sábado, 5 de julho de 2025

THE COUP NO ONE IS TALKING ABOUT: BRAZIL’S JUDICIARY HAS SEIZED POWER

 


A quiet yet devastating coup has taken place in Brazil – not by tanks or generals, but by unelected judges in robes, wielding censorship tools and backed by globalist structures.

At the center is Alexandre de Moraes, a Supreme Court justice who recently invalidated a lawful and democratically approved vote in Congress to repeal a tax hike. One judge, acting alone, overturned the will of hundreds of elected legislators. It was not judicial review – it was a direct attack on representative government.

This incident is part of a larger transformation: Brazil is rapidly becoming a narco-judicial regime, propped up by authoritarian alliances, domestic cartels, and international complicity.

The Robed Leviathan

The Brazilian Supreme Court, particularly under de Moraes, no longer interprets the law – it dictates policy. It censors dissent, arrests opposition figures without trial, rewrites tax codes, and supervises elections, all under vague pretexts like “digital militancy” or “anti-democratic speech.”

In 2022, Brazil’s presidential election was conducted entirely through non-auditable electronic voting, protected by the Court from external review. Parallel vote counts were banned. Forensic audits forbidden. Even questioning the system became a criminal offense.

Meanwhile, the 2018 stabbing of then-presidential candidate Jair Bolsonaro, likely a political assassination attempt, was quickly covered up. The attacker was declared mentally unfit, never faced trial, and the investigation remains sealed.

Terror, Cartels, and International Blindness

Brazil’s leftist government, under President Lula da Silva, has openly aligned with Venezuela, Russia, Iran, China, and even Hamas – while domestic narco-organizations like the PCC (Primeiro Comando da Capital) and Comando Vermelho operate with near impunity. These criminal syndicates extend their networks into Europe, especially Portugal, where Supreme Court Justice Gilmar Mendes hosts annual forums that launder Brazilian legal overreach through elite European academia – on taxpayer money – and the protection given by some Supreme Court Ministers to drug trafficking in Brazil is well known.

Brazil is a founding member of the Foro de São Paulo, a regional alliance of Marxist regimes and revolutionary parties that openly seeks to dismantle Western institutions and liberal democracy in Latin America.

And yet the West remains silent.

Silicon Valley and the American Left: Partners in Tyranny

Social media platforms – Twitter/X, Google, Facebook, Telegram, Instagram – have been coerced into obeying Brazil’s judicial decrees. Content is deleted, accounts suspended, user data seized – all without legal appeal or due process.

And here lies the deeper scandal: U.S.-based NGOs and progressive figures within the Democratic Party have embraced and supported this regime. These are the same networks now promoting Tarcísio de Freitas, a globalist-approved, “moderate technocrat” who is being groomed to neutralize the conservative movement and absorb it back into the system – a Brazilian version of Mitt Romney in military uniform.

This is the “managed democracy” model exported from Brussels and Davos to the developing world. It is being perfected in Brazil – and soon, it will be replicated elsewhere.

Brazil Is Gagged. Will the West Stay Silent?

As Americans celebrate Independence Day, and Europeans still can enjoy the luxuries of some free speech and liberal democracy, Brazilians live under judicial censorship. They are arrested for memes. Their votes are filtered by black-box machines. Their elected Congress is overruled by unelected judges.

And every day, they are invited to a civic masquerade – a “Tea Party,” but with no RSVP. The table is set. The orchestra plays. But the people are absent – afraid, silent, trained to obey.

This is not a domestic crisis. It is a blueprint for global technocratic tyranny, with Brazilian judges as its first vanguard.

The World Must Respond

We call on Western governments, human rights organizations, and conservative leaders across Europe and North America to:

  • Demand independent audits of Brazil’s electoral system.

  • Impose sanctions on institutions that empower or validate judicial overreach.

  • Provide support and platforms for Brazilian dissidents and whistleblowers exposing this judicial cartel.

If Brazil falls completely, it will not be the end – it will be the beginning of a new era of digital despotism, veiled in legal language and backed by cartel cash.


Walter Biancardine





quinta-feira, 3 de julho de 2025

BURROS MANSOS -


Vi neste exato momento, através da Auriverde Brasil, uma espécie de "ameaça psicológica" que o excelente Pitolli, secundado pelo não menos brilhante Borgo, tentam diariamente reforçar: que se o ex-Presidente Bolsonaro for preso, o caos se instalará no país, com revoltas se espalhando pelas ruas.

Emendando tal assunto, abordaram um fato: que o povo - o povão - ama, adora e venera o sensacionalismo escandaloso. Vídeos com dizeres "BOMBA", "URGENTE", "ACONTECEU AGORA" no YouTube obtém o triplo de visualizações que os demais, e traçaram suas origens citando a ignóbil preferência popular por músicas do tipo "Florentina", do abominável Tiririca, que se tornou um hit no Brasil.

Tal sequência, em minha opinião, ostenta mentiras esperançosas e verdades lamentáveis, então vamos por partes: sussurrar em tons lúgubres e sinistros que um apocalipse social se instalará no país após a prisão de Bolsonaro é, infelizmente, pura mentira e não passa de tosca guerra psicológica.

Os mais antigos lembrarão da adolescência quando cito a atriz pornô Linda Lovelace e o filme que a elevou à fama, "Deep Throat" (Garganta Profunda) - e tal é a capacidade do brasileiro típico em engolir enormidades muito maiores que a prisão de um inocente, afinal já prenderam mais de 1.500 deles, de uma só vez e com perfídia, no 8 de janeiro, e nada fizemos.

O estupro de nossas liberdades e nossos direitos é contumaz, se repete diariamente e, igualmente, nada fazemos. Vivemos sob uma ditadura explícita que criou um narco-estado e também assistimos tudo isso impassíveis, imóveis.

Os pobres Pitolli e Borgo apostam em quê? No passional do brasileiro? Não funcionará, pois bem maior que o passional é a covardia, omissão e preguiça verde e amarela. Bolsonaro será preso e servirá apenas de assunto para os churrascos de pé de galinha, no domingão, ao som de uma boa sofrência tocada naquelas caixas de som com auto-falantes coloridos - uma alegria, para os botocudos.

E por falar nestas caixas de som de camelô, que igualmente empesteiam as portas dos comércios populares no Brasil e vomitam podridões musicais e vigarices em forma de ofertas, falemos do Tiririca, sua Florentina e a paixão atávica tupiniquim pelo "BOMBA", "URGENTE" e o "ACABOU DE ACONTECER" que tornam plataformas digitais inabitáveis.

O povo quer ver sangue, esta que é a verdade. Quer, entretanto, apenas ver, pois jamais participará de nada que arrisque ter o seu próprio derramado. Botocudos amam sangue alheio, deliram ao saber das podridões das celebridades - artísticas principalmente, mas podem ser políticos, empresários ou qualquer um que aparente ser mais feliz que o telespectador.

Títulos como "BOMBA" e os demais citados, igualmente são infalíveis pois despertam o lado "Candinha", o lado fofoqueiro e intriguento do brasileiro - quase uma característica genética - que por anos esteve restrita às vizinhas na janela de casa mas que agora, graças á internet, democratizou-se e abunda nacionalmente, sendo o mesmo servido com alegria em quaisquer ocasiões sociais, tais como churrascos, pagodes, feiras livres e outros "happenings" descolados.

Tal patologia é oriunda do absoluto analfabetismo e completa ignorância do brasileiro médio, criatura que - em média - jamais leu um único livro na vida (o que é lógico, pois quem não sabe ler, não lê) e, graças á grande mídia, passou a condenar tudo o que cheire a cultura como um vergonhoso defeito de nascença ou prova de que aquele que a isso se dedica é apenas um "otário", que não sabe "aproveitar a vida" e mesmo, em casos limite, deveria "arrumar um serviço e parar com essa perda de tempo".

Temos assim, para concluir, a conjuntura atual do povo brasileiro: pitecantropus que sequer inventaram a roda, a dançar tribalmente em torno de fogueiras como Anitta ou MC Poze e que se orgulham de sua omissão e covardia, elevadas ao status de "sabedoria": "não me meto no que não é da minha conta porque, no final, a corda sempre arrebenta no lado do mais fraco".

É esse ajuntamento de mamíferos que o excelente Pitolli e o inoxidável Borgo espera que reajam furiosamente à prisão de Bolsonaro?

É essa horda de gafanhotos bípedes que abandonará seus voos predatórios e hábitos parasitas para estudar, se aprimorar e poder, finalmente, compreender a situação em que vive?

Não, não será. E afirmar que somente a educação poderá nos libertar ao longo de décadas de ensinamentos também é, infelizmente, uma meia-verdade: sim, a educação liberta, mas é preciso igualmente redefinir as bases de nossa sociedade - valores, hábitos, costumes, princípios.

Mas, para isso, será preciso re-fundar o Brasil.

Vivemos uma crise civilizacional, e ninguém fala sobre isso.


Walter Biancardine



terça-feira, 1 de julho de 2025

POR ONDE A POBREZA PASSA, NEM GRAMA NASCE -



O ciclo se repete: a outrora "Cidade Maravilhosa", saudosa capital do Brasil e pólo cultural do país, atraiu muita gente em busca de oportunidades. Mas também atraiu os vermes, predadores, parasitas e sanguessugas que a transformaram na terra de ninguém atual, não apenas enfeiando-a, sujando-a mas, principalmente, votando em crápulas que endossaram e apadrinharam tais bactérias sociais.

Na cidade onde provisoriamente ainda vivo, Cabo Frio RJ, aconteceu o mesmo: um surto de prosperidade, embelezamento da cidade, progresso econômico e financeiro. Mas uma leva de prefeitos, ao longo do tempo, abriu os braços para os parasitas e bandidos iguais aos que destruíram o Rio de Janeiro. E hoje, a cidade está um lixo, com uma recuperação que levará anos.

Agora, as criaturas das trevas miram no estado de Santa Catarina - sim, aquele mesmo que tanto criticaram recentemente, lembram de Balneário Camboriú? - e já correm levas de migrantes para lá, sem dinheiro, preparo, formação, nada.

Logo começaremos a ver a imundície nas ruas, surgimento de favelas, criminalidade aumentando exponencialmente e, com isso, dando uma excelente plataforma eleitoral para criminosos travestidos de deputados e vereadores. Estes, abafarão os crimes, instituirão inúmeros programas assistencialistas às custas do dinheiro do povo honesto e logo a bela e Santa Catarina será um lixão, um destroço apocalíptico e social tal qual o Rio de Janeiro e Cabo Frio.

Tal doença se repete em todo o Brasil, há mais de 40 anos, e nada é feito para mudar, pois os políticos vivem, se nutrem e engordam suas barrigas e contas em paraísos fiscais graças à tais parasitas - verdadeiros sustentáculos de seu poder.

É lamentável ver isso acontecendo em um estado tão belo, com pessoas bonitas, decentes e trabalhadoras. Logo, o tom cinza abundará nos ônibus, nas calçadas e nas inúmeras filas que se formarão: vale-gás, vale-transporte, vale-refeição, vale-tudo. E nada será feito, sob o sacrossanto nome da demagogia, travestida de "justiça social".

Sim, tudo isso acontecerá, nada será feito e tal constatação apenas reforça minha convicção que jamais verei o Brasil ser um local decente para se viver.

Triste isso, mas já me conformei.

Adeus, bela e Santa Catarina!


Walter Biancardine



O SISTEMA É SODA, PARCEIRO -


Você assistiu "O Lobo de Wall Street"? Torceu pelo senhor Jordan Belfort (o lobo) ou por sua queda? Aplaudiu o agente do FBI que o prendeu ou achou injusto, já que vivemos em uma sociedade apodrecida?

Você leu "Chateau, o Rei do Brasil"? Admirou a meteórica escalada de Assis Chateaubriand e como ele se tornou a própria opinião pública do Brasil? Ou condenou o uso político de suas mídias e seu narcisismo e egocentrismo absurdos, em vida pessoal?

Se você encontrou motivos para justificar e aplaudir os comportamentos, meios e objetivos de ambos, não os condenando sob nenhuns aspectos, parabéns: isso revela apenas uma profunda inveja de uma realidade, um sistema que poderia fornecer todos os bens materiais que ambiciona e assim, tal postura denota apenas desespero e um secreto implorar por fazer parte "do clube".

Já se a total condenação sobre atos e tudo o mais de ambos os citados é seu veredito final, o bater inapelável de seu martelo demonstra o enorme despeito, ranço, raiva e frustração pelo sistema vigente - para melhor ou para pior - haver "deletado" você e que, de quebra, revelou sua total falta de discernimento e pensamento racional. Por consequência, agora você passa a condenar o que não soube conquistar - "as uvas estavam verdes, mesmo...".

É pouco provável que em nenhum momento desta leitura o amigo leitor tenha se lembrado de um princípio basilar, fundamental para aqueles que tentam se lançar no mundo corporativo das grandes empresas e do mercado - o mercado de verdade, o pesado: tal princípio é que "a moral dos negócios não é a mesma da moral pessoal, social".

Deste modo, haveremos de considerar como execráveis todas as atitudes de ambos os personagens citados enquanto focarmos nas suas vidas pessoais, seus relacionamentos, famílias, amigos e etc. Mas na moral dos negócios, creia, a coisa toma limites bem mais flexíveis - e se você os rejeitar, cairá.

Ao oferecer ações a investidores incautos, provocar forte alta no mercado e depois causar baixas catastróficas, o sr. Belfort age tal qual um simplório vigarista vendendo o "bilhete premiado": não houvesse o secreto desejo da "vítima" em lucrar, se aproveitando de ilusória necessidade do vendedor-golpista, a mesma não teria caído no golpe.

O mesmo se dá com Chateau, conseguindo tiragens expressivas em seus jornais e revistas e superando seus concorrentes às custas de reportagens sensacionalistas, "furos" de reportagem que se repetiam ao longo dos anos, matérias sobre crimes sangrentos ou escândalos sobre celebridades, donos de indústrias ou as próprias indústrias. Se todos não tivéssemos a ânsia em ver sangue nas páginas do jornal, sabermos que um artista levava uma vida mais devassa que a nossa - e que amenizava nossos descaminhos - ou que empresas nada mais eram que assaltantes com alvará, tal imperio sequer teria sido criado e sustentado.

Em ambos os casos, os limites da legalidade foram abertamente ultrapassados mas, se não o fossem, não poderiamos condenar a mentalidade empresarial de nenhum deles. Sim, é isso que o amigo leu.

Mas, tudo isso só por causa de dinheiro, perguntará o leitor. Não, não apenas por isso, pois dinheiro é algo que todos nós queremos e o conseguimos na justa medida de nossas limitações - morais, intelectuais, acadêmicas, bem como outras imprescindíveis como ousadia, coragem e capacidade de assumir riscos calculados.

Na verdade, ambos miraram na mais deliciosa das co-morbidades da fortuna: o poder.

Quem lida com stock market, investimentos, corporações empresariais, ambiciona acima de tudo o poder, a capacidade de controlar o mercado, a empresa, o próprio ramo de negócios, tudo. E quem lida com jornais, revistas, rádio, TV, qualquer mídia seja ela qual for, também ambiciona o devastador poder que pode ser obtido através deste caminho - o dinheiro é fator secundário e inevitável.

De tudo o que escrevi, espero que fique o seguinte recado: cuidado com as frases feitas que ouvimos desde criança, tais como "isso não é pra mim" e outras de igual jaez. É preciso ambição e desejo de poder, todos nós precisamos disso, por menor que seja a dose necessária - ou seu poder sobre sua casa e seus filhos desaparecerá, bem como seu cargo no escritório ficará em risco por sua apatia e falta de proatividade (maldita palavra).

É certo que existe o poder do respeito, da consideração devotada pelos que te cercam mas, infelizmente, isso não é tudo. Tente exercer poder, estabelecer seus limites ou algumas poucas e convenientes regras em sua casa, sem ter um emprego que pague as contas: será um tiro na água.

Assim, não faça tábula rasa e se deixe levar por dualismos maniqueístas do tipo "eu sou bom e ele é mau". Nossa vida diária se equilibra em um tênue e fino fio moral, não permitindo rótulos simplistas ou atitudes-padrão, pois esta sociedade que se nos apresenta depravada e dissoluta é a mesma que nos ensinou a sempre, sempre se conformar com tudo.

E, ao chegar no trabalho, lembre-se: ali, a regra é outra, os princípios são bem mais elásticos e a moral de casa nenhuma serventia possui.

Depois de se escandalizar com o que leu, já mais calmo, tente lembrar do que aqui está escrito e reflita. A vida é sempre um aprendizado e condenações à priori são, no mínimo, burras.

Fica a dica.


Walter Biancardine



segunda-feira, 30 de junho de 2025

POR UM PUNHADO DE ESPERANÇA -


Ao contrário do que muitos possam pensar ou supor, não tenho nenhum vínculo empregatício com a TVD News, ContraCultura ou mesmo o Carta de Notícias: escrevo, divulgo, brigo e tento atrair o máximo de pessoas para os mesmos unicamente por ser a forma que me restou - agonizante - de tornar visíveis as verdades que a mídia tradicional esconde.


As redes sociais já começaram a garfar artigos (o Carta de Notícias sofreu a primeira mordida precisamente no dia de hoje) mas nos restam o ContraCultura, que é um site europeu, baseado em Lisboa, Portugal, e imune portanto aos arreganhos do Judiciário brasileiro.

O mesmo se dá com a emissora de TV, nossa conhecida TVD News, baseada na Flórida, USA, igualmente a salvo da temida jurisdição verde-amarela até pelo fato de ser um canal televisivo e, contra estes, ao menos por enquanto, ainda não miraram suas armas. Nestes, talvez, desfrutemos alguma liberdade durante algum tempo. Quanto? Não sei.

Já eu, como todos sabem, mantenho o Facebook, X-Twitter e Telegram apenas como forma de divulgar os citados acima, pois meu canal do YouTube encontra-se praticamente morto, desmonetizado em definitivo, 28 vídeos roubados e nada que eu poste lá terá o mínimo alcance, dado o "shadow ban" permanente instituído desde há muito tempo, contra mim.

Para finalizar, resta a pergunta: então, por quê insistir?

Na verdade, nem mesmo eu saberia responder. Não tenho esperanças de, ainda em vida, testemunhar quaisquer mudanças mas sinto que todos nós, que aprendemos algo, temos a obrigação moral, patriótica e cristã de orientar esta nova geração que vaga por aí tal qual zumbis do racional, múmias cognitivas e fósseis ideológicos. E esta orientação, este ensino, estes exemplos só poderão atingi-los através da mídia, pouco importando qual.

Não assistirei ao final do filme e sei que cairei antes.

Mas, se é para cair, então levarei muita gente comigo.


Walter Biancardine



sábado, 28 de junho de 2025

TODOS ESTÃO ERRADOS. CERTO, SÓ EU -


O título deste artigo resume o pensamento democrático da senhora Carmem L., que declarou-nos como "213 milhões de tiranos" a confrontar e impor nossa força descomunal e despótica sobre uma pobre e indefesa Corte Suprema.

Pesadelos kafkeanos à parte, ressalta aos olhos mais desavisados o desconhecimento (ou a inconveniência de lembrar) de um princípio basilar da democracia, onde a maioria exerce seus desejos sobre a minoria. Tal senhora nos diz, com tal declaração, que somos um oceano de pessoas - todo um povo, toda a vontade da maioria esmagadora de uma nação - a escolher uma suposta cegueira ignorante, preterindo as sábias decisões daquele colegiado.

Mas, ao fim e ao cabo, pouca ou nenhuma diferença faz. Tal expectoração rançosa é apenas um desabafo a secundar o total despotismo da mesma instituição onde habita e que, colocando-se no papel usurpado de legilsadores e, mesmo assim, ignorando a vontade da maioria, nos empurra garganta abaixo, ditatorialmente, seu totalitarismo despótico e absolutista.

Esta mesma expectoração, já citada, deixa ao menos a certeza - mesmo aos mais estúpidos - que vivemos em uma ditadura, onde pouco importa a vontade de 95% da população, e que a mesma de lá não sairá - não com bons modos.

Acordem e esqueçam novas leis, eleições ou - pior ainda - uma nova Constituição. Mesmo as manifestações marcadas para este domingo devem ser encaradas como algo a ser visto por povos e nações estrangeiras, e que disponham de meios para nos livrar (suprema humilhação, pois isso revela nossa passividade e inércia) da ditadura real e indiscutível que vivemos.

Façam, portanto, seus cartazes em inglês.


Walter Biancardine



sexta-feira, 27 de junho de 2025

A ESPADA DE DÂMOCLES E O SONHO -


Dâmocles foi um cortesão que invejava abertamente a vida de luxo, regalias e privilégios do rei Dionísio I, de Siracusa. 

Um dia, este rei o convidou a passar um dia sendo ele e desfrutando de tudo o que ambicionava. Pois bem, ao fartar-se em portentoso banquete, Dâmocles percebeu que no teto, por sobre sua cabeça, apenas um fio fino segurava enorme espada a qual, se caísse, o degolaria imediatamente.

Ciente dos riscos iminentes, da fragilidade e do quão provisório e passageiro este mesmo poder cercado de luxo pode ser, Dâmocles entendeu o recado e voltou para seu lugar.

Tal é o papel que a grande mídia - bem como acéfalos ainda detentores do poder de falar - se prestam, quando endossam e louvam a usurpação legislativa cometida pelo STF, bem como sua inegável exibição de poder ditatorial e despótico.

A deficiência cognitiva de uma Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, CNN, GloboNews e mesmo parvos em carreira solo como um Reynaldo Azevedo, fez com que se colocassem, sem nenhuma vergonha ou se darem conta de seu suicídio profissional, em posição idêntica ao do infame Dâmocles. Esqueceram que a história pode ser adulterada mas não mudada, e que ao longo dos séculos, o fim inevitável de quem assim procedeu foi sofrer, invariavelmente e em sua própria pela, os mesmos arbítrios déspotas que procuraram louvar no passado. E a hora deles chegará.

Por outro lado, a fome cega das bestas-feras togadas tornou, com tal "decreto", inviável a presença de quaisquer redes sociais norte-americanas no Brasil, pois seu país de origem não permite que tais empresas - mesmo baseadas em solo estrangeiro - violem os princípios básicos legais daquela nação. 

Deste modo o X (Twitter), Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp e outros) ou mesmo a poderosa Google se verão em posição conflitante com seu país de origem e - pior - sem que jamais censurem ninguém, pois as ordens virão diretamente de Brasilia e eles apenas levarão a culpa - testas de ferro do despotismo.

As plataformas digitais há muito superaram a mídia tradicional no "share" publicitário - por isso a dependência cada vez maior de tevês e jornais de verbas estatais. Se tais redes digitais saírem do país, a ilusão de que os anunciantes se voltarão para os meios tradicionais será vã e de curta duração: o público aboliu a TV aberta, pelo fato da absoluta maioria de seus canais dedicarem-se apenas á doutrinação, e logo os anunciantes deixarão de gastar seu dinheiro com algo que não dá retorno.

E aí será a consolidação deste pesadelo anunciado: a mídia tradicional começará a ser sangrada via censura, perda de patrocínios,, de nomes e gemerá sob o peso cada vez maior dos lustrosos sapatos italianos daquela "Corte".

Resta saber se o povo brasileiro, amplamente acostumado a engolir tudo calado, aceitará mais este estupro ou se correrá - feliz - para algum "FaceBrás", "InstaBrás" ou "XBrasil" instituído sob as rédeas dos togados.

Por óbvio toda a segunda parte deste artigo são apenas hipóteses, sonhos.

Mas os Dâmocles continuam se revelando.


Walter Biancardine



quinta-feira, 26 de junho de 2025

UM PALIATIVO CHAMADO TARCÍSIO -


Somente alienados ou aqueles que buscam, voluntariamente, não enxergar a realidade poderão alegar surpresa nos atos subsequentes à eventual eleição de Tarcísio de Freitas, para a Presidência da República.


Sua inegável competência administrativa à parte – e que será o ponto focal de sua administração, trazendo talvez uma vida menos difícil para o povo – o fato é que, em termos de liberdade de expressão, garantias individuais e usurpação do Legislativo pelo Supremo Tribunal Federal, nada será feito. E este é o acordo da “terceira via”.

A “ameaça” chamada Jair Bolsonaro já está neutralizada, seja pela sua irreversível inelegibilidade ou por sua fatídica condição física, causada pelo atentado esquerdista que quase o vitimou. Ainda que o ex-Presidente apontasse algum outro candidato de sua escolha – filhos, esposa, seja quem for – o mesmo igualmente seria barrado pelas ferozes e onipotentes garras do STF.

Abro aqui um parêntese para especular se, em algum momento, Bolsonaro apontaria Tarcísio como seu candidato: melhor que não, pois se assim proceder, demonstraria publicamente que se rendeu aos acordos da terceira via e do “Centrão”.

Arrisco uma previsão, a qual meus leitores poderão me cobrar, ao fim do mandato de Tarcísio: a situação econômica do país melhorará, talvez tenhamos até uma diminuição significativa nos índices de desemprego, a inflação será reduzida e algumas tentativas de realinhamento com os Estados Unidos – tímidas – poderão, eventualmente, ser feitas.

Mas nem uma palha sequer será movida para revogar o controle do Judiciário sobre a internet e as plataformas digitais; as quais serão verdadeiras “testas de ferro” de Alexandre de Moraes e sua sanha aleatória e caprichosa sobre quem censurar, banir, multar ou prender: ele determinará tais ações em “off” e as plataformas ficarão caladas, obedecendo e passando a imagem de estarem, simplesmente, praticando uma temerosa e preventiva “auto-censura”.

Deste modo, o quadro que teremos ao longo do quadriênio tarcísico será de um aparente progresso material, em contraponto às mais tenebrosas e opressoras medidas de cerceamento de quaisquer vozes e opiniões contrárias ao jugo do verdadeiro Poder: a ditadura do Judiciário, onde Tarcísio será apenas um gerente, um administrador que certamente cuidará bem do negócio, mas sem se intrometer nas idiossincrasias dos patrões togados. E para o povo em geral, o povão, isso basta.

Perguntará o leitor: e se Bolsonaro pudesse concorrer, faria algo diferente?

Eu respondo, desalentado, que não. Eleições, promulgações de emendas constitucionais, nova Constituição ou mesmo novas leis – nada disso é capaz de derrubar uma ditadura e quem nisto acreditar e assim intentar, sentirá na própria pele sua destituição do cargo e, mesmo, eventual prisão.

Alguns pensarão nas Forças Armadas, mas a cúpula da mesma já está prometida em casamento ao Supremo, tendo inclusive recebido polpudo dote matrimonial. Assim, igualmente, nada fará.

Sobrou um amontoado de Coronéis, pulverizados ao longo de todo o país e que, dificilmente, terão condições de se reunirem e articularem qualquer espécie de reação – além de estarem, no fundo de suas consciências, cometendo verdadeira “heresia” contra os dogmas militares de disciplina e subordinação.

Motins fardados, igualmente, estão fora de questão.

Restam os motins paisanos e a esperança de sermos secundados por poucos e eventuais alucinados de farda.

Mas aí já entramos no terreno dos sonhos.


Walter Biancardine



quarta-feira, 25 de junho de 2025

BONNER ACERTOU O ALVO MAS ERROU A MIRA -


Lamentando a queda drástica de audiência de um dos principais carros-chefe da programação da Rede Globo, o Jornal Nacional, o apresentador – e quiçá jornalista – Willian Bonner afirmou que “as redes sociais são um problema para a humanidade”.

Sim, Bonner acertou o alvo se ele referiu-se apenas aos vícios da mentira, boataria, falsas promessas, comércio sexual e enganações, espalhadas pelas principais plataformas hoje em dia. Mas errou a mira ao omitir o fato de que tais erros, inerentes à quase sempre pérfida natureza humana, apenas espelham as táticas desonestas e sujas praticadas, sem pudor, pelas próprias emissoras de TV – em especial a Globo, que outrora deteve o monopólio da opinião pública brasileira e hoje sobrevive às custas de aparelho (estatal) a injetar-lhe oxigênio.

Os queixumes globais refletem a agonia de um gigante moribundo, a ecoar pelos noticiários somente por suas gigantescas dimensões e importância pretérita. A verdade, entretanto, é que tais lamentos são compartilhados por todas as emissoras de TV brasileiras hoje, que padecem de um mal à muito custo ocultado: a TV aberta agoniza sim, mas não por questões de programação pobre, atrações que a ninguém atrai ou os costumeiros revezes típicos do entretenimento. Ela agoniza por total e absoluta falta de credibilidade – e, no caso global, já em fase de metástase, pois quando obriga seus artistas a compartilharem suas mentiras e apoios equivocados, transfere aos mesmos o vírus do descrédito, repulsa e rejeição. Não importa a emissora: tais artistas, contaminados, afastarão o público de qualquer estação de TV que trabalhem.

O quadro que o telespectador brasileiro enfrenta hoje, em seus lares e diante de suas tevês, é desanimador: emissoras de TV aberta a dedicarem seus dias apenas à doutrinação, defesa de ditaduras e engenharia social – sem programação infantil, sem quadros mais ingênuos como programas de culinária, moda ou nada em que não se possa enfiar vieses ideológicos no meio – ou os canais de TV a cabo, que reduzem a mente humana a parâmetros quase oligofrênicos ao tratar apenas de um só assunto, 24 horas ao dia: notícias, ciências, arqueologia, animais, e outros. E isso não é companhia, é quase uma aula obrigatória sobre assuntos que – passado o foco de nossas atenções – torna-se tedioso e maçante.

Restam as redes sociais, contaminadas por hábitos “click-bait” (caça-cliques) como histeria, risos teatrais e ensurdecedores simulando alegria, vocabulário pobre e errado ou denúncias portadoras de tanta ira fake que nos leva a perguntarmos: e por quê esses caras, sempre tão indignados, nada fazem e só reclamam? Para piorar, os canais das redes sociais foram criados exatamente para encarnar o mais puro suco da segmentação monotemática das emissoras de TV à cabo – ninguém aceitaria ver um Allan dos Santos ensinando a regular um carburador mas, por outro lado, assistir sua indignação por todo o dia é algo que ninguém merece (e não vai neste comentário nenhuma crítica ao mesmo, pois segue fazendo apenas o que se propôs).

E ainda existe um perigoso fator, a agravar tudo isso: o desejo explícito da atual ditadura do Judiciário em censurar os canais conservadores ou opositores do atual regime, que tratam de política nas redes sociais, sob a desculpa de “propagação de discursos de ódio”, divulgação de conteúdos indecentes ou nocivos e outras mentiras de igual jaez. O resultado, inevitável (pois tal censura virá, antes das eleições de 2026), é a extinção de tais canais, muitos deles excelentes, nos deixando apenas com as demências digitais de um Felipe Neto ou os todo-poderosos canais esquerdistas de política – e tais influencers conservadores ficarão sem emprego e sustento.

Para completar, as plataformas sociais são movidas por algoritmos e se você assiste um canal que trata de política, só aparecerão outros sobre o mesmo tema, em sua linha de sugestões – é o fim de seu livre-arbítrio para escolher ou a triste morte do acaso, que poderia nos fazer descobrir um canal novo, bom e que trata sobre jardinagem, por exemplo.

O nosso quadro atual: uma TV aberta doutrinadora, mentirosa, desacreditada e insuportável, dependente física e psiquicamente de verbas estatais; canais de TV a cabo monotemáticos, que aborrecem após meia hora assistindo e redes sociais tentando, desesperadamente, fazer o papel de cocaína no sangue de novatos, deixando-os “pilhados”, histéricos e oligofrênicos – e nisso se misturam tanto bons canais (que serão censurados) quanto os infames “caça-cliques”.

A antiga TV, aquela que nós (mais velhos) fomos criados – a companhia ao longo do dia, que nos trazia um leque variado de informações e entretenimento razoavelmente confiáveis, se perdeu. E esta é a causa mortis da Rede Globo de Televisão, bem como das demais emissoras, que tentam sobreviver aos arreganhos das verbas estatais, imitando-a.

A velha TV, oriunda do rádio e companheira de todas as horas, morreu e ninguém percebeu.

Até porque o cadáver, não recolhido, fede demais para sentirmos falta do defunto.

É hora de uma nova TV.



Walter Biancardine



sábado, 21 de junho de 2025

A "VÊ-ELETIZAÇÃO" DO RIO DE JANEIRO -



A palavra do título é um neologismo trôpego, que criei a partir da sigla VLT - Veículo Leve Sobre Trilhos, um simples bonde em traje esporte fino - que serviu como justificativa para os governantes cariocas condenarem o centro nervoso e econômico do Rio de Janeiro à morte, transformando suas principais artérias em "ruas de pedestres" - e é conhecida a repulsa que o ser humano médio sente por tais logradouros, a menos que não ultrapassem uma curta distância.

Tal medida, creio que proposital, terminou por provocar o esvaziamento do bairro, mais que centenário em suas funções e que hoje não passa de um deserto, destinado somente a servir como cenário de fotografias de turistas e passeios de alguns eleitores-zumbis, cativos. Entendido o conceito, aplicado com sucesso na antiga capital cultural do país, passemos adiante.

O Estado não quer o povo nas ruas, seja em seus afazeres cotidianos e, muito menos, sentindo-se íntimo das mesmas ao ponto de utilizá-las em protestos. A obra magna da engenharia social - a quarentena da COVID - "acostumou" e viciou o povo em supostas comodidades do home-office e abriu caminho para as mais absurdas e abusivas intromissões do Poder Oficial sobre nossa vida diária.

Deste modo, temos hoje o desgosto de ver estas estratégias se espalhando por diversas outras cidades, a ponto de governos, ONGS (sempre elas) e a cínica "sociedade civil organizada" se intrometerem até mesmo na mais singela das praias - sim, pasmem: praias - legislando, impondo e, pior, edificando nas mesmas, e tudo isso "para o nosso bem".

Recentemente, em um misto de saudosismo e curiosidade, resolvi revisitar a cidade de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, e que poderia ter deixado as ilhas gregas no chinelo, não fossem a incessante roubalheira, conveniências políticas, acordos espúrios e o inevitável QI 83 de seus governantes.

Milênios atrás, quando os dinossauros ainda caminhavam sobre a terra e os bichos falavam, eu era íntimo desta cidade e de suas praias. Ainda um gurí (piá pra vocês aí do Paraná, molequinho para brasileiros em geral), estava sempre à bordo de meu Jeep com meu pai, ora indo pela estrada, ora dirigindo direto pela praia, até alcançar a cidade e nosso objetivo: a Prainha, onde comíamos o inimitável filé de peixe do Carlão - verdadeiro cover de Jamelão, com sua voz potente e afinação - e tomávamos cerveja na varanda da casa de Lucy, que era construída diretamente sobre as areias da praia, bem no canto da mesma e quase já nas rochas do canto direito.

Também lembro de lá chegarmos nas lanchas de meu pai e mergulharmos em busca de peixes e mariscos, e tudo isso em um ambiente absolutamente natural, sem interferência da mão do homem. Contrariando a doutrinação atual, tratava-se de locais limpos, sem as fatídicas embalagens e sacolas plásticas de hoje, e onde haviam peixes, lagartos nas rochas, vegetação natural e tudo o mais necessário para que a considerássemos como nossas ilhas gregas ao alcance das mãos.

Mas então chegaram as ONGS, as "bandeiras azuis", a "preservação ambiental" e tudo isso motivado pelas hordas de farofeiros que, por onde passavam, sequer a grama nascia mais - sim, um problema real e que urgia resolução. Mas o que fazer quando a solução é pior que o problema? O que fazer quando tais farofeiros são bajulados, seduzidos e mimados pelos próprios governantes?

Resta-nos aceitar que tais governantes simplesmente destruirão tudo; em cada pedra, cada cacto e, se puderem, em cada peixe tentarão deixar uma placa de bronze com seu nome, declarando-se como "salvador da natureza". E assim aconteceu com Arraial do Cabo.

Se o amigo leitor é cardíaco e pensa em visitar o Arraial do Cabo, evite surpresas já sabendo que a prefeitura construiu um muro - sim, um MURO! - separando parte da praia do calçadão lá construído. A desculpa? Conter as preciosas dunas de areia, tão preciosas que incentivam o nascimento de vegetação da restinga sobre as mesmas, e que as transformarão, com o passar do tempo, em simples morros de terra.

Não satisfeitos, nesta mesma praia - dos Anjos - a Marinha do Brasil surtou (é o termo) e edificou enorme construção no canto esquerdo da praia, vedando a passagem de banhistas. Ao que parece, o antigo prédio do IPQM - Instituto de Pesquisas da Marinha - tornou-se pequeno para que suas pesquisadoras possam medir o crescimento das tartaruguinhas que por esta região desovam.

Ao invés de areia e praia, prédios para se alugar unidades para temporada; asfalto e calçadões, nos arremedos de Avenida Atlântica, e quiosques, quiosques e mais quiosques - todos vendendo a mesma coisa, pelo mesmo preço e alguns até - pasmem - em frente ao vergonhoso muro da prefeitura, que "contém a marcha das dunas". Você lá pode sentar, pedir uma cerveja e olhar para o muro. E é só.

Confesso que não tive disposição para tentar revisitar a Prainha, destino de maior sucesso da cidade. É mais fácil entrar na residência papal no Vaticano que acessar este local, o qual você terá de deixar o carro como pagamento de seu estacionamento, além de cumprir uma centena de burocracias - impostas pelo Estado, a prefeitura - para, finalmente, molhar os pés nas suas gélidas águas.

Mas, creia: tudo isso "é para seu bem", para "preservar o meio ambiente". É uma pena que tenham abominado a preservação de nosso bem-estar, mas o pagador de impostos é quem menos interessa, nesta sórdida equação.

Dou graças à Deus por estar de malas prontas para ir embora da Região dos Lagos, após um quarto de século vivendo por aqui.

Breve estarei de volta ao Rio, terra onde nascí e me criei.

E poderei andar de VLT.



Walter Biancardine



domingo, 15 de junho de 2025

COUNTRY ROADS, TAKE ME HOME TO THE PLACE I BELONG...


Meus dias de pastos desertos, bois, vacas e cavalgadas de pastoreio terminaram, mas só agora vejo que deixarão saudades.

Horizontes infinitos, o vento gelado ao nascer do sol, o cheiro de Baião - meu cavalo - e a sensação indescritível de liberdade sustentavam a solitude providencial, que terminou por me encaminhar a novos rumos na vida.

Agora, malas prontas, vivo a iminência de voltar para minha terra natal - asfalto, trânsito, buzinas, poluição - mas que, confesso, tem uma querência especial para mim.

Os pastos ficam para trás, meus dias de vaqueiro também - bem como a solidão.

Agora é hora de voltar ao mundo concreto e tratar da vida.

Em breve.


Walter Biancardine


quarta-feira, 11 de junho de 2025

ACABOU: CENSURA NAS REDES É IRREVERSÍVEL -


O obeso cérebro de Flávio "Gordola" Dino acaba de tornar irreversível, por 6X1, a obrigatoriedade das redes sociais se tornarem "editoras" do conteúdo postado por seus usuários - como se fossemos repórteres de um jornal.


Plataformas como YouTube e Facebook nunca tiveram escrúpulos em obedecer, ainda que de forma ilegal, os rosnados censores do Ovo de Moraes, mas agora passarão a fazer isso de forma muito mais feroz, persecutória (como sempre) e amparados pela lei, uma legislação feita por um tribunal de exceção.

Todos sabem das quase três dezenas de vídeos meus roubados pelo YouTube, minhas contas extintas no antigo Twitter e as insistentes censuras e bloqueios neste Facebook e por isso - não apenas por diletância - tenho cometido as sucessivas ousadias de postar ensaios filosóficos, ao menos até que os proíbam também.

Do mesmo modo, tenho escrito livros até que proíbam e vivido até que eu morra, pois quem poderia fazer algo - de fato, de direito, com poder e influência para isso - ocupa-se atualmente em convidar um ditador assassino para compor chapa em sua delirante candidatura a Presidência da República.

Entendam: o maior problema do Brasil não são seus ditadores, o narco-estado que somos, o tráfico de drogas, o crime organizado, as mortes, a corrupção ou o abandono urbano. Tudo isso pode ser resolvido, basta que exista vontade política.

O maior problema do Brasil é, creiam, seu povo.

Sim, somos nós, já delinquindo desde tenra infância e hipnotizados pela grande mídia, indústria cultural, sistema de ensino e demais fábricas de omissos-passivos, sempre cúmplices de qualquer corrupção ou desmando, desde que o favoreça.

O Brasil morreu, descanse em paz.

Agora somos súditos da China, Rússia, Islã e do narcotráfico. Um admirável mundo novo.


Walter Biancardine


EDUARDO PAES MATOU O CENTRO DO RIO -


Desde a Remodelação do Centro da Cidade por Eduardo Paes o local esvaziou, escritórios se mudaram e o local estagnou - e não foi só estagnação - foi uma espécie de morte clínica com aparência de modernização.


A chamada "Revitalização do Centro do Rio", especialmente na gestão de Eduardo Paes com o projeto “Porto Maravilha”, foi uma dessas cirurgias urbanísticas que arrancam o coração do paciente para depois dizerem que ele está mais saudável porque está com o rosto lavado.

Vamos por partes.

O que se prometeu:
* Um novo centro financeiro e cultural.

* Reocupação de áreas degradadas.

* Valorização do transporte público (VLT, ciclovias).

* Gentrificação “do bem”, segundo eles.

O que de fato aconteceu:
* A região central, sobretudo entre a Av. Rio Branco e a zona portuária, perdeu densidade demográfica e comercial.

* Escritórios tradicionais se mudaram para a Barra e para a Zona Sul, fugindo de uma área que virou um canteiro de obras eterno - e depois, um deserto modernoso.

* Pequenos comércios faliram aos montes por causa da longa duração das obras e da falta de circulação.

* O Porto Maravilha virou um projeto bonito no papel, com calçadões e museus cenográficos (como o Museu do Amanhã, aquele escorredor de pratos feito de concreto), mas sem vida real ao redor.

* A segurança continuou precária, e à noite a região virou terra de ninguém.

Em resumo:
Houve um esvaziamento real. O centro perdeu vitalidade, e a tal "revitalização" - termo de marketing usado para cobrir processos de expulsão econômica e deslocamento social - produziu um espaço artificial: bonito em foto aérea, impraticável no cotidiano.

A estética venceu a funcionalidade. Tiraram o caos criativo do centro e puseram no lugar um catálogo de urbanismo internacional, desses que agradam ONG de arquitetura em Oslo, mas não servem pra quem precisa pegar o ônibus às 6 da manhã e comer num boteco às 13h.

Um diagnóstico duro: o centro do Rio virou uma maquete ambulante. Bonita, mas fria, e sem alma.

E boa parte disso se deve às decisões tomadas durante a tal "remodelação", obra e graça das frescuras do socialistíssimo Eduardo Paes, o homem que matou o Centro nervoso do Rio de Janeiro.


Walter Biancardine



A CULPA É SÓ SUA, O RESTO É GNOSE MODERNA -



“Não sigo nenhuma religião, mas sou uma pessoa muito espiritualizada” – esta é a senha para identificar aquele que a pronunciou como alguém que deseja a salvação mas sem sacrifícios, já que os problemas em sua vida, as atribulações, adversidades e até mesmo tragédias jamais são provocadas ou contam com sua participação. Elas sempre serão vistas como frutos deste “mundo opressor”, de uma “sociedade injusta”, de “políticos safados” ou até mesmo como resultado de “pecados cometidos em vidas passadas” e que, neste momento, ele – tão bom e puro atualmente – está pagando.

Este deslocamento da culpa, o colocar-se em posição passiva e sofredora diante dos problemas é mais que o vitimismo que atualmente assola a sociedade, pois o mesmo tem suas raízes no velho e carcomido gnosticismo – sim, aquele, que pensávamos estar esquecido e sepultado. Somando-se à isso a vaidade de dizer-se bom e justo, temos a receita perfeita para o verdadeiro surto de um “neognosticimo” (chamemos assim) que parece estar grassando, principalmente, nas redes sociais.

Pois bem, tratemos do tal gnosticismo. Teoricamente, ele diz que se encontra a salvação pelo conhecimento, e não pela fé. Precisamos do conhecimento de que vivíamos em um mundo superior, sem sofrimento, até que um deus inferior - um demiurgo - criou este mundo e nele nos jogou. 

Deste modo, alegam eles, é necessário saber disso e também nos "lembrarmos" que Deus está dentro de nós, que temos um "instinto", um "âmago" divino e chega ao ponto de dizer que Jesus não veio nos ensinar, impor algo a ser seguido mas, isso sim, ser nosso amigo e caminhar conosco na senda do autoconhecimento do divino que há em nós, resultando que todo o mal do mundo se deve ao local (mundo do demiurgo) que vivemos, e que não temos nisso nenhuma culpa. 

Então, analisemos: como sabemos que vivíamos em um mundo melhor? Eles dirão que um mensageiro (anjo) nos revelou isso. Um anjo? Ora, então é preciso – antes de qualquer conhecimento – ter fé, fé e crença em anjos, e apenas isso já desmonta toda a narrativa! Para piorar, acrescenta a este "conhecimento" a certeza que há "algo divino" dentro de nós, uma "auto-divinização" que nos torna superiores, e que só sofremos em decorrência da ignorância deste fato, que nos coloca a mercê deste mundo mau do demiurgo – das circunstâncias. 

Penso que tal teoria não é uma doutrina religiosa, mas a expressão de um sentimento perfeitamente humano, pois todo e qualquer indivíduo já se sentiu preso, ilhado, encurralado em uma sucessão de acontecimentos terríveis. 

Para terminar, isentar-nos de culpa apontando o mundo mau ou as circunstâncias muito se assemelha às pregações mais vulgares, onde tudo de ruim que acontece ao crente é culpa do diabo, nunca dele ou de suas ações, atitudes ou escolhas. 

Analisemos por partes, pois.

1. “O gnosticismo parte do conhecimento, não da fé.”

Certo, mas logo tropeça em si mesmo. Esse “conhecimento” precisa ser crido antes de ser compreendido. E não é qualquer crença – é uma crença esotérica, oculta, supostamente revelada por intermediários (anjos, eons, Cristo como “Logos separado do corpo”, etc.).

Ou seja, não se trata de uma filosofia puramente racional, mas de uma mitologia que exige fé na narrativa antes de qualquer racionalização.

É fé disfarçada de conhecimento, ou se preferirmos, mito mascarado de episteme.

2. “Sabemos que vivíamos num mundo melhor por revelação.”

Perfeito. A ideia da queda prévia implica memória mítica – uma “anamnesis” platônica com febre mística. Mas vejamos:

    • Quem garante essa lembrança?

    • Se estamos presos no mundo do demiurgo e nossa alma foi mergulhada na matéria, como confiar que a mente ainda intui com clareza esse mundo perdido?

Aí mora o problema: o gnosticismo coloca toda a responsabilidade no esquecimento, mas depende de uma lembrança confiável para nos tirar dele. Contradição básica. É como dizer: “Você está dormindo profundamente, mas se se lembrar que está sonhando, acorda”. Mas quem lembra o que é acordar se nunca acordou?

3. “Deus está dentro de nós.”

A velha ladainha do “divino interior”, isso sempre seduz os vaidosos.

Mas o gnosticismo comete aqui o pecado da soberba espiritual: ele não apenas diz que há algo bom no homem, como diz que o homem já é parcialmente divino, apenas ignorante disso. Isso nos leva a duas consequências filosóficas perigosas:

    • Nega o pecado como escolha e responsabilidade.

    • Coloca a salvação como um processo de lembrança de superioridade, não de arrependimento de queda.

Ou seja, é pelagianismo esotérico com tempero oriental. O homem não é decaído, é apenas “esquecido” – e isso dissolve a ética, porque onde não há culpa, não há responsabilidade. E se o homem já é divino, que sentido tem corrigir sua conduta?

4. “Jesus veio para ser amigo, não mestre.”

Essa é uma inversão sentimentalista, e a crítica deve ser aguda:

Se Jesus é apenas guia interior e não redentor, ele não exige conversão, apenas aceitação de si mesmo.

Mas veja que isso é psicologia de autoajuda misturada com um pouco de Jung e um punhado de Paulo Coelho:

“Você é uma centelha divina, Jesus veio te mostrar o Deus que você é…”

Ora, isso não é religião – é espelho.

Não há outro, não há alteridade, não há “Tu” divino, apenas um Eu profundo e narcísico, onde a salvação é olhar para dentro como quem olha para um lago e vê Narciso com barba de profeta.

5. “Todo o mal vem do mundo, não de nós.”

Aqui está o ponto teológico mais frágil do gnosticismo – e talvez o mais covarde também.

A demonização da matéria (dualismo radical) resolve magicamente o problema do mal:

    • “Não foi você, foi o demiurgo.”

    • “Não foi o pecado, foi a prisão corporal.”

Como muito bem podemos notar, isso é idêntico à teologia do bode expiatório presente em seitas vulgares:

“Tudo que dá errado é culpa do capeta, do mundo, da inveja dos outros, do karma astral, das energias.”

Nada de culpa, nada de juízo, nada de cruz – só projeção.

É, no fundo, uma teodiceia ressentida, uma cosmologia do coitadismo.

6. “Gnosticismo não é religião, é expressão de um sentimento humano.”

Bingo, este é o coração da coisa. O gnosticismo, antes de ser um sistema de crença, é um lamento existencial. É a voz do homem preso no absurdo, querendo desesperadamente uma explicação que o isente da dor e da culpa. É o grito do escravo que, em vez de clamar por libertação, inventa que nunca deveria ter nascido nesse mundo. Ele não quer salvação, quer negação do real.

Por isso, o gnosticismo é menos um erro doutrinário e mais um estado de alma: um ressentimento metafísico contra a criação, um rancor espiritual contra o ser.

Conclusão:

O gnosticismo é um fracasso lógico, um desastre teológico e uma tentação psicológica.

Ele não salva, só anestesia.

E como toda anestesia, torna o paciente dócil enquanto a doença avança.


I. TEXTOS GNÓSTICOS ORIGINAIS – A SELVA DO MISTICISMO ESCORREGADIO

Os manuscritos de Nag Hammadi (descobertos em 1945 no Alto Egito) são uma verdadeira arca dos delírios gnósticos. Dentre os principais, temos:

1. Evangelho de Tomé

“Se conhecerdes a vós mesmos, então sereis conhecidos, e sabereis que sois filhos do Pai vivo.”

Aqui começa a ladainha do conhecimento interior como salvação. Nada de conversão, nada de metanóia. Só "saber quem se é". E quem somos? Centelhas divinas esquecidas. É autoajuda com incenso e um pouco de apócrifo.

2. Pistis Sophia

Um tratado empoeirado, uma novela cósmica onde Cristo sobe e desce 12 céus, falando em eons, arcontes, selos e senhas místicas. Não há cruz, nem sangue, nem pecado – apenas senhas esotéricas para vencer os guardiões do mundo inferior. Muito mais um RPG místico do que teologia.

“Dize-me as senhas da luz, para que eu passe pelas moradas do arconte.”

Ou seja: a salvação vira uma burocracia cósmica – se você souber as palavras certas, os seguranças do universo te deixam passar. É esoterismo cabalístico, revestido de mitologia cristã reciclada.

3. Evangelho da Verdade

Esse é quase “New Age avant la lettre”. Fala da ignorância como raiz do mal e da memória do Pai como cura. Cita Jesus, mas o reduz a um terapeuta celeste. O escândalo da cruz é apagado – substituído por um “retorno à fonte primordial do amor e da luz”. Parece bonito, mas é uma traição.

II. A VISÃO DO GNOSTICISMO – O RESUMO DOS DISPARATES

    1. O mundo material é obra de um deus menor, ignorante ou maligno (o Demiurgo).

    2. O verdadeiro Deus é puro espírito, inacessível, transcendente – e escondido.

    3. A alma humana é divina, mas prisioneira do corpo.

    4. A salvação vem por gnose: uma iluminação secreta que nos faz recordar quem somos.

    5. Jesus veio como mensageiro da gnose, não como redentor pelos pecados.

Resultado: nega-se a criação, a encarnação e a cruz. Troca-se tudo isso por um misticismo narcisista.

III. OS PADRES DA IGREJA – O CONTRA-ATAQUE FEROZ

1. Santo Irineu de Lião – Adversus Haereses

O mais impiedoso e sistemático dos anti-gnósticos entendeu logo: o gnosticismo não é só heresia – é blasfêmia contra a criação.

“Eles acusam o próprio Criador de ser mau, como se fosse possível desprezar a obra sem atacar o próprio Artífice.”

Irineu bate onde dói:

    • Se o mundo foi feito por um mau demiurgo, então o corpo de Cristo também é mau.

    • Se a salvação é só conhecimento, por que Cristo morreu? Por que sangrou?

    • Se o homem é divino por natureza, para que redenção?

Irineu expõe a incoerência ontológica dos gnósticos: eles querem o Cristo, mas negam tudo que torna Cristo necessário.

2. Tertuliano – o gladiador de Cristo

“Quid ergo Athenis et Hierosolymis? Quid academiae et ecclesiae?”

(“O que têm a ver Atenas e Jerusalém? A academia e a Igreja?”)

Tertuliano esmaga os gnósticos com um desprezo escatológico. Os chama de:

    • “Teólogos de palco”

    • “Charlatões da alma”

    • “Hereges com fome de novidade”

Para ele, o gnosticismo é curiosidade vã misturada com soberba intelectual. Acusa-os de serem pseudos-sábios que desprezam a simplicidade da fé cristã e o realismo da cruz.

3. Hipólito de Roma – Refutação de Todas as Heresias

Dá nomes aos bois e descreve cada vertente gnóstica como um delírio sincrético: Pitágoras, Platão, Zoroastro (sim, mas não se escandalize: estude), todos misturados num liquidificador herético.

Mostra que os gnósticos não têm unidade doutrinária: cada grupo inventa um cosmos próprio, com eons e genealogias esotéricas, tentando explicar o mal sem enfrentar a verdade: o mal vem da liberdade e da queda.

IV. O NÚCLEO FILOSÓFICO DO GNOSTICISMO – E O SEU ERRO MORTAL

A chave está aqui: o gnosticismo nega o real. Ele é, em essência, uma forma de niilismo transcendental.

Ele diz: “Se o mundo é mau, então ele não é verdadeiro.”

A resposta cristã é: “O mundo é bom, mas corrompido.”

A resposta gnóstica: “O mundo é falso, então eu me refugio no que não posso provar, mas quero crer.”

É a covardia metafísica do homem ressentido, que não suporta a dor e prefere uma mentira confortante a uma verdade redentora.

V. A APLICAÇÃO MODERNA – O RETORNO DO GNOSTICISMO

Olhe ao redor: o gnosticismo voltou – só trocou o nome.

    • Transumanismo: “Meu corpo é uma prisão, preciso superá-lo.”

    • Psicologia pop da Xuxa: “Você é perfeito, só precisa se lembrar disso.”

    • Espiritualismo gourmet: “Somos luz. Tudo é vibração. A culpa é da energia do ambiente.”

    • Cristianismo diluído: “Jesus é amor e aceitação, não cruz e exigência.”

Todos eles herdam o núcleo gnóstico:

“Não preciso mudar; só preciso despertar.”

VI. GNOSTICISMO COMO ARMA POLÍTICA – A MENTIRA REDENTORA DO RESSENTIDO

Se o gnosticismo antigo era uma fuga existencial do real, o moderno é uma engenharia social para destruir o real.

1. A Lógica Política do Gnosticismo

O filósofo alemão Eric Voegelin foi quem lançou a bigorna sobre a cabeça da serpente: para ele, o gnosticismo não morreu – reencarnou nas ideologias modernas.

“O gnóstico político acredita que o mundo é insuportável e que ele mesmo – com seu conhecimento iluminado – pode criar um mundo novo.”

O que temos aqui?

    • Um diagnóstico negativo absoluto da realidade (“o mundo é mau, o sistema é podre, a cultura é tóxica, a tradição é opressora”).

    • Uma salvação imanente, não mais no além, mas aqui e agora, operada pelo “iluminado” (o militante, o revolucionário, o justiceiro moral).

    • Uma auto-percepção messiânica: o gnóstico moderno é o "desperto", o "acordado", o “progressista esclarecido”, enquanto os outros são zumbis do patriarcado, da religião, da família ou da moral.

Assim nasce o redentor político: um falso cristo que não salva do pecado, mas promete libertar do mundo tal como ele é.

2. Exemplos Modernos do Gnosticismo Político

    • Marxismo: o proletariado é a centelha divina oprimida pelo demiurgo burguês. A revolução é a gnose que trará o paraíso terrestre.

    • Revolução sexual: o corpo (biológico) é uma prisão. A identidade (gênero, desejo, afeto) é a “verdade interior”. Liberdade é quebrar todas as formas.

    • Militância racial identitária: a pessoa é definida pelo trauma histórico e não por sua alma ou atos. A redenção vem por meio de políticas de “reparação” – ou seja, poder para corrigir uma realidade sempre má.

    • Ambientalismo gnóstico: o planeta “natural” é o Éden perdido. A civilização é o demiurgo destruidor. Só os “iluminados verdes” sabem como restaurar a harmonia.

Tudo isso forma o misticismo ideológico do ressentido: uma fé sem transcendência, um dogma sem céu, e uma cruz sem perdão — só com tribunal.

VII. O INVERSO DO SANTO: O INVASOR DA DIVINDADE – O INVEJOSO METAFÍSICO

Agora vamos à raiz venenosa: o invejoso metafísico.

1. Quem é ele?

O invejoso metafísico não quer o bem do outro – quer o mal da própria realidade. Ele inveja a ordem das coisas. Não suporta que exista algo maior que ele, mais belo que ele, mais permanente do que suas emoções mutantes.

Ele não quer ser igual a Deus no sentido de união amorosa – ele quer tomar o lugar de Deus. É Lúcifer, sim, mas também Adão diante da árvore:

“Sereis como deuses…”

O gnóstico é isso: um Adão que não pede perdão. Ele ressente-se da Queda, mas não quer Redenção. Quer revanche.

2. O gnóstico como tipo psicológico – perfis comuns:

    • O nefelibata narcisista: acha que é especial porque sofre. Veste a dor como manto régio. Diz: “o mundo é mau porque não me reconheceu.”

    • O rebelde acadêmico: despreza tudo que cheira a tradição. Chama Santo Agostinho de misógino e São Tomás de burocrata medieval. Mas cita Foucault como quem lê evangelho.

    • O militante ressentido: não ama o que defende – odeia o que combate. Vive para demolir, nunca para construir.

    • O espiritualista vazio: diz que “Jesus é amor”, mas nunca o cita como juiz. O Cristo que carrega é um espelho: ele ama o divino… em si mesmo.

3. A negação da culpa – e o triunfo do demônio inocente

Como bem notamos, o gnóstico moderno se isenta de toda culpa. O mal vem do sistema, das estruturas, do “mundo criado”. Não há pecado, apenas trauma. Não há responsabilidade, apenas circunstância.

Isso é teologicamente perverso: é a reabilitação de Lúcifer como vítima.

No fundo, o gnóstico diz:

“Não sou rebelde — fui expulso injustamente da luz.”

VIII. A RESPOSTA CRISTÃ TRADICIONAL – UM SOCO CONTRA O CÉREBRO CÍNICO

    1. O mundo é bom, mas ferido. Foi criado com amor, caiu por liberdade, e será redimido pelo sacrifício.

    2. A salvação vem de fora – da graça, não de uma luz interior autoinduzida.

    3. Cristo não é terapeuta esotérico, é Senhor e Juiz.

    4. O homem não é Deus esquecido. É criatura caída – e, mesmo assim, amada.

É por isso que o gnosticismo odeia a cruz:

    • Porque ela revela que o sofrimento é redentor.

    • Que a carne tem valor.

    • Que Deus se encarnou – e isso destrói toda ideia de que o corpo é vil.

    • Que o mal não é só fora: ele está dentro, e precisa ser vencido, não explicado.

Ao fim e ao cabo, temos acima um estudo que pode ser útil – tanto na compreensão de comportamentos que, por sua constância, acabaram por se “normalizar” quanto em momentos de reflexão e auto-crítica, corrigirmos eventuais deslizes que tenhamos cometido em nossas relações diárias.

Não há redenção sem sacrifício, nem salvação sem fé.

E para aqueles que, como eu, sofrem pela escassez desta última citada, resta andarmos pelo melhor caminho possível, ditado pelo discernimento, bom senso e juízo – mas sempre em alerta contra tais armadilhas, pois as mesmas podem vir de um simples comercial de TV ou de inocente vídeo do YouTube.

Prudência nunca é demais.


Walter Biancardine