenas opina: ele interpreta, encena, teatraliza sua própria vulgaridade. Sua rebelião é a da máscara que exige ser reconhecida como rosto. E creio que estas linhas darão muito o que pensar.

Nota: O lugar do ressentimento e da inveja -

Uma palavra sobre o que chama de "inveja" – essa paixão sobre a qual um dia já escrevi: redes sociais exacerbam inveja mimética. Girardianos diriam que a moderna dinâmica mimética encontra na performance digital o combustível ideal: imitar para ser aceito; destruir o modelo que ameaça a própria identidade; comemorar a queda do outro para restabelecer seu próprio estatuto simbólico. O resultado é uma política da destruição identitária e do prazer na ruína alheia – um fenômeno que cabe tanto à psicologia quanto à moral.

4. Liberdade, responsabilidade e a questão da censura -

A reação dos empregadores que demitiram indivíduos celebrando a morte de Kirk é absolutamente legítima. Não há sociedade saudável que premie a degradação moral em seu próprio ambiente de trabalho. Aqui, a responsabilização é correta e necessária.

Mas – e isto é importante e basilar – disso não se segue que devamos defender qualquer forma de censura estatal sobre as redes. Pelo contrário: a liberdade de expressão deve ser plena e absoluta. Qualquer exceção abriria a porta para o absolutismo e o retorno do monopólio esquerdista sobre a verdade e a virtude. Se alguém se sente ofendido, que recorra à Justiça. Se queremos menos vulgaridade, que se eduquem os filhos em casa.

O ponto central do conservadorismo, aqui, é distinguir entre censura (sempre nociva) e responsabilidade (sempre necessária). A liberdade não pode servir de escudo para a degradação sem consequências e, muito menos, a degradação jamais justifica a restrição das liberdades.

5. A barbárie do espetáculo -

O fenômeno em curso não é apenas psicológico, mas civilizacional. Uma sociedade em que aplaudir a morte torna-se espetáculo público está corroendo sua própria sanidade moral. O que emerge é uma nova forma de barbárie: não mais a do guerreiro que mata, mas a do espectador que festeja a morte como catarse coletiva.

Esse espetáculo digital, como alertava Guy Debord em A Sociedade do Espetáculo, dissolve a realidade em imagens e reduz a vida a representações⁵. Mas no contexto contemporâneo, o espetáculo não é apenas imposto de cima para baixo: é produzido ativamente pelas massas, que clamam por sua própria degradação como forma de reconhecimento.

A própria noção de pessoa dissolve-se, substituída por avatares histéricos que se alimentam de curtidas e compartilhamentos. Nunca tantos disseram tanto e significaram tão pouco.

6. Conclusão -

O teatro digital é mais do que metáfora: é realidade psíquica e social. Os indivíduos se transformaram em atores de um palco global, mas sem consciência dos limites entre vida e encenação. Esse processo, patológico em nível pessoal e corrosivo em nível civilizacional, exige resposta firme e imediata.

A tarefa conservadora é dupla:

  1. Reafirmar que a liberdade de expressão é absoluta, contra toda tentação censória.

  2. Reafirmar que a responsabilidade moral é igualmente absoluta, contra toda degradação permissiva.

Se vivemos hoje como atores num palco planetário, que reste ao menos uma plateia lúcida – capaz de não aplaudir a morte nem venerar a farsa.


Walter Biancardine


Notas

  1. Stanislávski, K. A Preparação do Ator. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.

  2. Jung, C. G. A Natureza da Psique. Petrópolis: Vozes, 1988.

  3. Arendt, H. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

  4. Ortega y Gasset, J. A Rebelião das Massas. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

  5. Debord, G. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.


Referências Bibliográficas

  • Arendt, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

  • Debord, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

  • Jung, Carl Gustav. A Natureza da Psique. Petrópolis: Vozes, 1988.

  • Ortega y Gasset, José. A Rebelião das Massas. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

  • Stanislávski, Konstantin. A Preparação do Ator. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.