A solidão é o paroxismo da liberdade absoluta, assim como a morte é o da transcendência.
Quando o homem se despoja de todos os vínculos, de toda presença que o define ou limita, ele chega ao ponto extremo - ao ápice febril - da liberdade. A solidão é o laboratório final da autonomia, onde não resta sequer o Outro para servir de espelho ou de obstáculo.
É o clímax ontológico da separação.
Mas, como todo paroxismo, é também o início da dissolução.
A liberdade que perde toda relação com o mundo torna-se abstrata - e o homem livre até o osso acaba sendo livre de tudo, inclusive de si.
Assim como a solidão é o extremo da liberdade, a morte é o extremo da passagem - o último ponto em que o ser rompe o confinamento do corpo e se lança (ou se perde) no absoluto.
A morte é a transcendência levada ao seu ponto-limite, onde deixa de haver quem transcenda.
O amigo Bukowski pode até não gostar, mas conceitualmente creio ter sido impecável.
Walter Biancardine
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