No dia 4 de junho de 2025, data do massacre da Praça da Paz Celestial na China, o Brasil morreu mais uma vez – desta feita com transmissão ao vivo e direito a tapinhas nas costas entre os coveiros togados e do Congresso omisso e apavorado. Em votação praticamente decidida de antemão, será aprovado o novo pacote de censura digital, uma emenda velada e venenosa ao Marco Civil da Internet, que agora servirá não mais à proteção das liberdades civis, mas à consagração de um regime de vigilância e silenciamento sem precedentes.
A esquerda esfrega as mãos, os isentões baixam os olhos, e o Supremo Tribunal Federal – com Alexandre de Moraes à frente – confirma seu papel de verdadeira Junta Militar do século XXI: só que sem farda, sem quartel, e com uma verve stalinista que faria inveja ao DOPS.
No mesmo país em que um humorista é condenado por contar piadas, o funkeiro MC Pose do Rodo – apologista do crime, reincidente, profundamente envolvido no tráfico de drogas e símbolo ambulante da degradação moral – é libertado e celebrado como mártir cultural. A mensagem é clara: piada com minorias, cadeia; incitação à bandidagem, palmas. Ria de um gordo, português, gay ou papagaio e será crucificado. Cante sobre matar policiais e será premiado com likes e liberação judicial.
A coisa toda ganhou contornos definitivos esta semana, com a liberação (tardia) das gravações do interrogatório conduzido por Alexandre de Moraes. Ali, o Brasil pôde assistir a um ministro da Suprema Corte ameaçar diretamente dois cidadãos – Aldo Rebelo, ex-ministro de Estado, e Jair Bolsonaro, ex-presidente da República – com prisão imediata, caso não se dobrassem à humilhação inquisitorial da hora. Sem advogado, sem respeito, sem decoro. A toga virou porrete. A caneta, punhal.
O STF já não se dá mais ao trabalho de fingir. Não julga – impõe. Não interpreta – reescreve. Não aplica – fabrica. E o Legislativo? Cúmplice, com bolsos cheios e calças sujas. O Executivo? Sócio oculto. As instituições não funcionam. Ou melhor, funcionam sim, mas contra o povo.
O AI-5 DIGITAL: A CENSURA LEGALIZADA
Sob o pretexto de combater "fake news", o Estado passará a decidir o que é verdade, o que pode ser dito, o que pode ser pensado. A liberdade de expressão, cláusula pétrea da Constituição, será reduzida a pó. As big techs, antes defensoras da liberdade digital, agora se curvam ao arbítrio togado. O Twitter, rebatizado de X, foi multado em R$ 28,6 milhões por descumprir ordens de censura. O Telegram foi bloqueado por não deletar conteúdos que desagradam ao STF. O influenciador Monark teve suas redes sociais apagadas por determinação de Alexandre de Moraes, que também ordenou a remoção de postagens de parlamentares eleitos pelo povo, e hoje a internet brasileira, tal como a conhecemos, será calada.
A verdade, entretanto, é como a água que desce das montanhas: não se detém e termina por encontrar o melhor caminho até o mar. O que será feito dos poucos (e bons) canais conservadores do YouTube? Sim, serão calados, mas existe uma perigosa brecha, situada em um nível muito mais delicado de se calar, que é a TV de sinal aberto – eles censurarão um canal de TV?
É o que podemos apostar que não o farão. A TVD News, único canal abertamente conservador do país e única emissora de TV com sinal aberto (via parabólica, canal 581), já repete programas importantes como a Rádio Auriverde, TimeLine (o sucessor do Terça Livre, com Allan dos Santos e Lacombe) e Revista Oeste – e este certamente será o escoadouro de outros mais influenciadores, importantes e conservadores, que poderão migrar em massa para a TV aberta.
Terá o STF o despudor de censurar um canal de TV? Exporá ao mundo, de maneira tão explícita, a ditadura brasileira?
É o que veremos.
TUDO DEPENDE DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ
Relembremos: o funkeiro MC Pose do Rodo, um apologista da marginalidade, da vulgaridade e da dissolução moral, foi solto. Saiu comemorando sua liberdade com sorrisinhos diante das câmeras e aclamação popular – sim, a turba furiosa o aplaudiu – liberdade esta que não se estende, curiosamente, a quem usa palavras para provocar o riso ou o pensamento. Léo Lins, humorista, foi condenado a oito anos de prisão por contar piadas. Sim, piadas, e pouco importa de que lado ele esteja, pois a lição que fica é que o escorpião acaba por picar quem o salva da enchente – “está em minha natureza”, diz ele, segundo a fábula.
Pior ainda são as gravações liberadas, que registram Alexandre de Moraes em ação durante os interrogatórios de Jair Bolsonaro e Aldo Rebelo. A postura ditatorial é escancarada: ameaças de prisão, desrespeito processual, abuso de autoridade. Um espetáculo grotesco que nem os militares de 1964 ousaram encenar com tamanha desfaçatez.
Por outro lado, acaba de ser decretada por – sempre ele – Alexandre de Moraes, a prisão da deputada Carla Zambelli, que em boa hora saiu do país. O abuso é flagrante, pouco importando se você gosta dela, de Leo Lins ou de qualquer outro: a serpente chegará até você.
O VEREDITO FINAL
O Brasil morreu. Foi assassinado por aqueles que deveriam protegê-lo. O STF, que deveria ser o guardião da Constituição, tornou-se seu algoz. A liberdade, a justiça e a democracia foram enterradas junto com Clezão, um dos mártires da ditadura togada. Resta-nos apenas a memória do que poderíamos ter sido.
Tudo isso, é claro, é apenas mais um capítulo da nossa interminável agonia institucional. Desde que derrubaram Dom Pedro II – o último estadista legítimo que tivemos – o que se seguiu foram regimes de fachada, democracias de papelão, e tiranias episódicas disfarçadas de progresso. A tal “Nova República”, parida sob o signo do Foro de São Paulo e amamentada por ONGs globalistas, foi apenas a mais recente prostituta institucional vestida de dama da liberdade.
E que ninguém espere das “gloriosas” Forças Armadas qualquer tipo de salvação. Quando a temperatura subir e o povo finalmente perceber que está trancado numa jaula com ar-condicionado desligado, as tropas não sairão às ruas para garantir seus direitos. Sairão – como sempre fizeram desde 1889 – para obedecer à ordem do poder de turno. Desta vez, a ordem virá de cima, direto do STF: conter os subversivos. Prender os “golpistas”. Acabar o serviço.
Aqui jaz o Brasil. Uma nação rica em solo, pobre em espírito, e há muito tempo órfã de sua identidade. Que nos reste ao menos a coragem de lembrar: liberdade não se pede, exige-se.
E tirania não se denuncia apenas — enfrenta-se.
Walter Biancardine
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