segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Da Redação


See you later, Aligator

Cabo Frio assistiu, pasma, as cenas deploráveis que aconteceram no bairro Jacaré.

A verdade é que os responsáveis pela segurança pública estão perdendo o controle e, o que é pior, sobre uma criminalidade que está longe de dispor do arsenal bélico dos traficantes cariocas. Espremidos entre as pressões que exigem um falso paraíso de paz e tranqüilidade para os turistas e eleitores, e a realidade do cada vez maior número de vítimas desta mesma violência que começam a cobrar com veemência uma atitude decisiva, a Segurança Pública de Cabo Frio estaciona inerte, indecisa e embasbacada, sem saber o que fazer.

Enquanto pensam, a bala come solta.

“Des-imigrando”

O crescimento exponencial da violência na cidade começa a se refletir em um recém-detectado movimento inverso ao que vinha acontecendo durante os últimos anos: símbolo de um Eldorado do petróleo, promessa de vida melhor e com mais qualidade, Cabo Frio somou o desemprego, que persiste sem freios, à violência provocada pela política obtusa de tentar resolver um problema negando a existência dele. O resultado é que já se começa a observar a partida de algumas famílias, expulsas – tal qual o foram de um Rio de Janeiro, por exemplo – pela violência, cujo crescimento suscita muitas explicações, mas nenhuma justificativa é admissível.

Agora a sociedade cobra

Tem sido evidente, em todas as aparições públicas as quais foi chamado, que o Comandante do 25º Batalhão tem, como único argumento a oferecer, as tão faladas estatísticas de criminalidade que, segundo elas, apontam decréscimo da violência.

É um constante e já irritante remexer de papéis, em busca de índices salvadores, números que provem exatamente o contrário que os rios de sangue que são derramados na cidade nos mostram.

Também é notório o constrangimento do próprio coronel, já que certamente ele se vê impelido a pintar um quadro cor-de-rosa que só existe nas cabeças de alguns iluminados da corte. O coronel Adilson não chegou ao coronelato à toa, tem seus méritos, anos e anos de polícia nas costas e certamente sabe muito bem o que fazer para acabar com o abuso de reizinhos do tráfico, como os que têm aparecido por aqui.

Talvez o que falte – muito mais do que solucionar a crônica carência de efetivo e de condições do 25º BPM – seja, finalmente, deixarem o coronel trabalhar.

Ironia do destino

A 25ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Cabo Frio reclama, há tempos, sobre o que é mostrado nas estatísticas da criminalidade na região. Seu antigo presidente, Dr. Rulis, foi assassinado e até hoje o caso se arrasta em indecisões; membros da entidade sofrem ameaças com uma regularidade assustadora; denúncias chovem em seus balcões – ao invés de serem feitas nos órgãos de segurança – por medo do quê uma queixa pode representar em termos de represálias e agora um evento, programado para ser realizado no CIEP do Jacaré, obviamente foi cancelado.

Mais do que a segurança das leis, talvez a Ordem precise mesmo é se benzer.

Cruz, credo.