Quando o querido apresentador Pittoli anunciou que a rádio em questão – Jovem Pan Baurú, uma afiliada da rede Jovem Pan – não mais fazia parte do grupo, não foi nenhuma surpresa.
A análise feita ao vivo por ele próprio, explicando a trajetória de ambas empresas e que culminou no cancelamento do contrato, por parte da concedente, foi de uma clareza exemplar e seguindo os bons preceitos do jornalismo: simples, direto, objetivo e sem apelar para dramas ou sensacionalismos.
Não será impossível, entretanto, que eventuais ouvintes tenham achado o bravo Pittoli culpado em alguma das apelações citadas acima, mas o fato é que a situação em si é, realmente, dramática e surreal.
Tal atitude, por parte do Grupo Jovem Pan, nos mostra de maneira irrefutável algumas das verdades básicas do jornalismo as quais, cinicamente, são escondidas. Mais que notícias ou furos de reportagem, o que uma empresa de notícias busca é o poder. E o Grupo JP bem arriscou posicionar-se contra o sistema vigente no Brasil mas, após a “eleição” de Lula, compreendeu com clareza meridiana – e rapidez olímpica – que fecharia suas portas caso se mantivesse em clara oposição ao governo – agora oficialmente ditatorial e comunista – que vivemos.
Temos, então, um Pittoli em carreira solo, na abençoada e corajosa Rádio Auri Verde – nome aparentemente predestinado da emissora que um dia afiliou-se ao Grupo JP – carregando consigo os milhares de seguidores que angariou, ao longo de sua trajetória.
Entretanto, observemos: o número de seguidores que canais, publicações ou mesmo páginas conservadoras conseguem colher, seja em quais redes sociais forem, é a verdade esfregada na cara dos cínicos ditadores, os quais pretendem convencer-nos que um ladrão alcoólatra, ditador em cirrose terminal, conseguiu maioria dos votos, da preferência e confiança do povo, nas últimas e teatrais eleições brasileiras. Em contraponto basta lembrar que o citado ladrão cirrótico, em suas lives, mal batia 4 mil cabeças – quiçá pagas para assistir.
Mas, já dizia Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite: “O sistema é foda, parceiro”. E é mesmo.
Principalmente o sistema tributário, que torna impossível ao empresário cumprir rigorosamente todas as normas e obrigações impostas, sem que seu negócio vá à falência. Talvez pareça artimanhas de antigos coronéis da velha República mas o que funciona não muda, e num piscar de olhos dúzias de fiscais – tributários, trabalhistas, da saúde, direitos das minorias, o que estiver à mão – baterão à porta do comerciante conservador – talvez um patrocinador da Rádio Auri Verde – sufocado em meio às obrigações da bitributação vigente ou quaisquer outros absurdos normativos, e o crucificarão com multas estratosféricas, cuja única intenção é quebrá-lo e fechar seu negócio – sim, pois é impossível andar dentro da lei no game demoníaco imposto pelo sistema, parceiro. E ele é foda.
Tal lúgubre lembrança vale não apenas para a corajosa Rádio Auri Verde mas, também e como já citei acima, para as empresas que ousarem patrocinar seus programas – uma espécie de Sleeping Giants fiscal.
E assim o cerco se fecha, garantido por nossa passividade bovina, por nossos medos e traumas, dando caminho livre à sanha de um processo que se repete, de maneira idêntica e cínica, por todas as repúblicas no planeta terra.
Não me atrevo a especular quanto tempo ainda teremos o bravo Pittoli e sua Rádio Auri Verde entre nós, mas arrisco dizer que mal completará aniversário.
Falta pouco para nos tornarmos verdadeira república soviética – bocas caladas, povo encolhido, eleições de cartas marcadas, prisões, torturas, mortes ou exílios.
E este é o país que nós, bravos patriotas, estamos deixando para nossos filhos e netos.
Walter Biancardine
Nenhum comentário:
Postar um comentário