quinta-feira, 6 de novembro de 2025


Escrevi que Deus não usa relógio. Tentei até explicar amores. Muita gente não entendeu. Eu não me entendi. Muitos não sabem. Eu também não - mas sou teimoso.

Por isso piso, repiso, bato no mesmo prego e esmurro a mesma ponta de faca.
Eu tento.

O AMOR, O RELÓGIO E ALGUM TROCADO PRA DAR GARANTIA -
Muito já se disse sobre o amor, mas quase tudo foi ruído de ferida. Poetas o cantaram, santos o ofereceram, filósofos o desconfiaram – e no fim ninguém saiu ileso. Porque o amor, quando é verdadeiro, não é um sentimento: é uma ferida aberta por onde o eterno tenta entrar.

Amar é sempre sofrer um pouco – não por castigo, mas por grandeza. Só o que ultrapassa os limites da carne pode doer assim. O amor é o peso do infinito sobre um coração finito.

Santo Agostinho, que sabia mais de lágrimas do que de definições, dizia que “amamos para não morrer”. E estava certo: o amor é a recusa da morte. É o protesto do espírito contra o relógio. Todo amante, no fundo, quer que o instante dure para sempre – e é por isso que ele se desespera.

Mas Deus, com sua ironia amorosa, fez o tempo para ensinar-nos a esperar. E é aí que o amor se torna mais divino: quando aprende a ser paciente sem deixar de arder.

As almas certas nem sempre se encontram na hora certa. Às vezes o amor chega tarde, como uma bênção fora de sincronia. Um está preso a deveres, o outro a feridas; um está pronto, o outro já cansado. E o mundo, cruelmente pontual, fecha as portas que o coração abriu.

Não é tragédia – é liturgia. O amor humano é sacramento imperfeito do Amor divino: contém a forma da eternidade, mas dentro de um vaso que se quebra. E cada desencontro é um lembrete de que o Céu ainda não começou.

Pascal escreveu que “o coração tem razões que a razão ignora”.
Talvez a razão do amor seja justamente essa ignorância: amar é aceitar o mistério de não entender, e ainda assim permanecer.

C.S. Lewis via no amor a escola da renúncia: não para sufocar o desejo, mas para purificá-lo. Ele dizia que o amor só é pleno quando suporta o risco da perda.
E esse é o ponto em que o humano se toca com o divino – quando amamos não para possuir, mas para servir, para permanecer mesmo na ausência.

Há quem diga que o amor é só uma ilusão biológica. Pobre ilusão essa, que atravessa séculos, destrói impérios e consola moribundos.

Rilke, que sabia das solidões humanas, dizia que amar é “guardar o outro no coração como uma tarefa”. E é isso: uma tarefa. Sagrada, cansativa, luminosa.
O amor não é um consolo, é convocação.
Não é uma pausa na vida, é o próprio campo de batalha onde alma e tempo duelam pelo direito de permanecer.

Deus não nos quer anestesiados de felicidade, mas maduros de esperança.
E maturidade, neste mundo, é saber sofrer com elegância, sem se embrutecer.
Porque o cinismo é a apostasia dos que amaram mal.

No fim, o amor é a pedagogia mais sublime da perda. Ensina-nos a morrer um pouco a cada dia – e ainda assim agradecer pela vida.
Chorar é rezar com os olhos.

E o amor, mesmo quando falha, não é um fracasso – é um ensaio da eternidade.
Que ele doa, sim. Mas que doa como um coração crescendo.


O AMOR TEM SEDE DE SANGUE -
O amor entrou no quarto com botas de chuva, pisou o tapete da inocência e estourou o vidro da janela. Se vestia de riso, trouxe a cicuta, o sono leve e o pensamento pesado.

Você quis um alguém para sempre – imbecil de fé – que veio como espelho quebrado, te refletindo mil vezes e devolvendo metade com cortes, com sangue e rotina.

Sussurrou juras de amor e você engoliu, sorrindo, sem ver o limo da promessa.

E você virou mesa posta, prato servido, a comida que gosta – e o garfo tremeu antes do brinde.

Porque amar é isso: domar o fogo com as mãos nuas, servir a ceia e ter sede no meio da festa.

O amor dói quando nos joga na cara: imortais só quando sonhamos – e quando a chama apaga, sobra a fuligem da pele desejada, só as gotas da vela fumegante são testemunhas.
Se deite no colo, encontre abrigo, e acorde no abismo da própria ausência.
Sangue escorre, não só da carne, mas da alma que se jurou indestrutível.

O tempo é carrasco e amante, vestido de sonho, fez ar condicionado no inferno, cantou “amor, amor” e fechou a porta.
Almas certas chegam tarde – uma tombou, outra foi embora. Uma traz o alforje, a outra os grilhões.
E o amor humano, esse pobre idólatra, sempre perde contra o relógio.

Mas eu digo verdades, o amor vale mesmo assim. Vale porque é o bom combate, vale porque, no fim, sobreviver ao amor não é fugir da dor – é dançar com ela, olhar nos olhos e dizer: “sou teu espelho quebrado, ainda assim me refaço”.

Então sim: o amor tem sede de sangue, que só se sacia na febre.

O amor bebe ternura – e no fel, na ferida, encontra-se o resíduo de divino: todo amor que hover nessa vida.

Porque amar é morrer todos os dias, querer levantar para o café da manhã com o outro.

E algum trocado, pra dar garantia.


Walter Biancardine


quarta-feira, 5 de novembro de 2025

DEUS NÃO USA RELÓGIO -


I – O tempo que não passa em Deus
Deus não usa relógio.
Essa frase, dita ao acaso, soa como consolo de beato – mas é, na verdade, um abismo metafísico.
O homem mede tudo em horas; Deus, em essências.
O que para nós é demora, para Ele é medida justa. O que chamamos de acaso, Ele chama de providência.

Santo Tomás de Aquino, na Summa Theologica (I, q.10, a.1), define a eternidade como “posse total, simultânea e perfeita da vida sem fim”.
A eternidade, portanto, não é tempo estendido ao infinito; é ausência de tempo.
Deus, sendo ato puro, não “espera” nada, pois já contém em Si toda a plenitude do ser.
Mas nós esperamos.

E nesse hiato entre o eterno e o temporal se instala a tragédia humana.
Deus traça o fio da providência sobre uma tapeçaria que só vemos pelo avesso: nós enxergamos o nó, Ele vê o desenho.

II – A lentidão divina e a pressa humana
Deus governa o tempo sem ser governado por ele – e isso fere a alma moderna, que só sabe amar o que é instantâneo, imediato, bom para sair no Instagram.

Vivemos sob o tirano tique-taque da urgência metabolizada pelo vício em dopamina cibernética. Queremos promessas com prazo de entrega, bênçãos com data de validade, amores sem espera.

Nosso drama é exigir que o eterno se comporte como um aplicativo, bastando clicar e obter.
Mas a Providência, ensina Santo Agostinho, é uma pedagogia e Ela não se apressa, eis que o tempo é uma ferramenta educativa. Em Confissões (XI, 13), o bispo de Hipona escreve:

“O que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pergunta, já não sei.”

Eis o espanto de quem compreende que o tempo é o lugar da nossa ignorância.


A eternidade, para nós, é incomunicável; só a sentimos em lampejos – na oração, no amor, na arte, no arrependimento. E Deus nos educa por meio desses mesmos lampejos: ora atrasando, ora adiantando, suspendendo o relógio, até que o coração aprenda o ritmo certo.

III – O descompasso das bênçãos tardias
Quantas vezes o homem recebe tarde demais aquilo que mais desejou?
A oportunidade que chega depois da juventude, o reconhecimento quando o vigor já secou, o amor quando o corpo já cansou – é a maldição do “tarde demais”, que tantos tomam por crueldade divina.

Mas talvez não seja crueldade – talvez seja uma forma superior de justiça.
Santo Tomás de Aquino, ao tratar da providência (Summa contra Gentiles, III, 94), explica que Deus permite certos males aparentes para um bem maior, invisível a quem sofre, pois a alma que recebe tarde aprende a desejar corretamente. O atraso pode educar o coração e fazê-lo desapegar-se do tempo, desejando o que é permanente.

E, se quisermos ser francos, o contrário também é verdadeiro: quantos foram destruídos por receber cedo demais o que pediram? A bênção adiantada costuma se tornar veneno e o tempo, portanto, não seria castigo e, sim, cura. Mais lógico concluir que Deus não se atrasa; nós é que nos adiantamos.

IV – O relógio do amor: desencontros e ironias
Eis o ponto mais cruel e mais humano deste mistério: o amor e seus desencontros.
Se o tempo divino não obedece ao nosso, o amor se torna a mais delicada vítima do descompasso.

Chegam tarde as almas certas. Encontram-se, por vezes, quando já não podem se possuir. Um está casado, o outro velho, um livre demais, o outro ferido demais. Parece ironia, mas é estrutura da realidade: o amor humano é sujeito ao tempo, e o tempo é servo de Deus.

Em O Banquete, Platão já intuía que o amor é um desejo de eternidade: amamos para vencer o tempo, para dar permanência ao que perece. Mas o amor humano, sendo sombra do Amor divino, sempre será condenado à frustração.

E o que chamamos de “amor impossível” seria, na verdade, um lembrete: a eternidade ainda não começou.

Dante, ao ver Beatriz na Vita Nuova, compreendeu que o amor é teofania – um lampejo do eterno.

Mas Deus, que nos permite o relâmpago, nos nega o raio contínuo. O amor é sagrado justamente porque é passageiro e, se dura, é porque aprendeu a morrer todos os dias – sem reclamar da hora.

No extremo oposto, meu velho conhecido Bukowski, esse santo bêbado de Los Angeles, dizia:

“O amor é uma névoa que queima na primeira luz da realidade.”


Ele tinha razão a seu modo: quando o amor se prende ao relógio, evapora. E a única maneira de amar de verdade é aceitar o tempo como campo de batalha – e não como juiz.
Os desencontros amorosos são, portanto, uma espécie de provação divina: um treino de eternidade.

Deus nos deixa perder o que mais amamos para que aprendamos a amá-Lo acima de tudo.
É um sadismo pedagógico, sim, mas é também o único modo de purificar o amor humano de sua idolatria.

O tempo, aqui, é o bisturi da alma: corta para curar.
E sempre deveremos saber que o verdadeiro amor deve saber morrer todos os dias pelo ser amado, dentro do cruel campo de batalha de nossas vidas.

V — A pedagogia da perda
Agostinho chora por Mônica, Jó por seus filhos, e nós por nossas oportunidades mortas, mas o pranto, na economia divina, é argumento.
Chorar é rezar com os olhos.

As perdas temporais – inclusive as amorosas – são o sórdido material que Deus usa para fabricar o ouro da eternidade de nossa alma. É ruim, é péssimo – mas é bom.
A bênção tardia, vista de fora, parece punição, mas vista de dentro, é convite à purificação.
Deus não nos quer felizes apenas: quer-nos maduros.
E maturidade, neste vale de lágrimas, é saber perder sem se tornar cínico – ou um arremedo de Bukowski.

Há um tipo de graça que só floresce sobre a ruína: os santos chamam isso de felix culpa – a “culpa feliz”. A falha, o desencontro, o tempo perdido – tudo pode ser transformado em matéria de redenção. O atraso divino, assim, é a oportunidade de descobrir que a vida não é um cronograma que obedece ao nosso script, mas sim uma provação contínua.

VI – O relógio e a cruz
A cruz é o grande relógio de Deus.
Nela, a eternidade e o tempo se cruzam literalmente – uma haste vertical e outra horizontal.
No alto, o eterno; na base, o instante – e Cristo é o ponto onde Deus se deixa medir em horas.
Três horas de agonia: o tempo entrou em Deus.
Desde então, nenhuma espera é absurda, nenhum atraso é vão.
Deus se atrasou três dias para ressuscitar – e mudou o conceito de “tarde demais”, para os atentos.

Por isso, quando um homem diz “já não há tempo”, o céu sorri com ironia: há sempre tempo, pois há a eternidade por detrás.
Mas a eternidade, sendo o inverso da pressa, exige paciência.
E a paciência é a virtude mais humilhante, porque obriga o orgulho a esperar – todos sabemos disso por experiências próprias, não é preciso ensinar.

VII – Quando o relógio para
Deus não usa relógio porque não precisa medir o que já possui.
Nós, sim, precisamos – porque ainda não somos o que devemos ser.
A diferença entre o tempo divino e o humano é, em última análise, a diferença entre o ser e o vir a ser.
Deus é.
Nós, estamos sendo.

E enquanto estivermos sendo, o relógio baterá – não como inimigo, mas como lembrete: há um sentido a cumprir.

Quando o último segundo cair, e o tempo se dissolver na eternidade, compreenderemos que cada bênção tardia era um sinal do cuidado perfeito – e cada desencontro amoroso, uma lição de desapego, eis que o “tarde demais” já não existe.

Até lá, meu humilde conselho é bastante simples: ore, trabalhe, ame sem cronômetro, e desconfie dos relógios demais certos – eles mentem mais que o diabo.

Porque o diabo obedece o tempo, é pontual – e Deus, nunca. Pois é o dono dele.


Walter Biancardine

PEQUENOS COMENTÁRIOS SOBRE A IDIOTICE : É RIR PARA NÃO CHORAR -


Se há algo que salta aos olhos logo em uma primeira e infeliz visão é a feiúra - não a feiúra genética, pois esta é aleatória e meu próprio aspecto não me deixa muito à vontade para comentar - mas a feiúra proposital, deliberada, buscada com o objetivo de agredir a todos em volta: é a agressão pela agressão, a ofensa visual, o choque, o escândalo estético.

A pobre coitada é feia, e sabe disso. Talvez tenha sido essa a origem de todas as suas patologias mentais. Isso posto e sentindo-se plenamente justificada por uma ideologia que promove sua feiúra como virtude, tratou de piorar o que já era péssimo: cabelos cor de água de salsicha, um par de óculos que - propositalmente - fazem seus olhos parecerem desalinhados e tortos e ainda reforça tal danação visual esbugalhando estes mesmo olhos, grandes de natureza, de forma a demonstrarem explicitamente toda a sua ira contra a beleza, acompanhados pelo esgar de sua boca babada de raiva. A pobre é um aborto estético e uma ofensa ameaçadora em suas intenções. Funcionou, portanto.

Uma vez explanado todo o tormento visual da pobre, passemos ao pior: os claros sinais de demência - ou entorpecimento artificial - que este escombro humano exibe em suas falas, exemplificadas pelos recortes da fotografia que ilustra este ensaio sobre a feiúra e frustração.

1 - "Os policiais não precisam ficar ostentando um fuzil. Isso tem baixo rendimento criminal"

Vamos por partes: "ostentar um fuzil". Ok, mas os traficantes também os "ostentam", e de uma forma muito mais explícita e ameaçadora, desfilando em bondes armados pelas ruas das favelas e dando tiros à esmo para o alto, até em comemoração por um simples gol de seu time. Eles podem, mas os policiais não. É isso que esta dismórfica quer dizer?

A outra parte: "Isso tem baixo rendimento criminal". Quanto a tal frase, só posso atribuir semelhante disparate ao uso de drogas ou simples demência senil. O que é um "baixo rendimento criminal"? Os policiais são criminosos e os fuzis seriam sua "ferramenta de trabalho", agora por ela definidos como de "baixo rendimento"? Ou que os tais fuzis, simplesmente e mais de acordo com a doentia ideologia que habita as trevas de sua cabeça, seriam apenas algo que "não funcionam contra o crime"? Talvez esta última esteja mais de acordo, eis que a mesma doente advoga o uso de pedras - ao melhor estilo da Lei Sharia muçulmana - para combater hordas de traficantes armados até com bazucas anti-aéreas.

2 - "O criminoso com um fuzil na mão é facilmente rendido por uma pistola". Tal afirmação mostra claramente que mesmo a mais empedernida esquerdista assistiu, quando jovem, os filmes policiais norte-americanos, onde o herói assim fazia e obtinha êxito. Sim, pois somente em produções de Hollywood ou no total e absurdo desconhecimento - isso para não falar da falta de senso lógico - de quaisquer questões sobre Segurança Pública alguém poderia proferir tamanho disparate. Cabe notar que, mesmo assim, a TV a apresentou como alguém apta a opinar sobre a Segurança Pública do Rio de Janeiro, e até do Brasil como um todo.

3 - "Enquanto ele (o traficante) tá tentando levantar o fuzil, alguém já o derrubou com uma pedra". Sim, o leitor não compreendeu errado: ela disse isso. "Tentando levantar o fuzil"? quantos quilos esta imbecil pensa que pesa uma arma desta? Uns 50, 60 quilos? E pior: "alguém já o derrubou com uma pedra". Meu Deus, então as indústrias bélicas no mundo inteiro gastam milhões de dólares com armas que podem ser facilmente neutralizadas por um calhau nas fuças? Isso significa que poderemos ter, em breve, a obrigatoriedade do "Porte de Pedras"? Caminhões basculantes terão de ser acompanhados por escolta militar? Pedreiras serão área de segurança máxima? Ou é simplesmente uma tosca felação aos xiitas muçulmanos que ela tanto admira e que já executaram milhares de mulheres, gays e loucos como ela, à base de linchamento por pedradas? Sim, amigos. O caso é de hospício, mas foi à TV como referência em Segurança Pública!

4 - "E sobre os drones, drone é apenas um brinquedo que você usa e ele quebra". Não há muito o que comentar sobre isso, até pela exaustão que a demência incensada pela grande mídia me provoca. Apenas fico pensando na perda de tempo que tantos exércitos recentemente sofreram, ao bombardearem cidades inteiras, matarem civis e militares - mas tudo isso com um "brinquedo que vc usa e ele quebra". Encerro este apenas declarando minha piedade por tal criatura, a qual certamente valeu-se de "brinquedos que vc usa e ele quebra" em seus momentos de mais profunda e íntima solidão, causada pelas escolhas de vida que adotou.

Arrisco dizer que é de tal frustração que nasceu este conceito.

Não vá o amigo leitor me julgar por escrever laudas e laudas sobre uma demente, que deveria estar internada em um manicômio. Apenas devolvo, na mesma moeda, o tanto de tempo e importância que a grande mídia usou para tentar nos obrigar a levar a demência como ponto de referência na formação de nossas opiniões.

Sim, a grande mídia tem certeza que somos completamente idiotas.

Tal como a louca entrevistada.


Walter Biancardine

terça-feira, 4 de novembro de 2025

A FOTO DIZ TUDO -

 


Não à toa Alexandre de Moraes aparece caminhando à frente do Governador do Rio de Janeiro nas fotografias: ele quer mostrar que é a autoridade, o líder, o poderoso que veio impor seus arbítrios - e também sua sociedade com o crime organizado - a todo um Estado da Federação, pois quem manda neste país é ele.

Moraes tem um ego doentio; é um megalômano com traços claros de psicopatia, ainda agravada por sua escolha pessoal - livre arbítrio - em enveredar pelo caminho mais fácil e lucrativo do crime. Basta ver suas antigas fotos, ainda jovem acadêmico de Direito, que o contraste se evidencia: olhar inocente, bobo até. E pouco me custa supor que, vitimado ao longo da vida por inúmeros gracejos e zoações de colegas, tais brincadeiras tenham acionado o gatilho psicopático de pretender ser Rei. Sim, um rei, nada menos que isso.

O acaso andou longe de suas escolhas ao longo da vida, até mesmo no esporte que diz praticar, o Jiu-Jitsu: quer ser forte, temido e obedecido. Sua vaidade colossal impulsionou-o a ser o falso autor de inúmeros livros acadêmicos, escritos por algum bem remunerado ghost-writer - e não digo isso em vão, pois um verdadeiro autor fala tal qual lemos em seus livros, e o vocabulário de Moraes, pessoalmente, é completamente primário.

Coroando tal doentio e entumescido ego, permitiu-se recentemente ser fotografado em um ensaio que talvez sequer a Realeza Britânica tenha jamais se submetido - sim, pois ele é Deus.

Alexandre de Moraes é o pior dos loucos: é o louco perigoso, cruel, sádico, primário e estúpido, cujo baixo QI o impede, sequer, de considerar um comportamento mais moderado que até o ajudaria, em sua senda criminosa.

Mas ele, além de louco, é vaidoso.

E a vaidade é o pecado predileto do diabo.


Walter Biancardine


A TORMENTA É BELA QUANDO ESCRITA, NÃO QUANDO VIVIDA -


Todo aquele que possui uma sensibilidade ligeramente mais apurada pode encontrar beleza e, talvez, até mesmo lições ao ler os escritos de um atormentado. A aflição nos despe da vergonha, do pudor, e passamos a exorcizar de forma pública - eis que ao redor nada ou ninguém resta - os fantasmas que perseguem nossa alma.

Sim, a depender do talento e sensibilidade do atormentado, realmente poderemos colher algumas preciosidades, entre os escombros daquilo que o pobre infeliz chama de "vida" e na qual desfilam procissões de sofrimentos, dúvidas, aflições, frustrações e angústias. Tais hemorragias - causadas por fraturas expostas de sua alma - eventualmente nos oferecem lições, conselhos ou mesmo servem como tema de meditações mais pessoais e profundas, naquele buraco infinito que todos temos na alma, mas a ninguém confessamos.

Eis que é bom e belo lê-lo; jamais queira vivê-lo, entretanto.

Dores não podem ser compartilhadas nem sentidas por outrem - a empatia tem um cada vez mais curto limite - e tudo o que o infeliz escritor faz não é reclamar e, sim, extravasar. Quem reclama busca solução, mas quem desabafa já desistiu das mesmas há tempos e tudo o que faz é escrever - escrever para não explodir, rabiscar linhas como se o papel fosse lixeira, a vomitar tudo o que de pior tal alma carrega dentro de si.

E esta é a necessidade de escrever: ou escrevo ou explôdo, e isso se torna claro em simples contabilidade bibliográfica que façam sobre minha pessoa, onde textos personalíssimos, intimistas - ainda que temperados pela inevitável filosofia adotada como modus vivendi - são muito mais numerosos que análises políticas, ensaios filosóficos ou mesmo os velhos e divertidos (ao menos para mim) textos onde me entregava, sem pudores, à mais escrachada gaiatice.

Haverão alguns, temerários, que eventualmente apreciarão as linhas deste velho atormentado - o qual gasta dias se irmanando aos inomináveis Bukowski ou Schoppenhauer - e, por isso, me honrem seguindo-me. À eles, agradeço do fundo de meu coração, pois ouvir (ou ler) lamentos alheios é a suprema solidariedade, limitado que estamos às redes sociais. Mas deixo, entretanto, um conselho que considero valiosíssimo: tormentos alheios podem ser-nos úteis ou até soarem belos, mas nem em seus piores pesadelos queiram romantizar a situação deste escriba e, porventura, vivê-los.

Ser escritor, ter tal defeito como profissão - piorada pela minha formação jornalística - já é uma condenação à pobreza e frustração, e as tempestades que varrem minha cabeça ainda tornam tal sina vocacional ainda mais empedrada. Por isso, principalmente em um país como o Brasil, não percam tempo ou gastem neurônios no caminho das letras.

Elas nada significam numa terra de emojis.


Walter Biancardine