Mais um natal, o 47º de minha torta existência.
Onde estão todos?
Por aí, e se eu quiser vê-los, será preciso renunciar à tudo o que me tornei.
Precisarei ser - não o que sou, por mais abjeto que pareça a minha tosca presença nesta terra - mas apenas uma massa informe, amoldada a tudo o que os outros disseram, pensaram ou tentaram fazer de mim.
Não sou flor que se cheire, sou insuportável e realmente inconvivível, mas ao menos sou autêntico e meus absurdos são e foram feitos e ditos de maneira absolutamente convicta e sincera - posso não estar certo, mas creio em meus erros piamente.
Não há quem me suporte, e não culpo ninguém por isso.
Se alguém, que conviveu comigo, me acha um grosso, mal educado, tosco, brigão, rude, paranóico ou mesmo metido a dono da verdade, eu posso aceitar. Dêem-me o merecido pé na bunda antes que eu me chute por conta própria.
Mas se alguém me acha feio que seja, mas sem ter convivido comigo - tudo baseado em opiniões alheias - então à esses eu digo que não há remédio além do preconizado pelo imortal Nélson Rodrigues: "Cresçam", e aprendam a vida pelos seus próprios sentidos.
Sim, eu sei: sou o fim da picada, não há como dialogar comigo.
E é por isso que o Natal, para mim, é apenas uma data fictícia para uma falsa comemoração de uma instituição folclórica: familia.
Minha familia sou eu e meus fantasmas.
E que se danem os que se fazem de surdos, cegos e desentendidos.
Feliz Natal para mim. E para meus fantasmas também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário