segunda-feira, 12 de agosto de 2024

RESGATE PAGO, REFÉM SOLTO – PERO NO MUCHO…

 


Talvez seja melhor começar com uma postagem de Flávio Gordon, no dia 10 de agosto: “Não foi ‘erro’ judiciário. Foi um ato doloso, uma prisão política, estimulada pela desumanização do ‘bolsonarismo’ promovida pela imprensa. Todos os agentes do Estado envolvidos nessa excrescência ditatorial devem ser responsabilizados e punidos de acordo com a lei.”

Posso, igualmente, acrescentar esta outra publicação, de Elise Wilshaw, também no X-Twitter: “Por responsabilidade desta notícia, deste jornalista e jornal, Filipe Martins ficou 6 meses na Prisão. Quem cometeu um Crime?”

Ambas referem-se ao verdadeiro sequestro que Filipe G. Martins sofreu, por ordem do Ministro Alexandre de Moraes (STF), sendo que a última postagem refere-se à notícia – publicada sem nenhum cuidado, pelo jornal Metrópoles – de autoria do repórter Guilherme Amado, que assina uma das colunas do periódico. O título: “Investigado, Martins (Filipe G.) teve entrada registrada nos EUA e depois evaporou”. A sub-manchete diz: “Documento em site de governo americano diz que Filipe Martins entrou em Orlando no fim de 2022”.

São co-autores da matéria Eduardo Ghirotto e Natália Portinari, somando em três os responsáveis diretos pelo encarceramento ilegal, sem provas – exigiu de Filipe que demonstrasse sua inocência, invertendo por completo o ônus, que cabe ao acusador – e que recusou sistematicamente todas as petições, recursos, alegações e mesmo a absurdamente exigida comprovação de inocência, mantendo-o preso tal qual Daniel Silveira.

Ambos atrás das grades e sem nenhum embasamento sequer razoável, verdadeiro sequestro seguido de tortura, pois o único objetivo do encarceramento era a obtenção de alguma “confissão” passível de incriminar o objeto do ódio doentio de Alexandre de Moraes: Jair Bolsonaro.

Tanto Daniel Silveira quanto Filipe Martins nada disseram, resistiram ao massacre psicológico ao qual foram submetidos e, não fossem os orgasmos ditatoriais do psicopata Nicolás Maduro criarem embaraços internacionais para o atual governo, ambos ainda estariam apodrecendo nas masmorras do Judiciário. Ou melhor, Daniel Silveira ainda está e ainda resiste.

O cara - Daniel - é uma montanha de músculos, mas sua psique é como a de todos nós e certamente tem limites. Filipe G. Martins, por seu preparo intelectual, provavelmente enfrentou os sofrimentos plenamente consciente das baixezas estratégicas que estava sendo vítima e logrou resistir, verdadeiro troféu da resiliência em um mundo de maricas desfibrados que vivemos.

Mas, e Daniel Silveira? A seu favor tem apenas o fato de ser famoso, o que talvez ajude diante deste mesmo embaraço internacional que o “Consórcio” enfrenta. Entretanto, a longa lista de vítimas da carnificina ideológica de Moraes não termina aí: Clezão não sobreviveu, morreu nas masmorras, sozinho e doente.

Existe também Karina dos Reis, a quem o jornalista J.R. Guzzo escreveu as linhas abaixo: “"Karina dos Reis, uma dona de casa de Araxá, de 44 anos, tem um câncer. Os médicos atestam que ela vive em estado de metástase hepática e precisa fazer exames de tomografia do tórax e ressonância magnética do abdômen para ter chances de vencer a doença. Mas, além do câncer, Karina tem o ministro Alexandre de Moraes na sua vida. Ela é considerada pelo ministro como uma inimiga do ‘estado democrático de direito’ e está obrigada por ele a usar tornozeleira eletrônica – que teria de ser retirada para que os exames sejam feitos dentro das condições requeridas pela medicina.

A defesa, com o aval dos médicos, pediu a remoção temporária do aparelho nos instantes que durassem a tomo e a ressonância. Alexandre de Moraes negou. Karina continua com o seu câncer e com a tornozeleira do STF. Isso é tortura, um crime previsto em lei e que não poderia ser cometido pelo mais alto tribunal de justiça do Brasil.”

E isso, tal qual ocorreu com Clezão, equivale a uma sentença de morte. Alexandre de Moraes está ciente das condições de Karina, assim como estava do estado de saúde de Clezão, mas igualmente nega-se a soltá-los ou abrandar sua ferocidade carnívora.

Podemos somar Fátima de Tubarão, senhora de 67 anos, encarcerada – tal qual Daniel Silveira – por ter vídeos em que aparece xingando Alexandre de Moraes. Foi sentenciada a 17 anos, reproduzindo a sentença absurda dada a outra idosa, de 71 anos, e que precisava passar por cirurgia. Nada importa, a mesma agora cumpre 14 anos de cadeia.

E o quê pretende o feroz “guardião do estado democrático de direito”, sentenciando estes anônimos que nada podem “confessar” contra Bolsonaro? Nada, apenas intimidar o povo e deixar claro o que acontecerá com quem ousar protestar, em praça pública, contra nossa atual ditadura.

Ledo engano se alguém pensa que os acontecimentos na Venezuela irão abrandar a fúria psicopata de Moraes, a soltura de Filipe Martins foi apenas um recuo estratégico para – certamente – avançar com ímpeto redobrado em breve.

A bem da verdade, Filipe não foi “solto” pois é obrigado a usar tornozeleira eletrônica – por um crime inexistente e sem condenação sequer – além de longa lista de exigências e obrigações que deve cumprir, em evidente imposição de humilhações e constrangimentos para manter, ou ao menos tentar, a tortura psicológica que o mesmo sofreu, ao longo de tantos meses.

No frigir dos ovos, esta ditadura está condenando a si própria e seu fim será trágico.

Jamais um país inteiro esteve tão próximo de seus limites, em termos de repressão, arbítrio e – adicionado à tudo isso – um governo inepto, ladrão, ineficiente, aliado de traficantes internacionais de drogas e ditadores. E tudo tem um limite.

Em breve, se nada acontecer, o nosso será exibido emoldurado por mortes e sangue.


Walter Biancardine



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