A chamada "Revitalização do Centro do Rio", especialmente na gestão de Eduardo Paes com o projeto “Porto Maravilha”, foi uma dessas cirurgias urbanísticas que arrancam o coração do paciente para depois dizerem que ele está mais saudável porque está com o rosto lavado.
Vamos por partes.
O que se prometeu:
* Um novo centro financeiro e cultural.
* Reocupação de áreas degradadas.
* Valorização do transporte público (VLT, ciclovias).
* Gentrificação “do bem”, segundo eles.
O que de fato aconteceu:
* A região central, sobretudo entre a Av. Rio Branco e a zona portuária, perdeu densidade demográfica e comercial.
* Escritórios tradicionais se mudaram para a Barra e para a Zona Sul, fugindo de uma área que virou um canteiro de obras eterno - e depois, um deserto modernoso.
* Pequenos comércios faliram aos montes por causa da longa duração das obras e da falta de circulação.
* O Porto Maravilha virou um projeto bonito no papel, com calçadões e museus cenográficos (como o Museu do Amanhã, aquele escorredor de pratos feito de concreto), mas sem vida real ao redor.
* A segurança continuou precária, e à noite a região virou terra de ninguém.
Em resumo:
Houve um esvaziamento real. O centro perdeu vitalidade, e a tal "revitalização" - termo de marketing usado para cobrir processos de expulsão econômica e deslocamento social - produziu um espaço artificial: bonito em foto aérea, impraticável no cotidiano.
A estética venceu a funcionalidade. Tiraram o caos criativo do centro e puseram no lugar um catálogo de urbanismo internacional, desses que agradam ONG de arquitetura em Oslo, mas não servem pra quem precisa pegar o ônibus às 6 da manhã e comer num boteco às 13h.
Um diagnóstico duro: o centro do Rio virou uma maquete ambulante. Bonita, mas fria, e sem alma.
E boa parte disso se deve às decisões tomadas durante a tal "remodelação", obra e graça das frescuras do socialistíssimo Eduardo Paes, o homem que matou o Centro nervoso do Rio de Janeiro.
Walter Biancardine
Um comentário:
Perfeito!! 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
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