sexta-feira, 6 de junho de 2025

HOMENS SEM PROPÓSITOS SÃO MACACOS DEPRIMIDOS


Final de semana chegando, para uns é hora do churrasco e pagode enquanto, para outros, apresenta um bom momento para breves introspecções, aquele “balancete da vida” que periodicamente fazemos.

Sejam os aparentemente alienados frequentadores de churrasco ou os supostamente eruditos introspectivos, a verdade é que ambos escondem a agonia da falta de rumo, de objetivos, de propósito – a insuportável sensação de ser uma fraude, um fracasso, alguém que jamais chegará a alcançar os resultados (a maioria deles materiais) sonhados e gasta seu tempo sufocando a angústia em pequenos surtos de exibicionismo nas redes sociais.

Pois justamente nestes momentos depressores sempre bom é recorrer às muletas dos agonizantes que são os filósofos Kierkegaard, Nietzsche e Camus. O problema é que a grande maioria de leitores pode ceder às facilidades simplistas e valerem-se, na interpretação dos conceitos que exponho, de uma ótica destrutivamente niilista, enquanto outros, quase cínicos, exibirão satisfação íntima de burramente acharem-se “certos”.

Tais desvios à parte, vejamos:

"Toda escolha é a escolha errada" (Soren Kierkegaard)

"Não é a dor que mata. É o vazio" (Nietzsche)

Começo com a dupla acima para constatar que todos perseguem o sucesso, mas perambulam vazios de sentido.

A falta de um verdadeiro propósito na vida encalha o ser humano que, na maioria das vezes, se dá conta disso apenas na velhice – ou em crises de ansiedade e depressão, se for jovem.

Ainda amparado por Nietzsche, vale seu ensinamento: "Aquele que tem um porquê, suporta qualquer como".

O problema é que nem sempre – ou raramente – temos um porquê. E aí entra o outro filósofo citado, Albert Camus: "Temos de viver como se tivéssemos um propósito, ainda que seja de nossa própria invenção", pois a vida não tem manual de instruções nem nenhuma garantia que dará certo, ainda mais em um país como o Brasil, onde tudo conspira para que ninguém vença na vida – mas sobre isso falarei em outro artigo.

Sim, amigo leitor: como vimos, o sistema te quebra e ainda diz que a culpa é sua.

Esteja você entupindo-se de churrasco e cerveja Glacial ou recolhido à biblioteca de sua casa, aproveite para pensar. Um ideal, um propósito, em tese teria mais poder em nos tirar da cama que a necessidade de pagar o aluguel.

Tais palavras são belas, mas a realidade é que hoje persigo trabalho, não ideais. E não, não se trata de “paralaxe cognitiva” do professor Olavo de Carvalho, mas do fato de somente organismos vivos, mantidos assim pelo alimento e teto, poderem parar e conceber tais ideais.

Primeiro sobreviva. Depois, jamais deixe de acreditar e buscar o que deseja para si mesmo.

Ou terminará seus dias no churrascão com Glacial gelada.

Bom final de semana!


Walter Biancardine


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