quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Da Redação

A festa da portuguesa

Povo de jornal adora boca-livre e, imprudentemente convidados, fomos todos à festa da Dona Jesuína, brava portuguesa roliça, de braços fortes, caveludos, além de possuidora de grossos, lustrosos e avantajados bigodes, para saborearmos seus afamados “volinhos de vacalhau” além de outros acepipes, tão ao agrado dos gajos que cá escrevem.

Quem também lá estava era nada mais, nada menos que Odacir Gagau – o famosíssimo empresário boteco-etílico-vascaíno-jornalistico, que se entregava – sem a menor cerimônia – à esbórnia e à vinhaça, chafurdando-se na mulataria promovida por Seu Man’el, dono da afamada Padaria Mulata d'Ouro, conhecido como “O herdeiro de Sargentelli” e verdadeiro organizador da função.

O quibe

Foi o que nosso amigo Gagau mais estranhou, entre as iguarias oferecidas por Dom Man’el, eis que não faz parte das tradicionais comidas lusitanas d'além mar e sim da Arábia.

Odacir chamou a atenção do ilustre anfitrião, Man’el que, sem se abalar, apenas abanou as mãos em cima do ovo cor de rosa oferecido: eram moscas.

O vinho, ou melhor, o binho

Já nas mãos do palhaço, Odacir Gagau se abusou com portentosa mulata que fazia parte do show tipicamente português que Seu Man’el oferecia, mas a preciosa já tinha dono: “A pessoa do jornalista tá querendo se engraçar com a pessoa da minha nega?”, perguntou a enorme pessoa de um negão, lá pelos seus dois metros e com sotaque da estiva.

Sem saber direito o que responder devido aos efeitos do álcool, Gagau viu tudo escurecer de repente e, ao que parece, desmaiou. Acordou já em casa, se recuperando e bem melhor. Seus amigos fiéis ainda fizeram-lhe o favor de catar todos os seus dentes, esquecidos na calçada.

A coisa ficou preta pro Gagau.

Seu Man’el e Dona Jesuína

Emocionados com o sucesso de sua festa, o casal declarou para a imprensa mundial que vivia um momento de pura felicidade. Disse Seu Man’el, em seu statement: “Quero agradeceire aos gajos que cá se encontram a me prestigiaire, a mim e aos meus volinhos de vacalhau, ao meu binho e as comezainas, que me foram aos bagos de tão caras que saíram, mas que trouxeram tanta gente cá a Padaria Mulata d'Ouro, pois. Quero dizer que, ano que vem, a festa vai continuaire sendo em minha padaria, mesmo que digam que a faço só para favoreceire aos meus interesses, ó pá”.

De sua cama e sem dentes Gagau apenas comentou: “Enfão, fá”.

A inveja move montanhas

Machucado pelo sucesso retumbante da festa da portuguesa e pelas mãos de chumbo da pessoa do negão namorado da mulata, aquele cavalo, Odacir Gagau fez questão de não perder a chance oportuna da presença da mídia mundial para fazer o seu merchã: “Fra vofê que fá canfado de comer facalhau”, disse ele ainda sem seus novos dentes incisivos, “o negófio agora é curfir o Armafém da Manguafa, onde vofê bebe afé cair”, disse o ressentido e invejoso empresário boteco-etilico-odonto-jornalistico.

E caiu no riçada fampirro transilfânica.

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