domingo, 3 de novembro de 2024

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

 


Na famosa novela de Ernest Hemingway um homem chamado Roberto, dinamitador inglês, chega ao esconderijo de guerrilheiros a favor da república espanhola e conhece Maria, uma bela mulher que havia sido salva pelo grupo.

Não houve romance, a não ser em suas almas e na linguagem muda dos sentimentos. Eram tempos de uma sangrenta guerra civil, cotidiano de medo, caos e Guernica. A atração foi imediata, a morte os espreitava e, sem maiores conversas ou galanteios se uniram em amor, pois o amanhã era improvável.

O tema enfoca o quanto o sangue alheio nos importa, e a pressa do amor diante da morte - morte essa, por vezes, de quem sequer conhecemos: "Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado; todo homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; assim, a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti", escreveu John Donne.

A velhice leva o homem á guerra civil de sua existência; a luta cotidiana contra o fim de seus dias, a ceifadeira sempre à espreita – hoje, amanhã, depois. Quem sabe?

Sob o impiedoso ataque dos dias, meses ou anos, aqueles que ousaram resistir ao tempo aprenderam que já não mais restam tantos entardeceres para o romance e, tal qual Roberto e Maria, devem expressar seu amor urgente através de olhares, gestos e mesmo tons de voz.

Para mulheres mais jovens, impossível crer que tal secura tenha nascido sob manto tão pesado; para as mais velhas, o medo – de tudo, todos e da pouca vida que resta – as impede, em forma de recato.

Assim, os velhos percebem-se isolados e lamentam a falta de pedaços do coração, que oceanos tempestuosos da vida levaram. Muitos disso se dão conta, buscando a juventude no fundo de um copo ou em conversas desaforadas e mentirosas com amigos.

Mas pouquíssimos – homens ou mulheres – cresceram e resignaram-se ao ponto de considerar que nenhum sentimento é uma ilha.

Sim, pois todo amor é parte de um coração, de uma história, e se tal fervor for levado pelos dias negros da vida, o homem diminui-se: torna-se menor e apartado, como náufrago em ilha deserta, cercado apenas de lembranças por todos os lados. Assim é o fim de cada amor, somado ao tempo impiedoso, que insiste em passar; corações amputados de tais pedaços, esses, tanto nos diminuem por também sermos sentimentos, coração e história.

Solidão é o tamanho do espaço que sobra à nossa volta e corações sofridos são minúsculas ilhas, cercadas por um oceano de indiferença juvenil e bela.

Por isso não perguntes por quem os velhos choram. 

Eles choram por ti.


Walter Biancardine



segunda-feira, 28 de outubro de 2024

POR TODA ETERNIDADE

 


Um texto de uma moça que não conheço, chamada Rosemeri Martins, eventualmente visto em redes sociais mas que abriu-me o coração:

"Porto Alegre, 1983 -

O Hotel Majestic colocou Mário Quintana no olho da rua.

A miséria havia chegado absoluta ao universo do poeta.

Mário não se casou e não tinha filhos.

Estava só, falido, desesperançoso e sem ter para onde ir.

O porteiro do hotel, jogou na calçada um agasalho de Mário, que tinha ficado no quarto, e disse com frieza: - Toma, velho!

Derrotado, recitou ao porteiro: - A poesia não se entrega a quem a define.

Mário estava só.

Absolutamente só.

Onde estavam os passarinhos?

A sarjeta aguardava o ancião. Alguém como Mário Quintana jogado à própria sorte!

Paulo Roberto Falcão, que jogava na Roma, à época, estava de férias em sua cidade natal e soube do acontecido.

Imediatamente se dirigiu ao hotel e observou aquela cena absurda.

Triste, Mário chorava.

O craque estacionou seu carro, caminhou até o poeta e indagou: - Sr. Quintana, o que está acontecendo?

Mário ergueu os olhos e enxugou as lágrimas - daquelas que insistem em povoar os olhos dos poetas - e, reconhecendo o craque, lhe disse: - Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor. Ninguém vive de comer poesia.

Mário explicou a Falcão que todo seu dinheiro acabara, que tudo o que possuía não era suficiente para pagar sequer uma diária do hotel.

Seus bens se resumiam apenas às malas depositadas na calçada.

De súbito, Falcão colocou a bagagem em seu carro, no mais completo silêncio.

E, em silencio, abriu a porta para Mario e o convidou a sentar-se no banco do carona.

Manobrou e estacionou na garagem de um outro hotel, o pomposo Royal.

Desceu as malas.

Chamou o gerente e lhe disse: - O Sr. Quintana agora é meu hóspede!

Por quanto tempo, Sr. Falcão? - indagou o funcionário.

O jogador observou o olhar tímido e surpreso do poeta e, enquanto o abraçava, comovido, respondeu: - POR TODA ETERNIDADE.

O Hotel Royal pertencia ao jogador!

O poeta faleceu em 1994.

Por isso sou fã desse ex jogador!

POR TODA ETERNIDADE"

__ O Hotel Majestic, abriga hoje em dia, a Casa de Cultura Mário Quintana, na Rua dos Andradas ( conhecida como Rua da Praia) no Centro Histórico de Porto Alegre -RS


Não me contive, e escrevi:

Não sou poeta, apenas teimoso prosador.

Não tenho o dom divino de um Quintana, não arrebato almas e sentimentos de ninguém, eis que somente escrevo nossas misérias cotidianas e derivo em sonhos filosóficos.

Não tenho amigos ricos ou poderosos, apenas um único - e sob seu teto vivo até hoje, abençoada mão estendida.

Jamais serei lembrado, muito menos louvado e aclamado.

Mas algo em comum tenho com o poeta: ambos conhecemos o gosto da rua, do desalento; saber-se em fim de linha à caminho da morte indigente.

Se em nada me posso comparar aos grandes, ao menos sobreviví ao oblivio - a carne, não o dom.

Mas já me basta ao meu orgulho combalido.

Não fale da fome, do desamparo e da solidão quem jamais os viveu em casos terminais - tudo isso pode rechear as páginas de um romance ou inspirar versos, mas não alimenta a barriga nem nos mantém de pé.

Bendito seja Deus, que me deu um único amigo e sua mão estendida.

Mesmo novamente de pé, jamais o esquecerei.


Walter Biancardine



sexta-feira, 25 de outubro de 2024

ESCREVO, LOGO EXISTO -


Meus agradecimentos à Doutora Miss Jay, pós-doutoranda em Análise do Discurso, por utilizar alguns ensaios filosóficos meus como "Estudo de Caso", em debates com seus colegas pós-Doutores esta semana, no Rio de Janeiro.

À parte a gentileza e simpatia da Doutora - que me permitiu atrevimentos tais como chamá-la por tal e carinhoso apelido - devo igualmente agradecer a ressurreição de minha autoestima profissional e, mesmo, pessoal. A escolha de meus textos empresta, certamente, algum valor tanto à carpintaria literária deste que vos escreve quanto, também e evidentemente, ao conteúdo dos mesmos.

Breve estarei de volta ao Rio para uma segunda fase de tais estudos, ligeiramente ansioso por saber-me tão bem vindo à rotina desta simpática Doutora.


Walter Biancardine



quinta-feira, 3 de outubro de 2024

ENEL: UM MONOPÓLIO PRIVADO -

 


Depois de três dias de trevas, sem energia elétrica e que me deixou sem internet - notícias e trabalho - sem geladeira (tudo estragou), sem tomar banho (acreditem, sem energia a bomba de água não funciona) e quase enlouquecendo, nas noites e madrugadas absolutamente escuras destes vastos pastos, eis-me aqui de volta.

O problema foi causado por uma "banana" - espécie de disjuntor - em um dos postes de transmissão, na estrada em frente onde moro. Houve alguma sobrecarga, ela desarmou (como todo disjuntor) e, para consertar, bastaria um funcionário com o bastão apropriado para religá-la, Sim, só isso, e que pode ser feito em cinco minutos sem, sequer, subir ao poste.

Pois bem: após três dias, nove reclamações à Enel, uma reclamação à ANEEL e mais uma queixa ao programa de meu amigo Eduander “Panorama”, aparentemente o problema foi solucionado.

Dois pontos nisso tudo merecem destaque: o primeiro é o absoluto descaso que a Enel ostenta aos seus clientes, principalmente aos que, como eu, moram em áreas rurais e são de baixa renda. Bem sabem eles que nenhum poder econômico ou - muito menos - político nós temos e, por isso, nos desprezam.

O segundo é a necessidade de aprendermos que fomos vítimas de um engodo esquerdista, promovido pelo sr. Fernando Henrique Cardoso em seus anos na presidência do Brasil, quando levou à cabo seu conhecido e extenso programa de privatizações.

Áreas como a telefonia, água e esgoto e energia elétrica foram privatizadas sob a alegação que "a concorrência entre as empresas favoreceria o consumidor, não só pela qualidade dos serviços como, também, pelos preços cobrados". Pois bem, à exceção da telefonia celular, todas as demais áreas simplesmente transformaram-se, de monopólios estatais, para monopólios privados!

Quais opções tenho, se estou insatisfeito com a Enel ou mesmo Prolagos? Há outra opção? Não, e para que uma companhia destas perca seu contrato com o Estado seria necessário um escândalo sem precedentes, amparado por extensos e vantajosos acordos políticos.

Reconheço que, em minha ignorância na engenharia civil e urbanismo (apesar de minha faculdade de arquitetura), pouco ou nada consigo imaginar em termos dois ou mais encanamentos de água e esgoto por baixo das ruas e calçadas ou fiações de várias companhias elétricas compartilhando o mesmo poste. A logística é, de fato, difícil.

Isto não nos exime, entretanto, da obrigação em cobrar tais companhias e mesmo exigir ações contundentes do Poder Público - concedente da licença - contra empresas relapsas ou incompetentes.

Somos nós, pagando nossas contas em dia, que concedemos a tais empresas suas condições de funcionamento, lucratividade e mesmo salários de funcionários, diretores e suas excelsas presidências.

Também somos nós, votando em pessoas certas, que "assinamos uma procuração" para que o eleito represente nossos interesses e conveniências - todos são nossos empregados.

Sim, o povo é quem manda.



Walter Biancardine




segunda-feira, 23 de setembro de 2024

ODE À ALEGRIA, NÃO À ESCRAVIDÃO – Ode An Die Freude




O Freunde, nicht diese Töne!

Sondern lasst uns angenehmere anstimmen

und freudenvollere!


Freude, schöner Götterfunken

Tochter aus Elysium

Wir betreten feuertrunken

Himmlische, dein Heiligtum!


Deine Zauber binden wieder

Was die Mode streng geteilt

Alle Menschen werden Brüder

Wo dein sanfter Flügel weilt…


Tradução:


Oh amigos, mudemos de tom!

Entoemos algo mais agradável

E cheio de alegria!


Alegria, mais belo fulgor divino

Filha dos Elíseos

Ébrios de fogo entramos

Em teu santuário celeste!


Tua magia volta a unir

O que o costume rigorosamente dividiu

Todos os homens se irmanam

Onde pairar teu voo suave...



Esta é a letra de uma das peças mais transcendentais da música clássica, da 9ª Sinfonia do genial Ludwig Van Beethoven, “Ode An Die Freude” – “Ode à Alegria”, algo próximo ao Divino e que aconselho ouvir, enquanto estiver lendo estas mal-traçadas linhas.

Confesso uma submissão quase infantil à tal melodia, que por um lado enche-me de felicidade inexplicável, por vezes injustificável mas sempre incontida e, por outro, sacode-me pelos ombros em um gesto de irmão que diz: “Anda! Esqueça a dor e levanta! O melhor ainda está por vir!”

E talvez seja o único momento em que ouso permitir que lágrimas cheguem-me aos olhos por pura e simples alegria, felicidade e pela triunfante sensação de respirar por sobre a terra. Sim, também sou humano; sim, também atrevo-me a chorar – sozinho – de felicidade. Pelo quê? Não o sei.

Menos ainda saberá o bom e velho Ludwig – aquele, o Beethoven – ao sofrer que sua obra prima, de inspiração quase deífica, seja aviltada em um gesto supremo de deboche cínico ao ser escolhida, como hino oficial, para uma das mais teratológicas excrescências da perversidade criativa humana: a União Europeia.

Não existe outra dupla de adjetivos – “deboche cínico” – que melhor nos faça compreender o requinte de sádica crueldade ao empregar tal peça, tendo em seu corpo versos como “Tua magia volta a unir/ O que o costume rigorosamente dividiu”, para dar corpo à tal alma penada escorada na união de povos para melhor escravizá-los, contrariando a máxima francesa “Diviser pour régner”.

A letra da mesma é um poema, escrito por Friedrich Schiller em 1785 e tocado no quarto movimento da 9.ª sinfonia de Ludwig van Beethoven. Nestes versos, Schiller expressava uma visão idealista da raça humana como irmandade, opinião que tanto este como Beethoven partilhavam mas que – certamente – jamais os incluiriam na monstruosidade globalista dos nossos tristes dias.

E a série de analogias não para por aí: logo de início aconselham Schiller e Ludwig que “mudemos de tom”, que falemos sobre algo mais agradável – e neste ponto o pérfido Antônio Gramsci veio, séculos depois, a calhar. Sim, haveremos de nos distrair e alegrar! Você não terá nada e será feliz! O mundo será vazio, despovoado, limpo e arejado de toda esta corja que se costuma chamar “humanidade”, graças às vacinas salvadoras – e nenhuma fábrica ou instalações custosas serão destruídas, bem como seu precioso lar, o que seria natural após catastrófica e despovoadora guerra!

Não haverão mais fronteiras, as ruas serão vazias nas “cidades de 15 minutos” e seu vizinho sequer falará sua língua, mas você terá seu celular, computador e games – todos eles do governo, alugados para você e devidamente “calibrados” para acessarem apenas conteúdos “sadios”. Seu trabalho será “home office”, suas noites de folga serão em casa, regadas a comidas e bebidas “delivery” e você jamais precisará andar novamente – mas o mundo não terá fronteiras, e os sábios sempre estarão zelando para que as justas leis globais sejam cumpridas em todo o planeta, ainda que não mais você deseje percorrê-lo.

Sim, cheios do “mais belo fulgor divino/ Filho dos Elíseos/ Ébrios de fogo entramos/ Em teu santuário celeste!” e, bêbados de consumo e futilidades, atenderemos apenas aos deuses globais e seus arcanjos midiáticos e corporativos!

E não haveremos de ligar para as antiquadas queixas de Beethoven e Schiller, que se remexem em seus túmulos, protestando contra a heresia cometida.

Alegria! An Die Freude! 2030 está próximo!






Walter Biancardine





quinta-feira, 19 de setembro de 2024

TECNOLOGIA (FINALMENTE) A SERVIÇO DO BEM -



O sonho de todo terrorista do Hamas é amarrar um cinturão de bombas ao corpo e explodir algum lugar bastante “ocidental e podre”, tal como fizeram com as Torres Gêmeas em Nova York, ou o massacre de jovens que comemoravam o Yom Kippur recentemente e até na infindável série de matanças de judeus, pouco ou nada noticiados por uma grande mídia – no mínimo – conivente. Deste modo, poderão chegar aos céus e desposar as infindáveis virgens, que estarão à sua espera para recompensar os esforços de tão devotado fiel.

Pois esqueçam: simples e obsoletos “pagers”, utilizados por grupos como o Hezbollah e Hamas e normalmente portados nos bolsos dianteiros das calças, estão explodindo como mágica e espalhando nuvens de genitálias voadoras ao redor de seus corpos. Ainda que cheguem aos céus, tais terroristas pouco ou nada terão a fazer com as incontáveis – e decepcionadas – virgens, à sua espera.

Para piorar, sequer o choque inicial foi absorvido e já rádios (walk-talkies) e mesmo celulares começaram hoje a, igualmente, explodir junto com seus portadores.

É a tecnologia a serviço do bem: enquanto a mídia mainstream norte americana, associada ao seu cinema, teatro e música, dedicaram-se durante quase um século a apenas destruir, difamar e envergonhar o cidadão pelo país que construiu e viveu; enquanto o próprio e demagogo governo valeu-se de tal onda cultural para emagrecer os dinheiros de seus exércitos, agências de inteligência (devidamente infiltrados, todos, de espiões internacionais) e órgãos como o FBI e a NASA, o Exército de Israel (IDF) e seu serviço de inteligência – Mossad – trabalharam com afinco para se atualizarem e desenvolverem métodos inusitados de prevenção, ataque, contra-ataque e defesa contra o inimigo (por enquanto) palestino.

A verdade é que, aparentemente, não existem nenhuns dispositivos pré-instalados em tais artefatos. A tecnologia israelense – auxiliada por alguns hackers, por suposto – encontrou meios de provocar tamanho superaquecimento nas baterias destes “gadgets” que, inevitavelmente, os levaria à explosão – e é somente isso que se sabe, ou se supõe, até o momento.

Para piorar a situação palestina, tal ataque provoca uma infinidade de camadas interpretativas, eis que o embaixador iraniano no Líbano, Mojtaba Amani, também ficou ferido em uma das explosões. Do mesmo modo, o ataque atingiu um “amigo” do repórter europeu, igualmente no Líbano, Elija J. Magnier. Este jornalista postou nas redes sociais suas lamentações pela “violência” praticada contra o amigo...terrorista.

O que um embaixador faz com contatos de terroristas? Seria ele avisado sobre cada ataque, para que se escondesse embaixo da mesa? E um repórter europeu? Estaria bebendo (perdão) diretamente na fonte? Mais que uma massiva ofensiva, que atingiu, matou e imobilizou milhares de terroristas, a ação do Mossad expôs o baile de máscaras hipócrita, dançado por agentes de governos e grande mídia, contra o Estado de Israel, o mundo e suas liberdades.

Poderá o leitor ponderar: “mas e os inocentes que eventualmente tenham sido atingidos pelas explosões?”

Respondo que, em primeiro lugar, as detonações não foram tão fortes a ponto de afetar nada que não fosse o próprio corpo do terrorista. Além do mais, onde estaria a humanidade de tal questionador, que não lembrou dos milhares de inocentes – crianças inclusive – mortos sem nenhum remorso por tais bestas-feras, em seus ataques assassinos? Eles podem matar, Israel não?

Insistente, tal questionador revidará: “Mas isso é sionismo!” E respondo: muito feio é confundir a legítima defesa de um povo, condenado à extinção pelo ódio anti-semita alheio, com um sionismo o qual ainda cabem discussões. O que não cabe discutir é a proteção e segurança dadas pelas IDF (Israel Defense Forces) e o Mossad ao povo judeu, que deseja apenas recuperar sua paz e a plena liberdade de existir.

E por falar na liberdade do ser humano, continuemos com a tecnologia a seu serviço: a censura determinada pela ditadura do Brasil à rede social X (antigo Twitter) de Elon Musk, que poderia gerar mais de 18 bilhões em prejuízos para os utilizadores da mesma, aparentemente foi contornada após a decisão de seu proprietário em utilizar os serviços da mundialmente conhecida Cloudfare, que atua como um “escudo” para proteger os servidores da rede social. 

Ao distribuir o tráfego do X por novas rotas, esses serviços criam obstáculos para o bloqueio do acesso à rede social, mesmo com a ordem judicial. O X passou então a empregar um novo software que não mais utiliza os IPs da rede social, mas sim os da Cloudflare, dificultando o bloqueio determinado pelo déspota Alexandre de Moraes, Ministro da Suprema Corte brasileira.

Segundo matéria de Rafael Fonseca no site brasileiro Carta de Notícias, especialistas na área de informática explicam que o uso de um proxy reverso, como o oferecido pela Cloudflare, permite mascarar o IP real do servidor, mostrando apenas o IP do proxy. Isso funciona como uma “barreira invisível” que protege a infraestrutura sem impactar a experiência dos usuários.

Ainda segundo a matéria, as provedoras de internet estão em contato com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para entender como fazer o bloqueio da rede, já que o IP registrado passou a ser o da Cloudflare. Porém isso tornou este novo capítulo, da saga entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, um verdadeiro quebra-cabeças para o STF e para a Anatel solucionarem. O STF insiste em determinar o bloqueio do Cloudflare no Brasil, mas teme que uma enorme parte do conteúdo da internet brasileira – e de quase a totalidade dos serviços governamentais e de segurança – simplesmente se tornem indisponíveis.

Para completar o deboche, Elon – o Musk – postou ontem, no X, um claro trocadilho de deboche com a confusão provocada na cabeça dos déspotas brasileiros: “Any sufficiently advanced magic is indistinguishable from technology”. E eu acrescento: “Cloudflare is the name”.

A realidade que experimentamos até o momento é que as forças da ditadura brasileira, ao que parece, conseguiram um acordo com a Cloudflare, que “isolará” a rede X (Twitter) para que ela, e tão somente ela, seja bloqueada no Brasil conforme os desejos de Sua Majestade Alexandre, a Glande. Até o momento a situação é bastante confusa e, para muitos usuários a rede está inacessível enquanto, para outros, perfeitamente livres.

Mais que nunca, entretanto, devemos tomar consciência que a tecnologia, quando a serviço do bem, pode nos levar à vitória – tanto explodindo terroristas quanto expondo ditadores megalômanos a vexames mundiais.

Shalom, Alexandre.


Walter Biancardine





domingo, 8 de setembro de 2024

NOVOS HORIZONTES -

 


Estranhará o leitor minha longa ausência destas páginas, mas não se trata de relaxamento ou descuido com a atenção que sempre me deram: como sabem, nos últimos tempos uma misericordiosa sucessão de bons acontecimentos fez com que tivesse eu de desviar todo meu tempo e atenções para assuntos que podem decidir e impor novos rumos em minha vida.

Neste mês de agosto último tive a grata satisfação de ser convidado para escrever na prestigiada revista do Vale do Aço mineiro, Carta de Notícias. É uma demanda forte, artigos diários inclusive aos domingos, mas não reclamo – esta é minha vocação. Igualmente, neste mesmo mês, a prestigiada publicação portuguesa ContraCultura – um site que reúne refinados pensadores europeus e brasileiros – igualmente convocou-me para a honra de publicar meus desatinos tupiniquins em seu renomado espaço. Reconheço que a periodicidade é menor, apenas terças, quintas e domingos, mas o nível é outro e muito mais acima do corriqueiro.

Cabe ao leitor imaginar a exaustão cerebral de quem escreve, diariamente, durante oito ou mais horas para tais renomadas publicações e ainda, por puro atrevimento e porque sempre termino o que ousei começar, mete-se a continuar seu épico e inglório labor de escrever três – sim, três! - livros ao mesmo tempo.

Certamente quem me acompanha nestas mal-traçadas saberá de meus rabiscos a respeito do “Livre Arbítrio e o Determinismo Behaviorista”, bem como a introspectiva “Solidão e Transcendência” e o rebelde “Estilo e Ideologia”, todos eles teses filosóficas em maior ou menor profundidade, e que serão livros que publicarei.

Igualmente saberá o leitor, se me acompanha, dos artigos que cedi à bela Miss Jay – senhorita que está às voltas com teses em seu pós-doutorado em Letras, focando na “Análise do Discurso” e que solicitou os mesmos como “case history” para os debates com seus colegas, também pós-doutores (coisa que, confesso, sequer sabia da existência de tal graduação), infelizmente a milhares de quilômetros de mim  e que a mesma permita-me tal ousadia.

Fácil será concluir as razões de meu desaparecimento destas fedorentas páginas, ainda mais considerando a possibilidade – ainda um pouco distante, reconheço – de que tamanha atividade acabe por me levar a uma mudança de endereço, mais precisamente a uma mudança de cidade e que, devo admitir, muito me alegra. O quarto de século que vivi em Cabo Frio muito me ensinou, tirando-me tudo e aprisionando-me numa gaiola dourada de sonhos que, ao fim e ao cabo, revelaram-se pesadelos. Mas, tal como recentemente escrevi em meu perfil no Facebook, “A dor irá embora assim que eu aprender”, e ela está de malas prontas.

Que o leitor perdoe minha ausência e compreenda que o máximo que poderei fazer será – ao menos pelo próximo ano – republicar, nestas páginas, seleções de artigos já penosamente escritos para as outras publicações que participo.

A vida segue e conto com a companhia de vocês.

A dor irá embora assim que eu aprender



Walter Biancardine



quinta-feira, 29 de agosto de 2024

IMPERADOR NERO E O INCÊNDIO DAS LEIS -


Uma mente sequelada, pensamentos plenos de narcisismo doentio, paranoia persecutória e a fúria dos sociopatas: eis o homem.

Nero: assim tratarei aquele o qual “Não Se Pode Dizer o Nome” e deixando claro que, doravante, serei obrigado a abandonar quaisquer fundamentações legais ou mesmo morais (?) em seus atos, já que a única interpretação possível sobre o comportamento deste cidadão aponta diretamente para os aspectos psicológicos de uma mente sequelada, pensamentos plenos de um narcisismo doentio, paranoia persecutória e consequente fúria, incontida, dos sociopatas que creem-se deuses.

Nero derrubou Nosso Senhor Jesus Cristo de seu trono, instituiu-se “senhor do universo” em seu lugar e, por capricho e vaidade, retrocedeu ao Velho Testamento onde intentou lançar verdadeira “maldição bíblica” por sobre seus desafetos, estendendo-a não apenas às suas vítimas mas, também, a seus filhos e cônjuges – outra não pode ser a interpretação quando observamos seus avanços contra a filha adolescente do jornalista Oswaldo Eustáquio e, mais recentemente, à esposa do ex-deputado Daniel Silveira: ambas nada tem a ver ou participaram dos supostos atos daqueles perseguidos pelo doentio imperador, mas sofrem a extensão da “maldição até a sétima geração”, proferida pelo ensandecido “deus nouveau”.

Nero crê plenamente em sua onipotência: atritando-se contra Elon Musk, dono do X (Twitter) e renitente defensor da liberdade de expressão, igualmente decidiu amaldiçoar o mesmo e, não satisfeito em bloquear contas bancárias de uma empresa também de Musk – responsável por mais da metade das comunicações via satélite no Brasil – mas que nada tem a ver com a rede social, agora pretende decretar o fim deste mesmo X, utilizado inclusive por seu próprio palácio de marfim e por inúmeros órgãos públicos e estatais. Mas pouco importa, pois sua vontade é a lei.

Nero enxerga-se imparável, um deus vencedor e pouco ligou para “pequenos detalhes” legais que, por mera condescendência, fez a gentileza de cumprir. Deste modo, valeu-se do mesmo X, por ele sentenciado à morte, para enviar a fatal intimação ao seu dono – e os clamores e súplicas alheias, resmungando sobre a ilegalidade absurda de tal ato pouco mereceram sua atenção pois, como já dissemos, sua vontade é a lei, tudo usa e tudo pode.

Nero está em pleno banquete de poder, embriagado pelo mesmo e dana a ejacular seus caprichos em todas as direções, seja sentenciando à 17 anos de masmorras uma mulher que usou batom para ofendê-lo, ou prazeirosamente assistindo os ganidos de seus torturados em cárcere perpétuo, como Filipe G. Martins ou o próprio Daniel Silveira. Isso o ensandece, o poder é seu gozo e ostenta o mesmo em sua própria figura, fazendo de si um imenso símbolo fálico de toda sua indecente falta de limites.

Nero bem conhece a sedução que a onipotência exerce sobre almas fracas e covardes – sejam seus outros dez arcanjos do mal, coniventes apóstatas e terrivelmente covardes, ou mesmo por duas outras criaturas medíocres que poderiam expeli-lo de seus delírios, mas assim não o fazem pela fome de favores e benefícios, que os levam diretamente aos braços escamosos de tal Satanás tropical, que os agarra e os levarão para sua mesma danação.

Nero sabe, entretanto, que a imensa legião de escravos que mantém é a única real ameaça sobre seu reinado e, por isso, lança feitiços midiáticos para os intimidar e iludir – prazer e pavor reunidos em sua perversão, que não consegue evitar.

Nero sabe que incendiou as leis e se os escravos se revoltarem, seu fim será trágico.

Nero, porém, não receia o amanhã: ele tudo pode.

Nero teme, entretanto, sua própria cabeça.

Nero é bipolar.

Nero sabe-se louco, mas sua vontade é a lei.

Nero cairá.

Nero: eis o homem.



Walter Biancardine 




segunda-feira, 26 de agosto de 2024

O VINHO QUE FICOU NA TAÇA - DESPEDIDA


Há um instante, sempre há, em que a memória engana o tempo e faz a realidade brincar de nostalgia.  

Hoje, ao andar pela cidade, vi um vinho na vitrine de uma loja e senti uma presença antiga e familiar. Era um daqueles momentos que têm cheiro, som, e até textura, como se eu estivesse novamente na velha cozinha, assistindo alguém que misturava risos e temperos com a mesma habilidade e silêncio com que pairava por sobre o comum dos mortais.

Recordo o ritual: com precisão quase cirúrgica, escolhia-se a taça certa, avaliava-se a cor do vinho com um olhar atento, sempre meio séria, mas com um brilho de satisfação impossível de não se notar. Eu, agarrado em textos e crônicas, imaginava que toda essa análise não fazia sentido – afinal, o que importava era o sabor, não?

Mas você sabia. E ensinou-me a ver a beleza no detalhe, a apreciar a vida em suas pequenas delicadezas como aquele vinho que, para mim, era apenas mais uma garrafa mas que, para você, era um universo a ser explorado – sim, “eu mereço!”

Sempre me pergunto quantos outros universos deixei de notar, preocupado demais com as banalidades do cotidiano e egoísmos. Quanto de nós ficou guardado como esse vinho, à espera de um “depois”, para ser aberto, degustado, compreendido?

Não, não se trata de voltar no tempo ou de reviver o que ficou para trás. Certamente somos diferentes agora, e isso é parte do que a vida exige de nós – mudança, aprendizado. Mas gostaria que soubesse que guardo, com carinho, tudo o que fomos e vivemos juntos.

Hoje, o tempo passou e não mais podemos brindar novamente. Pudesse, brindaria – não ao passado ou ao futuro, mas ao que somos hoje, à sabedoria que o tempo nos deu, e à gratidão por termos, em algum momento, compartilhado a mesma taça.

Se a memória é feita de instantes, que este seja mais um a nos lembrar que, mesmo separados, um brinde restou por fazer: um brinde à sua saúde, às suas conquistas, e ao que aprendemos – cada um de nós – sobre como ver a vida com olhos diferentes.

Afinal, você sempre soube que o vinho, assim como a vida, merece ser apreciado com calma, e não apenas bebido às pressas.

Al di la.


Walter Biancardine










sexta-feira, 23 de agosto de 2024

ME, MR. JACK AND MR. DAVIDSON: IS A LONG WAY HOME -


I have had much in my life, and I enjoyed love and pleasure.

These carefree days made me blind, a fool who lost everything through his own fault, and today only memories remain.

I had friends who surrounded me, gatherings and laughter; family would come together, and we would toast together, sheltered in my good and comfortable home. On weekends, the old and good rock and roll was inevitable at the bar of a great friend—almost a brother—who run it and sang there. The night would end in the welcoming arms of someone who is now gone, after the long ride home on my chopper.

Today, nothing remains; there are no friends, no family, no gatherings, no bars, no motorcycles, or beloved arms.

It’s not so bad if I don't want to be rich, but the little I want is so far beyond my misery.

But some day, I will have back my old and good motorcycle, my bottle of Jack Daniel’s, a fine cigar between my fingers, and the wind on my face from the roads—yeah, the same long roads, companions of a lifetime, which will take me back home. 

A new beloved one? Who knows...

It will be a long, long way home. 


Walter Biancardine



quinta-feira, 22 de agosto de 2024

SEM CÓPIAS -



Nestes dias de soberba, inflado que estou por escrever para duas prestigiadas publicações além de minha página pessoal, creio ser importante lembrar que o publicado no Carta de Notícias não é o mesmo artigo que o ContraCultura posta, bem como em minha página um terceiro artigo lá estará, para a apreciação de vocês.

São, portanto, três artigos diferentes postados em três sites diferentes - não basta escolher uma página e ler, ou perderá os outros dois, tratando de assuntos diversos.

Assim sendo e em decorrência de tais esforços intelectuais, descobri que o ser humano é capaz de sofrer "cãibras" cerebrais, se tal órgão porventura estiver habituado ao ócio e devaneio.

Somente as palavras elogiosas - bem como o ato de requisitar-me artigo - a mim dirigidas por "Miss Jay" tiveram o oportuno condão de amenizar tal contração involuntária de meus preguiçosos miolos - a vaidade em ser objeto de avaliação de pós-doutores sarou toda e qualquer ziquizira preguiçosa.

São três artigos, em três páginas.

Ajude este pobre escriba lendo, comentando e compartilhando os mesmos!


Walter Biancardine



quarta-feira, 21 de agosto de 2024

AGOSTO COM GOSTO -


Contrariando os sempre lembrados pressentimentos funestos associados ao mês de agosto, o deste ano da graça de 2024 está sendo, para mim, verdadeiro renascimento.

Começando com a solicitação da doutora "Miss Jay", requerendo permissão para uso de artigos meus em debates com seus colegas, igualmente doutores da língua portuguesa, tive também a grata satisfação de ser convidado pela editoria da revista Carta de Notícias a escrever artigos e análises políticas diárias, naquela publicação.

Completando tão auspicioso período, a direção do site português ContraCultura entendeu-me competente o suficiente para, igualmente, publicar em suas páginas. Este site notabiliza-se pela convergência de elevadas publicações, oriundas das melhores mentes europeias, o que infla ainda mais minha já quase extinta auto estima.

Ainda duvidando de meu merecimento em desempenhar um papel à altura das expectativas de pós-doutores, acadêmicos europeus e tarimbados jornalistas brasileiros, o mínimo que posso fazer em retribuição é postar o link das publicações citadas e convidar o leitor a prestigiá-las, seguro que estou em apresentar fontes confiáveis de informação.

Felicidade não costuma dar Ibope, mas espero que setembro seja ainda melhor!

https://cartadenoticias.com.br/

https://contra-cultura.com/


Walter Biancardine 



CONFISSÕES INDECENTES -

 


Haveremos de concordar que a palavra “acostumar” é um verbo perigoso, e mais traiçoeiro torna-se a depender da ocasião em que é dito e, pior, por quem é utilizado.

O brasileiro médio se “acostumou” à criminalidade onipresente nas ruas; fulano pode comer baiacu pois já está “acostumado”, beltrana “acostumou” às surras que leva do marido ou mesmo sicrano está “acostumado” a subir no telhado. Tudo isso, mais que um jeito coloquial de falar, reflete a aceitação passiva de fatos inusitados ou, até mesmo, ilegais – e, de fato, nos “acostumamos” a ter o STF montado em nossos cangotes, controlando, regulando e impondo o que bem entender, de acordo com as onze Constituições vigentes naquela casa, em Brasília.

Quando o Ministro Luís Roberto Barroso afirma que “houve uma mudança no papel do STF nos últimos tempos”, ele não está mentindo: de fato – e bem o sabemos, em nossa própria pele – houve, só que, tal como as sentenças acima, nos “acostumamos” a isso e sequer pouco ligamos.

Fossemos menos bovinos e perguntaríamos quem mudou esse papel? Quem autorizou? Qual lei assim prevê e o permite?

Ninguém, essa é a verdade. Assim, tal declaração significa verdadeira confissão de culpa e admissão do reconhecimento daquela casa como um “Soviete Supremo”, um desvio inconstitucional de suas atribuições, a impor o arbítrio togado por sobre todo o país.

Barroso diz que “o judiciário deixou de ser um departamento técnico especializado e passou a ser um poder político” e isso nos leva a outra pergunta: quantos votos ele teve? Quem os elegeu para tal finalidade? Em último caso, indaguemos quando ocorreram tais eleições porque, eu ao menos, sequer tomei conhecimento ou ouvi propagandas eleitorais.

E então percebemos que o feio defeito de “acostumar” não contamina somente a nós, raia miúda: o mesmo infecta, igualmente, figuras de alto escalão como este senhor togado que, “acostumado” que está com o poder nas mãos, sequer enrubesce ao dar declarações como essa. Foram absurdas? Sim, foram, mas Barroso está “acostumado”… Reagiremos? Não, pois também estamos “acostumados” ao arbítrio, às ilegalidades e desvios de função, nesta gloriosa República.

O brasileiro se acostumou a acostumar-se.

Triste fim.


Walter Biancardine






segunda-feira, 19 de agosto de 2024

RESSACA DE DOMINGO -

 


O sacrossanto domingo nosso de cada semana não deve ser acordado pelos disparates cotidianos, uma vez que a posição excludente e paradisíaca do mesmo deveria, em tese, isolá-lo dos dias úteis e aborrecimentos inúteis – este último, algo abundante ultimamente.

Contudo, saber de Sílvio Santos colocando seu baú nas costas e voando rumo ao céu produziu tamanho pasmo que, somado aos horrores alexandrinos, desvirtuou quaisquer pretensões de descanso, relaxamento e alegrias. Se, por desígnio de Deus, Sílvio foi mostrar a São Pedro seu carnê rigorosamente em dia – algo sobre o qual nenhum poder temos – por outro lado, a eventual abstenção de Ritalina por “Aquele Que Não Se Pode Dizer o Nome” ativou sua hiperatividade persecutória na direção de Elon Musk – Hélio Mosca, como é conhecido nas rodas da malandragem – e certamente provocará a saída da plataforma X-Twitter do Brasil, igualando-nos a países expoentes no elevado governar ditatorial, tais como Cuba, Coreia do Norte e tantos outros.

Não bastassem duas bombas no domingo, amanhecemos esta segunda feira assistindo a entrevista do jornalista Allan dos Santos – nominado no “Index Prohibitorum” da inquisição togada – na Rádio Auriverde, sob o comando do sempre excelente Alexandre Pittoli. Ora, se o mesmo objeto de busca através de “jagunços federais” estava a falar livremente em tal programa – retransmitido no YouTube e em TV aberta, o canal 581 da TVD por antenas parabólicas – isso significa que estamos na iminência de vermos mais um decreto alexandrino tirando tal canal do ar, ao menos na rede digital de vídeos.

De consolo por tal domingo amargo e subsequente ressaca de segunda feira, temos a conjuntura política atual que aponta, solene, o reluzente sapatão da vontade popular na direção das nádegas togadas deste cidadão, que receberá poderoso e inapelável pé na bunda institucional – e já irá tarde, muito tarde.

Aguardemos o decorrer da semana, neste país pródigo em excrescências jurídico-políticas.

Como diria o tarado, “Alea ejaculata est”.



Walter Biancardine





domingo, 18 de agosto de 2024

JAGUNÇOS FEDERAIS - ou "Receita Federal de Domingo"

 


No dia preguiçoso de hoje cairia bem arremedar o saudoso Paulo Mendes Campos e sua inesquecível crônica “Receita de Domingo”, mas a dura realidade não desfruta do descanso semanal remunerado: ela trabalha – feio, forte e sujo – todos os dias, todas as horas e nos violenta com a crueza que expõe patologias estatais.

Em sua tática de “estreitamento de uretra” Glenn Greenwald solta, gota à gota, a urina fétida dos combalidos rins de todo o sistema judiciário brasileiro, servindo-se da mesma e cúmplice grande mídia como diurético curativo das disputas palacianas de poder. E mesmo neste esplendoroso domingo onde poderíamos preguiçar, indolentes na dúvida entre boa praia ou whisky com amigos, somos obrigados – pelo bem do Brasil – a digerir tais e insalubres petiscos, vindos de Brasília.

O nobre e douto juiz Marco Antônio Vargas urinou sobre nós a seguinte frase referindo-se ao jornalista Allan dos Santos, exilado político nos EUA e, portanto, fora do alcance das garras do STF: “Por isso esse idiota se sente livre pra fazer o que faz. Dá vontade de mandar uns ‘jagunços’ (sic) pegar esse cara na marra e colocar num avião brasileiro”, disse o mesmo, em conversa com outro magistrado – Airton Vieira é o nome.

Admirável o voluntarismo de colocar-se na posição de “capanga” do Ministro Alexandre de Moraes – mais que capanga, um “capo regime”, tal qual as melhores e mais organizadas famílias mafiosas de Nova York dos anos 50. Igualmente batizou, de forma adesiva e eterna, os agentes da Polícia Federal com o subido adjetivo de “jagunços”, definindo de forma clara como julgam a subserviência de algumas alas desta instituição policial, desfrutada pela Suprema Corte.

Neste glorioso dia de descanso não devemos, entretanto, nos deixar ensombrecer por tal micção ardida. Sim, é fato que pingos ferventes como “perdeu, mané”, “missão dada é missão cumprida”, “derrotamos o bolsonarismo”, “use a criatividade” ou a inefável “vontade de chamar uns jagunços” podem causar queimação e dores, mas aprendemos – à duras penas – o quão perigoso pode ser a tentação de apelar para o Benzetacil fardado: seus efeitos colaterais podem ser terríveis.

Esqueçamos somente neste dia, por Deus decretado feriado, toda a mixórdia cotidiana e desfrutemos o sol, a praia, o clube, os amigos, a família e tudo o mais que nos agrada e afaga nossa alma – os esparsos mas valiosos carinhos da vida.

E permitamo-nos enlevar por, ao menos, algumas palavras de Paulo Mendes Campos em sua “Receita de Domingo”:

O livro deve dizer-nos que o mundo está errado, que o mundo deveria ser composto de domingos. Então, nascer de nossa felicidade burguesa e particular uma dor viril e irritada. Para que os dias da semana entrante não nos repartam em uma existência de egoísmos.

Um bom whisky, cerveja Bohemia enregelada e petiscos: se neste momento o leitor serve-se dos mesmos, erga um brinde a nós.

Bom domingo a todos!

Amanhã começa tudo de novo!



Walter Biancardine




segunda-feira, 12 de agosto de 2024

RESGATE PAGO, REFÉM SOLTO – PERO NO MUCHO…

 


Talvez seja melhor começar com uma postagem de Flávio Gordon, no dia 10 de agosto: “Não foi ‘erro’ judiciário. Foi um ato doloso, uma prisão política, estimulada pela desumanização do ‘bolsonarismo’ promovida pela imprensa. Todos os agentes do Estado envolvidos nessa excrescência ditatorial devem ser responsabilizados e punidos de acordo com a lei.”

Posso, igualmente, acrescentar esta outra publicação, de Elise Wilshaw, também no X-Twitter: “Por responsabilidade desta notícia, deste jornalista e jornal, Filipe Martins ficou 6 meses na Prisão. Quem cometeu um Crime?”

Ambas referem-se ao verdadeiro sequestro que Filipe G. Martins sofreu, por ordem do Ministro Alexandre de Moraes (STF), sendo que a última postagem refere-se à notícia – publicada sem nenhum cuidado, pelo jornal Metrópoles – de autoria do repórter Guilherme Amado, que assina uma das colunas do periódico. O título: “Investigado, Martins (Filipe G.) teve entrada registrada nos EUA e depois evaporou”. A sub-manchete diz: “Documento em site de governo americano diz que Filipe Martins entrou em Orlando no fim de 2022”.

São co-autores da matéria Eduardo Ghirotto e Natália Portinari, somando em três os responsáveis diretos pelo encarceramento ilegal, sem provas – exigiu de Filipe que demonstrasse sua inocência, invertendo por completo o ônus, que cabe ao acusador – e que recusou sistematicamente todas as petições, recursos, alegações e mesmo a absurdamente exigida comprovação de inocência, mantendo-o preso tal qual Daniel Silveira.

Ambos atrás das grades e sem nenhum embasamento sequer razoável, verdadeiro sequestro seguido de tortura, pois o único objetivo do encarceramento era a obtenção de alguma “confissão” passível de incriminar o objeto do ódio doentio de Alexandre de Moraes: Jair Bolsonaro.

Tanto Daniel Silveira quanto Filipe Martins nada disseram, resistiram ao massacre psicológico ao qual foram submetidos e, não fossem os orgasmos ditatoriais do psicopata Nicolás Maduro criarem embaraços internacionais para o atual governo, ambos ainda estariam apodrecendo nas masmorras do Judiciário. Ou melhor, Daniel Silveira ainda está e ainda resiste.

O cara - Daniel - é uma montanha de músculos, mas sua psique é como a de todos nós e certamente tem limites. Filipe G. Martins, por seu preparo intelectual, provavelmente enfrentou os sofrimentos plenamente consciente das baixezas estratégicas que estava sendo vítima e logrou resistir, verdadeiro troféu da resiliência em um mundo de maricas desfibrados que vivemos.

Mas, e Daniel Silveira? A seu favor tem apenas o fato de ser famoso, o que talvez ajude diante deste mesmo embaraço internacional que o “Consórcio” enfrenta. Entretanto, a longa lista de vítimas da carnificina ideológica de Moraes não termina aí: Clezão não sobreviveu, morreu nas masmorras, sozinho e doente.

Existe também Karina dos Reis, a quem o jornalista J.R. Guzzo escreveu as linhas abaixo: “"Karina dos Reis, uma dona de casa de Araxá, de 44 anos, tem um câncer. Os médicos atestam que ela vive em estado de metástase hepática e precisa fazer exames de tomografia do tórax e ressonância magnética do abdômen para ter chances de vencer a doença. Mas, além do câncer, Karina tem o ministro Alexandre de Moraes na sua vida. Ela é considerada pelo ministro como uma inimiga do ‘estado democrático de direito’ e está obrigada por ele a usar tornozeleira eletrônica – que teria de ser retirada para que os exames sejam feitos dentro das condições requeridas pela medicina.

A defesa, com o aval dos médicos, pediu a remoção temporária do aparelho nos instantes que durassem a tomo e a ressonância. Alexandre de Moraes negou. Karina continua com o seu câncer e com a tornozeleira do STF. Isso é tortura, um crime previsto em lei e que não poderia ser cometido pelo mais alto tribunal de justiça do Brasil.”

E isso, tal qual ocorreu com Clezão, equivale a uma sentença de morte. Alexandre de Moraes está ciente das condições de Karina, assim como estava do estado de saúde de Clezão, mas igualmente nega-se a soltá-los ou abrandar sua ferocidade carnívora.

Podemos somar Fátima de Tubarão, senhora de 67 anos, encarcerada – tal qual Daniel Silveira – por ter vídeos em que aparece xingando Alexandre de Moraes. Foi sentenciada a 17 anos, reproduzindo a sentença absurda dada a outra idosa, de 71 anos, e que precisava passar por cirurgia. Nada importa, a mesma agora cumpre 14 anos de cadeia.

E o quê pretende o feroz “guardião do estado democrático de direito”, sentenciando estes anônimos que nada podem “confessar” contra Bolsonaro? Nada, apenas intimidar o povo e deixar claro o que acontecerá com quem ousar protestar, em praça pública, contra nossa atual ditadura.

Ledo engano se alguém pensa que os acontecimentos na Venezuela irão abrandar a fúria psicopata de Moraes, a soltura de Filipe Martins foi apenas um recuo estratégico para – certamente – avançar com ímpeto redobrado em breve.

A bem da verdade, Filipe não foi “solto” pois é obrigado a usar tornozeleira eletrônica – por um crime inexistente e sem condenação sequer – além de longa lista de exigências e obrigações que deve cumprir, em evidente imposição de humilhações e constrangimentos para manter, ou ao menos tentar, a tortura psicológica que o mesmo sofreu, ao longo de tantos meses.

No frigir dos ovos, esta ditadura está condenando a si própria e seu fim será trágico.

Jamais um país inteiro esteve tão próximo de seus limites, em termos de repressão, arbítrio e – adicionado à tudo isso – um governo inepto, ladrão, ineficiente, aliado de traficantes internacionais de drogas e ditadores. E tudo tem um limite.

Em breve, se nada acontecer, o nosso será exibido emoldurado por mortes e sangue.


Walter Biancardine



domingo, 11 de agosto de 2024

UMA SATISFAÇÃO AOS AMIGOS E SEGUIDORES -


Havia prometido artigo referente à libertação do refém federal Filipe Martins mas, confesso, não tive como escrever.


Igualmente me comprometi, com uma pessoal fundamental em minha vida, que escreveria a longa análise que o mesmo me solicitou, e também não dei conta.

Tive como intenção inicial escrever uma crônica dominical para a revista Carta de Notícias e, tal qual os citados acima, nada redigi.

As fatídicas cicatrizes na alma que carrego e arrasto, feito um fantasma e suas correntes - os que me seguem bem as conhecem, não preciso repetir aqui - estão, neste momento, bastante avivadas; a data de hoje traz pensamentos e lembranças especialmente deprimentes para alguém como eu e minhas circunstâncias (que me perdoe Ortega y Gasset), e confesso-me apto apenas para fechar os olhos e pedir à Deus que não demore em trazer a segunda-feira.

Aos que tem o que comemorar neste domingo, que comemorem.

Aos que já não tem, mas desfrutam de boas lembranças, que sorriam e relembrem.

E àqueles que se nivelam à mim e meus abismos, que o Pai Eterno se apiede e nos faça dormir.

Amanhã estamos de volta.


Walter Biancardine




terça-feira, 6 de agosto de 2024

O QUE SE PASSA NA INGLATERRA?


A Jihad no Reino Unido -

Antes de mais nada, é importante deixar claro que não existem povos bons ou maus: povo é povo em qualquer país do mundo e sempre estará, eventualmente, à mercê de governantes cruéis, mídias manipuladoras e líderes religiosos fanáticos, que os impulsionam rumo à guerra, à perdição e à morte.

Os últimos e absurdos acontecimentos na Inglaterra – cuidadosamente esquecidos pela grande mídia ou distorcidos sob outra ótica – comprovam claramente as intenções belicosas de certos líderes muçulmanos, que objetivam a implementação do “Califado Mundial” em contraposição às igualmente nefastas ideias globalistas e eurasianistas.

É impossível não perceber a conivência dos governantes europeus nessa funesta tentativa, apoiada pela equivocada e arrogante confiança em utilizar a imigração islâmica em massa como uma simples ferramenta frankfurtiana (da Escola de Frankfurt) de degradação social, a fim de tornar mais viáveis suas intenções – no caso, globalistas.
Vladimir Putin, por sua vez, sabe muito bem o que isso significa e jamais aceitou essa verdadeira torrente humana em seus domínios eurasianos.

Quando muçulmanos se juntam em grandes grupos, mascarados e armados com facas e porretes, para espancar e intimidar cidadãos britânicos com o objetivo de impor seu domínio cultural, religioso e até racial, o nome disso é Jihad – a “Guerra Santa” de Maomé contra os infiéis – e, portanto, uma declaração não formal (por não ser oficialmente anunciada) de guerra contra o país que os abriga e hospeda.

Sob a demagógica alegação de “abrigo humanitário”, milhares de combatentes – podemos chamá-los assim – povoaram diversos países e, rapidamente, delimitaram seu território (bairros onde se fala árabe), casaram-se e tiveram, ao contrário dos “civilizados” europeus, dezenas de filhos.
Sugando os recursos pagos por seus hospedeiros, drenaram a economia desses países ao requerer auxílios governamentais, tomaram empregos dos nativos – por menores salários – e obtiveram pleno sucesso na criação de um ambiente urbano hostil, decadente, sombrio e ameaçador.

Multiplicaram-se as ocorrências de estupros, ataques com facas, assaltos e todo um cotidiano que transformou a Europa em uma sucursal da Favela da Maré, no Rio de Janeiro.
Com os cidadãos intimidados (mormente pela impregnação “woke”), acuados em suas casas e temerosos por suas vidas, faltava apenas o passo seguinte e final, que começou a ser trilhado esta semana: a caça aos “infiéis” – leia-se cristãos, brancos, europeus e resistentes à escravidão tipicamente islâmica.
Mesmo a Europa medieval, através da Igreja Católica, havia abolido a escravidão; foram os muçulmanos que a reintroduziram na África, lucrando muito com isso.

Tão preocupante quanto a apatia – suspeita, pois muitos líderes locais têm ascendência muçulmana – dos governos da (extinta) Europa, é o fato de que a estratégia de migração, ocupação e consolidação de territórios, com ampla procriação e descendência, se repete em inúmeros países do mundo, inclusive no Brasil – mas este é um assunto que, ao ser comentado, pode acarretar retaliações (por enquanto verbais) iradas de uma enorme turba “lacradora”, dopada por uma esquerda narcótica e que ainda enxerga essa verdadeira Jihad com a mesma arrogância racista que a Europa a via, até poucos dias atrás.

Nada acontece por acaso; tudo é coordenado. Temos um Papa suspeito e omisso, que engole – sorridente – as piores blasfêmias contra o catolicismo, ao mesmo tempo em que a abertura dos Bacanais Olímpicos de Paris escancarou ao mundo o ódio que a turba “woke-lacradora” sente por quaisquer comedimentos sexuais ou comportamentais – especialmente aqueles pregados pelos católicos.
Como coroação, assistimos cidadãos britânicos serem caçados à pau e pedra por guerrilheiros (este é o termo) muçulmanos, em uma ostensiva declaração de guerra (santa?) ao Império Britânico. Pouco se pode esperar, considerando que até mesmo o Rei Charles III é súdito obediente de uma Tarika árabe.

Evidencia-se um movimento semelhante a uma pinça, que cerca e sufoca as nações do mundo, tanto econômica quanto culturalmente, em uma progressão de violências conceituais e degradação social jamais vista, e de forma vertiginosamente crescente.

Se o planeta Terra tiver sorte, novamente se desenha um quadro em que os Estados Unidos da América – se, e tão somente se – sob a liderança de Donald Trump, será novamente o salvador do mundo livre, tal como fez nos idos da Segunda Guerra Mundial.

Caso contrário, infelizmente, viveremos para presenciar o fim da civilização judaico-cristã ocidental na face da Terra.

Aguardemos e oremos.



Walter Biancardine





segunda-feira, 5 de agosto de 2024

SEGUNDA-FEIRA NEGRA

 


Ao que tudo indica, o mundo inteiro aguarda um ataque iraniano a Israel a qualquer instante. Relatos informam que o sistema de defesa antiaérea Domo de Ferro (Iron Dome) trabalhou intensamente neste fim de semana, interceptando foguetes lançados pelos terroristas do Hezbollah contra o norte do território israelense. Essas ações resultam da verdadeira "faxina" que Israel vem promovendo com suas Forças de Defesa (IDF), eliminando – entre outros personagens importantes – Abdel Fattah al-Zarii, chefe do Ministério da Economia em Gaza, ligado ao Hamas, em um ataque à sua casa em Deir al-Balah (centro de Gaza).

Esse nome faz parte de uma extensa lista de pessoas responsáveis pela impressionante escalada de violência no Oriente Médio, que se espalha pelo mundo. Cabe citar Ismail Haniya, morto em retaliação pelas Forças Israelenses, o que colocou o Irã em uma situação delicada. Fontes associadas à oposição iraniana explicam que, para o regime iraniano, é vital responder a essa ação, não para defender Haniya ou Gaza, mas por sentir que "sua dignidade foi espezinhada". Isso desperta um grave sentimento de humilhação interna no regime.

Cidadãos iranianos começaram a encarar o regime como fraco e comprometido do ponto de vista da segurança. A nível regional, as milícias daquele país sentem-se inseguras e avaliam que seu povo não está protegido, nem mesmo no coração de Teerã. Pior: a nível internacional, sua soberania teria sido violada de forma sem precedentes pela "entidade mais fraca", de acordo com a percepção oficial apresentada pelo governo daquele país.

Com toda a conjuntura apontando para um cenário de guerra, a economia – mais precisamente o mercado financeiro internacional – reage como esperado e retrai-se, ainda que desta vez sofra um sombrio impacto da decisão do governo japonês em aumentar seus juros de forma exponencial, como uma manobra de precaução contra o cenário político mundial.

Para sermos mais claros, o mundo pegou empréstimos em iene a juro zero – dezenas de trilhões – durante anos. O Japão eleva os juros de forma inesperada e o iene valoriza de maneira brutal em uma semana. Banqueiros e investidores quebram e pagam esses empréstimos, de forma urgente, em iene, e tentam liquidar as operações. Consequência? A moeda japonesa valoriza ainda mais, e mais banqueiros quebram, vendendo seus ativos "na banheira das almas", como se dizia antigamente.

Evidentemente, existem efeitos colaterais, e um deles é que a bolsa de Tóquio despencou 12,4%, quebrando seu recorde de perdas. Nos outros mercados asiáticos, o índice Taiex, de Taiwan, caiu mais de 8% e o KOSPI, de Seul, 9,6%. O mercado de futuros emergentes afundou 4,8%, o dos EUA despencou 3%, assim como o de futuros em ações de tecnologia, que caiu 6%.

Desnecessário dizer que o mercado de criptomoedas também despencou, e a lista dos "efeitos colaterais" – cuja causa primária é o Oriente Médio – inclui rumores de uma possível terceira guerra mundial, bem como a verdadeira guerra civil que já ocorre na Europa, fazendo com que os mercados esperem uma queda ainda maior amanhã.

Esse último e delicado ponto deve ser abordado, pois a maioria dos analistas políticos não o inclui em suas equações. A infiltração islâmica na Europa – massiva e disfarçada como "ação humanitária de abrigo a refugiados" – sempre teve como objetivo o que se passa atualmente nas ruas das principais cidades europeias: servir como arma de chantagem, ameaça e contrapeso às ações do Hamas em relação a Israel. O objetivo secundário, igualmente evitado pelos comentaristas, é o antigo projeto de implantação do "Califado Mundial", uma vez que, na prática, a maioria dos países europeus já conta com uma balança populacional amplamente favorável aos islâmicos.

No momento em que as tensões no Oriente Médio chegam a níveis críticos, imigrantes muçulmanos se juntam em bandos e percorrem as ruas de cidades como Bolton, na Inglaterra, usando máscaras e balaclavas, todos vestidos de preto, patrulhando as ruas em busca de cidadãos britânicos para caçar, enquanto gritam "Takbir, Allahu Akbar!" Coincidência? Pouco provável, mas esse fato – verdadeiro ato de guerra – é cuidadosamente omitido na mídia "mainstream" mundial.

É preciso que o leitor – à parte os cuidados com seus investimentos – tenha em mente que essa aparente "salada" abstrusa está intimamente correlacionada. Pouco ou nenhum efeito produzirão protestos de norte-americanos contra a política econômica de Joe Biden ou os gritos de desespero pelo arrocho fiscal de Fernando Haddad, no Brasil. O cenário sombrio que vivemos está além do alcance de governos locais, ainda que tanto os EUA nas mãos de Trump, quanto o Brasil sob outra administração, aliviassem, e muito, o problema.

São tempos de buscar informações confiáveis e, tal como a vovó, guardar as economias no colchão.


Walter Biancardine