Lamentando a queda drástica de audiência de um dos principais carros-chefe da programação da Rede Globo, o Jornal Nacional, o apresentador – e quiçá jornalista – Willian Bonner afirmou que “as redes sociais são um problema para a humanidade”.
Sim, Bonner acertou o alvo se ele referiu-se apenas aos vícios da mentira, boataria, falsas promessas, comércio sexual e enganações, espalhadas pelas principais plataformas hoje em dia. Mas errou a mira ao omitir o fato de que tais erros, inerentes à quase sempre pérfida natureza humana, apenas espelham as táticas desonestas e sujas praticadas, sem pudor, pelas próprias emissoras de TV – em especial a Globo, que outrora deteve o monopólio da opinião pública brasileira e hoje sobrevive às custas de aparelho (estatal) a injetar-lhe oxigênio.
Os queixumes globais refletem a agonia de um gigante moribundo, a ecoar pelos noticiários somente por suas gigantescas dimensões e importância pretérita. A verdade, entretanto, é que tais lamentos são compartilhados por todas as emissoras de TV brasileiras hoje, que padecem de um mal à muito custo ocultado: a TV aberta agoniza sim, mas não por questões de programação pobre, atrações que a ninguém atrai ou os costumeiros revezes típicos do entretenimento. Ela agoniza por total e absoluta falta de credibilidade – e, no caso global, já em fase de metástase, pois quando obriga seus artistas a compartilharem suas mentiras e apoios equivocados, transfere aos mesmos o vírus do descrédito, repulsa e rejeição. Não importa a emissora: tais artistas, contaminados, afastarão o público de qualquer estação de TV que trabalhem.
O quadro que o telespectador brasileiro enfrenta hoje, em seus lares e diante de suas tevês, é desanimador: emissoras de TV aberta a dedicarem seus dias apenas à doutrinação, defesa de ditaduras e engenharia social – sem programação infantil, sem quadros mais ingênuos como programas de culinária, moda ou nada em que não se possa enfiar vieses ideológicos no meio – ou os canais de TV a cabo, que reduzem a mente humana a parâmetros quase oligofrênicos ao tratar apenas de um só assunto, 24 horas ao dia: notícias, ciências, arqueologia, animais, e outros. E isso não é companhia, é quase uma aula obrigatória sobre assuntos que – passado o foco de nossas atenções – torna-se tedioso e maçante.
Restam as redes sociais, contaminadas por hábitos “click-bait” (caça-cliques) como histeria, risos teatrais e ensurdecedores simulando alegria, vocabulário pobre e errado ou denúncias portadoras de tanta ira fake que nos leva a perguntarmos: e por quê esses caras, sempre tão indignados, nada fazem e só reclamam? Para piorar, os canais das redes sociais foram criados exatamente para encarnar o mais puro suco da segmentação monotemática das emissoras de TV à cabo – ninguém aceitaria ver um Allan dos Santos ensinando a regular um carburador mas, por outro lado, assistir sua indignação por todo o dia é algo que ninguém merece (e não vai neste comentário nenhuma crítica ao mesmo, pois segue fazendo apenas o que se propôs).
E ainda existe um perigoso fator, a agravar tudo isso: o desejo explícito da atual ditadura do Judiciário em censurar os canais conservadores ou opositores do atual regime, que tratam de política nas redes sociais, sob a desculpa de “propagação de discursos de ódio”, divulgação de conteúdos indecentes ou nocivos e outras mentiras de igual jaez. O resultado, inevitável (pois tal censura virá, antes das eleições de 2026), é a extinção de tais canais, muitos deles excelentes, nos deixando apenas com as demências digitais de um Felipe Neto ou os todo-poderosos canais esquerdistas de política – e tais influencers conservadores ficarão sem emprego e sustento.
Para completar, as plataformas sociais são movidas por algoritmos e se você assiste um canal que trata de política, só aparecerão outros sobre o mesmo tema, em sua linha de sugestões – é o fim de seu livre-arbítrio para escolher ou a triste morte do acaso, que poderia nos fazer descobrir um canal novo, bom e que trata sobre jardinagem, por exemplo.
O nosso quadro atual: uma TV aberta doutrinadora, mentirosa, desacreditada e insuportável, dependente física e psiquicamente de verbas estatais; canais de TV a cabo monotemáticos, que aborrecem após meia hora assistindo e redes sociais tentando, desesperadamente, fazer o papel de cocaína no sangue de novatos, deixando-os “pilhados”, histéricos e oligofrênicos – e nisso se misturam tanto bons canais (que serão censurados) quanto os infames “caça-cliques”.
A antiga TV, aquela que nós (mais velhos) fomos criados – a companhia ao longo do dia, que nos trazia um leque variado de informações e entretenimento razoavelmente confiáveis, se perdeu. E esta é a causa mortis da Rede Globo de Televisão, bem como das demais emissoras, que tentam sobreviver aos arreganhos das verbas estatais, imitando-a.
A velha TV, oriunda do rádio e companheira de todas as horas, morreu e ninguém percebeu.
Até porque o cadáver, não recolhido, fede demais para sentirmos falta do defunto.
É hora de uma nova TV.
Walter Biancardine
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