quinta-feira, 12 de outubro de 2023

“MISERICÓRDIA QUERO, NÃO SACRIFÍCIOS”

 


12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Não, não escreverei comentários pedindo a intervenção da Virgem por sobre nossa carecida Terra Brasilis - por demais necessitada e ela sabe disso, dispensa meus rogos.

Mais útil valer-me de algumas poucas linhas para lembrar que a Igreja Católica, em seu ensino teológico, é objetiva na diferença do culto que prestamos à Deus, à Nossa Senhora e aos santos.

Em grego, o termo "douleuo" significa "honrar", e não "adorar". No sentido verbal, "adorar" (ad orare) significa simplesmente orar ou reverenciar alguém. Para que não reste dúvidas, a própria Vulgata - Bíblia original, em latim - diz "Tu adorarás o teu Deus" (Mt 4, 10) mas, por outro lado, também enuncia: "Abraão, levantando o olhos, viu três varões em pé, junto a ele. Tanto que os viu, correu da porta da tenda a recebê-los e, prostrando em terra, os adorou". (Gn 18, 2).

Creio ter deixado bem expostos os dois sentidos, indicados pela própria Bíblia: adoração suprema, devida só à Deus, e adoração de reverência, devida à outras pessoas.

Em português claro, o culto de "latria" (do grego "latreuo") quer dizer "adorar", reservado à Deus. Já o culto de "dulia" (do grego "douleuo"), significa "honrar". Já a "hiperdulia" é algo acima do culto de honra sem, entretanto, atingir o culto de adoração - Nossa Senhora ou, em meu caso particular, Santa Therezinha de Lisieux são exemplos.

E para zerar nossa equação, lembro aos que eventualmente protestem alegando ainda que toda "inclinação" ou "genuflexão" é um ato eminentemente de "adoração" - só devido à Deus - recordo que isto pode ser até mesmo um ato de agressão, como no caso dos soldados de Pilatos que zombaram de Jesus, inclinando-se ao "Rei dos Judeus" em descarada galhofa.

Que católicos e evangélicos deixem de rezingas e unam-se, portanto, em adoração ao nosso Deus único e Uno - que é o mesmo de Israel. Nos trágicos dias que vivemos, a misericórdia é mais bem vinda que fundamentalismos religiosos.



Walter Biancardine



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