quarta-feira, 6 de março de 2024

BATISMO EVANGÉLICO

 


Recentemente testemunhei, pela primeira vez, uma cerimônia de batismo de uma igreja evangélica, a comunidade eclesial Lagoinha, e que foi realizada no local onde trabalho.

Foi-me gentilmente oferecida a oportunidade de também batizar-me, convertendo-me, mas recusei polidamente – ciente de que a verdadeira fé nos impele à conversão do próximo mas, também, firme em minha própria fé católica e na certeza de que um juramento faz-se apenas uma única vez na vida.

Esta certeza de um único juramento lembrou-me do Credo Niceno-Constantinopolitano: Confiteor unum baptisma/ In remissionem peccatorum – “Creio em um só batismo/ Em remissão de meus pecados”. E este é um ponto de importância capital em nossa vida espiritual, dada a absoluta maioria católica e evangélica/ protestante (leia-se Batistas, Adventistas, etc.) no Brasil: a Igreja Católica aceita o batismo evangélico/ protestante, considera estes fiéis já unidos – embora não integralmente – ao corpo da Igreja Viva, e não impõe um novo batismo em caso de conversão.

Confesso ignorar se as Comunidades Eclesiais evangélicas exigem o batismo de novos membros, se oriundos da Igreja Católica. Caso exijam, fica a pergunta se não estariam sendo anabatistas – e apresso-me a explicar o que tal denominação significa: o termo significa "re-batizadores", do grego ανα (novamente) + βαπτιζω (batizar); em alemão: Wiedertäufer.

É a chamada "ala radical" da Reforma Protestante, iniciada por Lutero – daí o motivo da expressão em alemão, acima ilustrada.

Os anabatistas não formavam um único grupo ou igreja, pois havia diversos grupos assim chamados, genericamente, com crenças e práticas diferentes e divergentes. O ponto que julgo necessário destacar é que os convertidos eram batizados apenas na idade adulta e, por isso, re-batizavam todos os que já tivessem sido quando crianças, pois criam que o verdadeiro batismo só teria valor quando as pessoas se convertessem conscientemente a Cristo.

Pois bem, é evidente que o conceito acima exposto refere-se à pessoas já nascidas neste meio, mas cabe a pergunta: e os neófitos? E aqueles oriundos da Igreja Católica? Serão rebatizados ou o convite a mim dirigido foi uma gentileza, uma honra – certamente imerecida – que recebi?

Quero crer que as comunidades eclesiais evangélicas – Lagoinha inclusive – sigam ainda a orientação anabatista original, de Lutero, já que suas origens são protestantes. Assim, considerando a liberdade maior que tais comunidades possuem sobre suas práticas litúrgicas, deixo a sugestão de considerarem uma recíproca à esta fraternal postura da Santa Madre Igreja, dispensando o batismo de católicos convertidos, pois nosso Deus é Uno.

No mais, necessário é expressar novamente o reconhecimento da ação meritória e piedosa da Lagoinha, evidentes nos rostos e no trato de seus fiéis.

E que Deus Pai, Todo Poderoso, abençoe e proteja a todos nós.


Walter Biancardine





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