quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

NÃO OUVIMOS, MAS SABEMOS QUE CHAMOU -

 


Começo este artigo com um relato de uma jovem – uma garota – que mal descobriu-se suave borboleta, após longos anos sentindo-se lagarta. As belas asas, que sempre nos chamam atenção por motivos errados, fizeram com que a mesma alçasse mistico voo em direção a Deus, chamada por Santa Therezinha de Lisieux – sim, a mesma de minha devoção e, pela semelhança de experiências e com a devida autorização, narro aqui sua experiência.

Minha história de conversão ao Catolicismo: um relato.

Nasci em uma família protestante, porém meu pai nunca foi muito presente na Igreja. Meus avós eram membros ativos sendo diáconos, e minha mãe tesoureira. Quando criança, sempre comentavam que eu seria pastora, pois amava aprender sobre Cristo.

No entanto, uma curiosidade sempre se houve presente dentro de meu coração. Quando passávamos por uma Igreja Católica, ou uma missa na TV acontecia, uma Sofia pequeninha ia assistir escondida dos pais. A Igreja me atraiu primeiramente pela beleza, ainda na infância.

Durante minha adolescência, por volta dos 12/13 anos, fui diagnosticada com depressão. E perdi o interesse pela Igreja evangélica, meus avós haviam se afastado há um tempo por escândalos que eles haviam presenciado, e minha mãe não ia mais. Nisso, eu fui ficando mais distante…

Em 2020, foi decretada a pandemia e completei 13 anos. Foi um período tenso, estava sem amigas e escola. O medo de que algo acontecesse com meus pais, o isolamento agravou minha depressão, e comecei a me sentir ainda pior comigo mesma.

Quando eu tinha 14 anos, atentei contra minha própria vida pela primeira vez. Não tive uma mudança de chave, e sim um sentimento de culpa. Os médicos da emergência me olhavam com desprezo, como se eu quisesse atenção. Meus pais e avós todos preocupados comigo, e eu me sentia pior.

O sentimento de infelicidade e fracasso me rodeavam, eu me sentia indigna do amor. Como podia uma garota que sempre teve do bom e do melhor desejar a morte? Foi em uma noite, depois de dias mal dormidos que tive um sonho. E ele mudou tudo.

Nele, eu recebia uma rosa de uma mulher que eu ainda não conhecia. Ela me beijava na bochecha, e dizia que Deus me amava. Acordei chorando como nunca, e eu sabia que aquela mulher era uma Santa. Pesquisei na internet, e era mesmo: Santa Teresinha!

Eu não podia acreditar, tentava pensar que era coisa da minha cabeça. Para mim, isso era coisa de filmes ou grande profetas. Acordei minha mãe chorando, e contei tudo à ela. Minha mãe que até então era protestante me disse: ‘Sonhei que você estava curada essa noite.’

Naquele momento tive certeza, Deus estava comigo. Ele nunca me abandonou na verdade, eu que havia o abandonado. E que arrependimento! Minha mãe no começo se incomodou, ela possuía os pensamentos protestantes contra a Igreja, mas hoje em dia isso mudou.

Bom, eu continuei estudando sobre a Igreja, e cada vez mais me via apaixonada por toda a história dela. Nesse tempo, fui na minha primeira Missa. Lembro até hoje o quanto eu chorei sentindo Cristo de novo em mim.

No ano seguinte, eu me mudei para um colégio católico por motivos relacionados a saúde mental. E conheci o Padre que, até hoje, vejo como grande amigo! Ele me ajudou a entender os sacramentos, me indicava livros sobre a fé, e me ensinou a rezar o terço.

E assim, que me converti realmente. Acredito que nossa conversão é diária, e devemos sempre lutar contra nossos vícios. Ainda estou longe de ser a católica que desejo ser, mas hoje me sinto completa.

Muito obrigada por lerem”.



O poder de Deus não toca apenas as almas sensíveis, frágeis e quase etéreas; Ele também se faz sentir diante dos brutos, daqueles que viveram demais e – pelo tanto viver – cometeram toda a sorte de pecados, perdendo a delicadeza e anestesiando-se diante de um mundo que apenas enxerga como um simplório dualismo: guerra ou esbórnia.

A delicada mocinha que escreveu o relato acima chama-se Sofia – “sabedoria” em grego – e batizei-a, para mim mesmo, como “Sofia Hildegard”, aproveitando seu nickname no X-Twitter.

O que dizer de experiências de vida tão precoces e extremas? Como absorver o Divino, a mão estendida por Deus, através de Sta. Therezinha, à ela em seus piores momentos? A verdade é que existem acontecimentos acima dos mais hábeis e talentosos escritores ou mesmo poetas: não há como descrever, traduzir ou – pior – tentar entender Deus pois, se houvesse, o divino se rebaixaria ao meramente humano.

Vejo a doce Sofia Hildegard como um elefante que admira uma rosa. Não há como chegar perto, tentar descobrir – em egoísta impulso – as profundidades de sua alma (sim, eu gostaria de sentir, ver e enlevar-me com tudo o que a inebria, vindo dos céus) sem que a brutalidade das minhas patas a esmague. Resta-me apenas a rendição ao poder, não apenas de Deus mas, igualmente, de Santa Therezinha, que jurou “gastar seu céu” ajudando pobres humanos e fazendo milagres.

E assim foi comigo, um empedernido, cínico e debochado ateu, que arriscava propositalmente a vida em desvairios, apenas para provar-me “autossuficiente”. Gastei décadas de minha vida em sórdidos “bate-bocas” com Deus – apesar de meu propalado ateísmo – provocando-O, testando-O e mesmo abusando de Sua piedade e paciência.

Mas o Pai não faz distinção, e tal como enviou Tereza de Lisieux para a suave borboleta que pretendera perder-se, igualmente recomendou o calcinado bruto que vos escreve aos cuidados da mesma – e ela, com um simples olhar, converteu-me.

Tal prodígio se deu em um dos muitos e abissais vales que atravessava – e foram demasiados – em minha vida, levando-me a buscar abrigo dentro de uma igreja a fim de encontrar, ainda que por um único minuto, paz de espírito.

Sentei-me no banco, fechei os olhos e – como todo descrente – aguardei para ver se “um milagre” aconteceria comigo. Nada. Desalentado e já ruminando alguns argumentos cínicos, resolvi dar uma volta pela nave da igreja, apenas pelo fato de gostar da arquitetura e das obras de arte – à parte todos os meus então infrutíferos estudos na teologia. Pois foi justamente neste perambular – impossível chamar de “acaso” – que me deparei com a imagem de Santa Therezinha de Lisieux, e seus olhos me aprisionaram.

Não entenda o leitor tal frase como uma figura de linguagem, pois foi mais que isso, foi um fato: preso, postado diante da imagem e sem conseguir tirar os (meus) olhos dos olhos dela, confesso ser impossível lembrar o quanto tempo ali fiquei.

E tudo mudou.

Eu, que – por incúria ou desleixo dos pais – jamais fora batizado, assim me fiz aos cinquenta e sete anos, sendo ainda crismado. Um verdadeiro desabamento aconteceu dentro de mim, inclusive intelectualmente, fazendo com que – repentinamente – toda a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino fizesse sentido e, mais, fosse a única proposição plausível.

Para piorar, no dia em que marquei uma audiência com o padre, senti os perfurantes olhos de Santa Therezinha me acompanhando, do momento em que subi as escadas até a hora em que fechei a porta da sala do pároco. O que dizer disso?

Fosse eu o velho encruado de sempre, simplesmente debitaria na conta de alucinação paranoica, agravada por terrível complexo de superioridade – afinal, uma santa olhava para mim.

Mas não sou mais este ser; hoje percebo-me uma outra pessoa, diferente daquela que, um dia, deliberadamente escolheu “saber o gosto que o mal tem” e saiu vivo – mais que vivo, redimido por Santa Therezinha e Deus.

Como não sentir-me perdoado, purificado e próximo da doce Sofia de Hildegard?

Não há como explicar Deus. Resta-nos vivê-lo.



Walter Biancardine



segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

ENSINO SUPERIOR: UMA FARSA


Já nos idos de 1984, ao adentrar a seríssima faculdade Bennett no Rio de Janeiro para cursar Arquitetura e Urbanismo (havia no vestibular a prova de habilidade específica, no caso o desenho, e por isso fiquei em 3º lugar), me deparei com uma cena desanimadora: meus colegas dedicavam-se a disputar "guerras de bolinhas de papel", fazendo com que aquele mundo de "adultos" se desmoronasse diante de meus olhos.

Depois, na igualmente seríssima faculdade Cândido Mendes (a da Rua da Assembléia, não a "boate" de Ipanema), ao cursar Direito, tive os ouvidos entupidos por incessante catilinária marxista de professores de sociologia e demais cadeiras, cujo único objetivo não era ensinar mas, sim, nos convencer. E isso, já nos anos 90, fez com que a ilusão da "formação profissional, técnica", evaporasse em minha cabeça.

Atualmente dedico-me a assessorar a confecção de uma tese de pós-doutorado, na qual igualmente observo que a postulante - a qual, por tentar preservar seu nome no mundo acadêmico, não declinarei - vê-se obrigada a curvar-se à ideias e conceitos impostos por seus orientadores, todos marxistas, para que seja aprovada e obtenha sua graduação.

Ironia do destino, a referida doutora disse, tal qual minha mãe - quase profética - falou, no momento em que comentei com ela sobre as decepções acadêmicas: "o que importa é o diploma, vamos esquecer o resto". Dona Dalva assim falou, nos anos 80 e, agora, a doutora repetiu.

E a isso se resume, atualmente, a academia: o papel pintado de diploma.

Nada se aprende, nada se discute - pois será censurado e boicotado - nada evolui. É a estagnação intelectual de um povo, condenado a enxergar o ensino superior nos moldes da "jurisfação" que citei em outros artigos: você não é nada e nem precisa ser, o que importa é o papel.

Assim, é natural que essa perversa dinâmica tenha transformado a faculdade quase em extensão do segundo grau e, pior, a pós-graduação, mestrado e doutorado, em pós-extensões do mesmo.

Fácil é conversar com Doutores cuja limitação intelectual e cultural são evidentes. Causa espanto descobrir que, entre aqueles que alcançaram o topo da escalada acadêmica, tantos sejam verdadeiras farsas e embotados - uma evidente consequência de uma política de ensino verdadeira e deliberadamente assassina de cérebros e intelectos. Um Doutor brasileiro não alcança um bacharel norte-americano - ou um egresso do COF, como eu, esta é a verdade.

Talvez seja tarde e não mais provoque efeitos mas, ainda que ao entardecer da vida, aceitei os velhos conceitos proféticos de minha mãe e a experiência de vida de minha dileta pós-doutoranda: o que vale é o diploma e por isso - e só por isso - persisto em minha licenciatura em Filosofia.

Mas sei que nada terei a aprender, em termos filosóficos.

Ao contrário: deveria, eu, estar ensinando.



Walter Biancardine 





sábado, 25 de janeiro de 2025

ENSAIO FILOSÓFICO: A INCONVENIENTE DEMOCRACIA DO VOTO UNIVERSAL


A democracia, enquanto enxergada apenas como um sistema de governo fundamentado no voto popular e não como resultado das atitudes e posturas de um país, é frequentemente exaltada como o modelo mais justo e equitativo de organização política.

Ela deve ser enxergada somente como um reflexo das práticas políticas, da cultura cívica e das decisões coletivas, emergindo da interação entre governo e sociedade e sendo moldada por elementos como o respeito às leis, a educação política da população, a transparência das instituições e a capacidade do povo de se organizar e demandar seus direitos. Deste modo, a democracia não é algo que se impõe de cima para baixo – um objetivo a ser perseguido e tão presente nos discursos de políticos – mas que se constrói e se mantém por meio de ações concretas e cotidianas de governos e do povo.

No entanto, uma análise mais profunda revela que o modelo usual, baseado na simples prevalência numérica como indicador da vontade do povo, possui fragilidades intrínsecas especialmente quando se considera o impacto do voto universal em uma sociedade onde grande parte da população carece de conhecimento adequado sobre as complexidades políticas, econômicas e sociais que determinam os destinos de uma nação.

Este ensaio busca explorar as limitações de um sistema que concede igual peso a todas as opiniões, independentemente do nível de informação ou engajamento dos eleitores.

O Problema da Ignorância Política

O primeiro ponto a ser considerado é a realidade da completa e universal ignorância política – ou alienação deliberada e comodista – que permeia grande parte das sociedades modernas. Não é exagero afirmar que muitos eleitores desconhecem as funções básicas das instituições governamentais ou as implicações de suas escolhas eleitorais, cabendo reconhecer que tal desconhecimento não é apenas fruto de uma falta de educação formal, mas também de uma indiferença generalizada em relação aos assuntos públicos.

Em um sistema baseado no voto universal, a voz de um indivíduo profundamente engajado e informado tem o mesmo peso e valor que a de alguém que decide seu voto com base em slogans, promessas superficiais, vagas de emprego ou as mais mesquinhas vantagens pessoais.

Essa situação leva à ascensão de lideranças demagógicas, que exploram a falta de informação da maioria para promover agendas que frequentemente desconsideram o bem-estar a curto e longo prazo do país – o que importa é a vitória eleitoral. A retórica simplista e as soluções imediatistas encontram terreno fértil em uma população que não está preparada para avaliar criticamente as propostas apresentadas.

O Império dos Interesses Imediatos

Outro aspecto problemático do voto popular é a tendência da maioria em priorizar seus interesses imediatos em detrimento das necessidades coletivas ou das consequências futuras de suas escolhas, comumente chamado de egoísmo individualista.

A democracia, em sua forma atual, incentiva os candidatos a prometerem benefícios de curto prazo para garantir o apoio eleitoral, mesmo que tais medidas sejam insustentáveis ou prejudiciais a longo prazo. Esse ciclo de promessas e concessões demagógico-apelativas resulta em uma governança que privilegia soluções enganosas, verdadeiras fraudes eleitorais, em vez de reformas estruturais necessárias ou – pior – cria verdadeiros monstros sociais, como a cultura “woke” identitarista.

Além disso, a dinâmica eleitoral frequentemente transforma o processo político em um concurso de popularidade, onde a capacidade de persuadir emocionalmente supera a competência ou a integridade. Como resultado, a liderança política é frequentemente ocupada por indivíduos que são mais habilidosos em manipular a opinião pública do que em governar eficazmente, tais como influencers do YouTube, pastores de igrejas ou mesmo apresentadores de programas de TV.

A Inclusão e a Justiça: Um Paradoxo

A democracia é frequentemente celebrada como o sistema mais inclusivo e justo, mas essa afirmação merece uma análise mais crítica. A inclusão de todas as vozes no processo decisório, embora louvável em teoria, também traz consigo sua completa contradição. Ao incluir indivíduos despreparados ou desinformados, o sistema democrático gera injustiças, uma vez que as decisões tomadas refletem mais as percepções equivocadas, idiossincrasias, taras, falhas de caráter ou os interesses mais imediatos da maioria, do que uma avaliação racional das necessidades coletivas. Mas quem pensa na coletividade? Se não há esta preocupação, toda a essência da democracia cai por terra a partir do próprio povo.

A tão propalada inclusão, desprovida de mecanismos que garantam a qualificação do debate, dos debatedores e do processo decisório, transforma a democracia em um sistema onde a quantidade prevalece sobre a qualidade. Assim, embora o propósito de inclusão seja digno de louvor, ele deveria ser equilibrado com a necessidade de assegurar que as decisões tomadas sejam informadas e justas – mas tal não ocorre.

A verdadeira justiça – bom lembrar aos demagogos – não reside apenas na participação universal, mas também na capacidade efetiva e real de promover o bem comum, de maneira palpável e equitativa.

A Ilusão da Igualdade Política

A ideia de que todos os votos possuem igual valor é frequentemente celebrada como um dos grandes triunfos da democracia. No entanto, essa igualdade formal mascara desigualdades substanciais em termos de conhecimento, capacidade de julgamento e impacto das decisões. Em uma sociedade onde a informação é distribuída de forma desigual, o voto universal pode perpetuar um sistema onde as decisões são tomadas com base em percepções equivocadas ou interesses restritos, em vez de considerações racionais e informadas.

Pré-requisitos para o Voto: Uma Questão de Justiça?

Diante das limitações do voto universal, surge a questão: seria justo exigir pré-requisitos para o direito ao voto? Essa ideia, embora controversa, merece uma análise aprofundada pois toca em princípios fundamentais de igualdade e justiça.

A imposição de critérios, como um nível mínimo de educação ou o cumprimento de testes de conhecimento básico sobre política e governança, poderia potencialmente elevar a qualidade das decisões coletivas. Eleitores mais informados estariam mais aptos a avaliar criticamente as propostas e a escolher representantes que realmente atendam aos interesses coletivos. Além disso, tais critérios poderiam incentivar a educação cívica, promovendo maior engajamento e responsabilidade por parte dos cidadãos.

No entanto, a implementação de pré-requisitos para o voto também levanta preocupações éticas e práticas. A primeira e mais óbvia é sobre quem determinaria os critérios? Como garantir que eles não sejam usados para excluir deliberadamente certos grupos sociais? A história mostra que medidas como testes de alfabetização foram, em alguns contextos, empregadas como ferramentas de discriminação, perpetuando desigualdades e privando comunidades marginalizadas de seus direitos políticos.

Além disso, exigir pré-requisitos para o voto pode criar um sistema que privilegia a elite educada em detrimento da maioria, reforçando divisões sociais e minando um suposto princípio de igualdade política.

É uma inverdade afirmar, portanto, que a justiça na democracia não residiria apenas na qualidade das decisões, mas também na inclusão de todas as vozes, independentemente de sua origem ou nível de instrução. O desafio, deste modo, seria encontrar um equilíbrio entre inclusão e competência – um verdadeiro “ovo de Colombo” e que jamais será solucionado a contento.

Pré-requisitos como Estímulo ao Aperfeiçoamento Individual

Uma nota ao final deste ensaio: apesar das preocupações éticas e práticas, é importante considerar que a exigência de pré-requisitos para o voto poderia servir como um poderoso estímulo para o aperfeiçoamento individual.

A perspectiva de adquirir o direito ao voto mediante o cumprimento de certos critérios poderia motivar os cidadãos a buscar maior conhecimento sobre política, economia e sociedade. Esse processo não apenas os qualificaria para participar de maneira mais consciente no processo eleitoral, mas também contribuiria para o fortalecimento da cidadania, do senso de responsabilidade coletiva e da capacidade individual em detectar, de imediato, discursos e promessas demagógicas dos eventuais candidatos ou ocupantes de cargos públicos.

A estagnação comodista, que caracteriza a relação de parte da população com os assuntos públicos, poderia ser desafiada por um sistema que recompense o esforço e o engajamento. Ao invés de excluir, tal abordagem poderia ser concebida como uma forma de inclusão meritocrática, onde o direito ao voto se tornaria um reflexo do compromisso do indivíduo com o bem comum. Essa dinâmica poderia criar uma sociedade mais informada e engajada, reduzindo a influência de lideranças demagógicas e promovendo um debate público mais qualificado.

Entretanto, para que essa ideia seja implementada de maneira justa, seria necessário garantir que todos os cidadãos tivessem acesso equitativo aos recursos educacionais e às oportunidades de se qualificarem. Sem essa base, o risco de perpetuar desigualdades sociais seria elevado, transformando uma proposta potencialmente benéfica em um instrumento de exclusão.

Conclusão

Embora a democracia baseada no voto popular seja frequentemente defendida como o modelo mais inclusivo e justo, é essencial reconhecer suas limitações. O peso igual conferido a todas as opiniões, independentemente do nível de conhecimento ou engajamento, pode comprometer a qualidade das decisões políticas e favorecer lideranças que exploram as fraquezas do sistema.

A discussão sobre a imposição de pré-requisitos para o voto revela a tensão entre os ideais de inclusão e a busca por decisões mais informadas e justas. Além disso, a ideia de que tais pré-requisitos poderiam estimular o aperfeiçoamento individual traz uma dimensão adicional ao debate, apontando para a possibilidade de uma sociedade mais engajada e consciente. Contudo, a implementação de qualquer mudança nesse sentido deve ser cuidadosamente planejada para evitar injustiças e promover um equilíbrio entre inclusão e competência. Uma reflexão crítica sobre essas questões é necessária para que possamos compreender os desafios inerentes à democracia e buscar formas de mitigar seus efeitos mais prejudiciais, sem, contudo, sugerir uma solução definitiva para o problema.

Em uma maioria de eleitores ignorantes decidindo os destinos de uma nação, podemos supor que este país é governado pelas escolhas dos imbecis.


Walter Biancardine



OLAVO DE CARVALHO: GLOBALISMO E SATANISMO -

 


Prestando meus respeitos aos três anos de falecimento do homem que ensinou-me a raciocinar e – literalmente – “retirou as escamas dos olhos” de tantos, eu inclusive, publico aqui um artigo de sua autoria, no qual versa sobre o total desconhecimento popular sobre os malefícios do globalismo.

"Nós estamos atravessando uma fase em que uma elite, muito bem preparada e amparada política e financeiramente, criou do nada todo um novo conceito de civilização que está sendo implantado há mais de cinqüenta anos, mediante ações cujo sentido geralmente escapa à opinião pública. Eis é o dado fundamental da nossa época: hoje a implantação do governo global é o centro da história mundial.

Essa operação não é absolutamente secreta — seria impossível manter secreta algo desse tamanho —, mas ela escapa ao horizonte de consciência da população pela complexidade e pela enorme quantidade de informações existentes. Por exemplo, o livro básico sobre o assunto — o “abc” da nova ordem mundial, de Carrol Quigley, Tragedy and Hope — tem 1200 páginas (e que eu saiba, só existe em língua inglesa), e ele é apenas o começo. Quem não leu esse livro, não sabe o que está acontecendo.

Mas ele é só o começo, não está tudo aí: atualmente a bibliografia sobre o assunto é imensa. Por um lado é imensa, e por outro lado jamais chamou a atenção do grande público, ficando sempre restrita a um pequeno circulo de estudiosos, sejam aqueles que participam do próprio projeto, sejam aqueles que se opõem ao projeto. O tema da Nova Ordem Mundial, de fato, só é conhecido pelos adeptos e pelos inimigos — pelo vasto público, não. É como se fosse uma luta de boxe em um estádio vazio, onde só estão os dois lutadores e respectivos empresários: ninguém sabe que a luta está acontecendo, as arquibancadas todas vazias.

Chamar esse projeto de ‘governo mundial’ — às vezes as pessoas não entendem direito — é uma metonímia: eu estou designando o todo por seu aspecto puramente administrativo, mas quando se examina, por exemplo, o livro do Lee Penn, False Dawn (Falsa Aurora), sobre o projeto de unificação das religiões, de criação de uma nova religião globalista, vê-se que, na verdade, é um projeto até mais abrangente que o do governo mundial: mais abrangente, mais básico, mais fundamental e mais antigo — o pessoal está trabalhando nele há muitas décadas.

Quando se percebe o “tamanho” das pessoas envolvidas, constata-se que praticamente todos os presidentes americanos dos últimos 40 anos estiveram, de algum modo, metidos nisto; todos eles — Clinton, Bush, Ronald Reagan, e agora Obama — colaboraram de alguma maneira. O famoso Lucis Trust, que na verdade era Lucifer Trust(uma entidade evidentemente satanista) antes de mudar de nome, tinha como um de seus membros Edwin J. Feulner, o atual presidente da Heritage Foundation — ou seja, o representante do que seria o atual pensamento conservador cristão era um dos fundadores da nova religião global. Desse modo, tem-se a idéia de até aonde vai isso.

Praticamente todos os grupos bilionários que controlam o sistema bancário, a indústria farmacêutica, petróleo, etc., estão envolvidos com o projeto de, provavelmente, inventar um sincretismo e implantar uma nova religião mundial que seria a solução após um período de desespero causado pela voga ateística.

Primeiro espalham o ateísmo em todo lugar; na hora em que ninguém mais aguentar, eles dizem: ‘Não, vocês têm razão, nós precisamos pensar na salvação da alma, pensar no outro mundo’, e tome nova religião. Essa religião é uma monstruosidade, é espiritualmente abominável e intelectualmente desprezível, mas para massas, que ignoram tudo a respeito de religiões comparadas, etc., vai ser um projeto inteiramente aceitável, semelhante a um período de paz, em que todos nós iremos dar as mãos e veremos o padre oficiando missa junto com o monge budista, com o médium espírita, com o pajé índio: ‘Olha, que beleza! É a paz universal!’ É algo evidentemente farsesco.

Esse projeto é até mais importante do que o da Nova Ordem Mundial. Ele vem sendo implantado a toque de caixa. Uma de suas etapas é tornar proibitivo o exercício das religiões, especialmente o cristianismo, e favorecer a mudança das religiões dos países.

Por exemplo, se há uma maioria cristã em um local, tenta-se islamizar a todos; onde há maioria budista, praticamente se proíbe o budismo (como aconteceu no Tibete); após o período de opressão às religiões, haverá a substituição. Nietszche já dizia: ‘Você não vence completamente senão aquilo que você substitui’, ou seja, não basta derrubá-lo, é preciso tomar o lugar dele.

Esse projeto está em andamento e influencia todas as universidades do mundo, toda a rede de ensino (inclusive a educação infantil), toda a rede médica — as entidades de atendimento psiquiátrico, psicológico, etc. —, enfim, a vida dos lares e a alma de cada um. Atualmente muitas pessoas na faixa dos 20-30 anos tiveram a alma inteirinha formada à luz desses novos valores e símbolos, mas não têm consciência disso. Mesmo quando elas são contra tais coisas e conscientemente não gostam delas, se a alma está viciada não adianta gostar ou deixar de gostar, pois não conseguem conceber uma alternativa. Nosso projeto aqui é tentar retirar dessa nova cultura um certo número de pessoas dotadas, inteligentes e de boa índole, para que elas possam observar esses fatos desde fora e de cima e exercer sobre eles uma análise crítica.

Para analisar, a primeira atitude é se desidentificar da nova cultura; aqui há um trabalho não só de estudo, mas de autoconsciência, auto-análise, autocrítica (embora esta palavra tenha uma tradição abominável). Você terá de examinar a presença dessa cultura, não no entorno, nem no meio onde está, mas na sua própria psique, por onde você está sendo moldado para agir dessa maneira.

Olavo de Carvalho"

Segue, como complemento, pequena publicação postada na rede social X-Twitter por alguém denominado apenas como “Fabiano”, e que fecha perfeitamente o artigo acima.

Muitos críticos como Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé, argumentam que o prof. Olavo frequentemente apresentava ideias baseadas em teorias conspiratórias sem evidências sólidas ou verificáveis. Para esses críticos, conceitos como ‘Lucifer Trust’ e a ‘implantação forçada de uma religião global’ são exageros que carecem de base factual. Pandemia de COVID-19, a Agenda 2030 da ONU e as discussões sobre governança global são eventos que confirmam suas análises. Prof. Olavo foi um grande pugilista” (sic).

Desnecessários quaisquer outros acréscimos, de minha parte.



Walter Biancardine




terça-feira, 21 de janeiro de 2025

O RESGATE DO BELO - UM ENSAIO FILOSÓFICO



Em tais e raras horas me alegro em ser o porco-espinho rejeitado e criticado por todos: no momento em que Donald Trump, não por me ouvir mas por ser o lógico a fazer, adota a postura de Roger Scruton e resgata a beleza que nos cerca, influencia nosso estado de espírito e que pode nos elevar – ou deprimir – nas posturas e atitudes cotidianas, as quais desenham nosso destino.

Ao me deparar com a Executive Order que determina a promoção do uso da arquitetura tradicional e clássica em edifícios cívicos, assinada ontem pelo novo presidente dos Estados Unidos, visando “elevar e embelezar os espaços públicos e enobrecer os Estados Unidos”, não me contenho e vejo-me obrigado a escrever este breve ensaio – vá lá – filosófico sobre a arquitetura clássica. Senão vejamos:

A arquitetura clássica, com sua harmonia, proporção e beleza notadamente atemporal, exerce uma influência profunda no estado de espírito das pessoas, e isto é fato. Desde as antigas civilizações gregas e romanas até os renascimentos subsequentes, tal estilo tem sido associado à ordem, à racionalidade e à elevação espiritual. A predominância da arquitetura clássica em espaços públicos e privados – agora determinada por Trump – não apenas embeleza o ambiente, mas também promove um senso de bem-estar, transcendência e conexão com princípios universais.

A Harmonia como Reflexo da Ordem Universal

A arquitetura clássica é fundamentada em bases matemáticas e geométricas que refletem a busca pela perfeição e pela ordem universal. Proporções como a ‘seção áurea’ e simetrias cuidadosamente planejadas transmitem uma sensação de equilíbrio e estabilidade, que se irradia e nos contagia: essa harmonia visual é mais do que um deleite para os olhos; ela ressoa com a mente e o espírito humanos, evocando uma experiência de serenidade e conexão com o cosmos.

A percepção de ordem em um edifício clássico certamente inspira as pessoas a buscar a ordem interna em suas próprias vidas – uma catástrofe, segundo as intenções preconizadas pelo esquerdismo mundial. A simetria das colunas, o ritmo das arcadas e a perfeição das cúpulas não são meros aspectos técnicos; são manifestações de uma aspiração mais elevada pela harmonia entre o mundo material e o espiritual, este último fator solenemente ignorado pela funesta ideologia citada.

A Beleza e o Transcendente

A experiência do belo tem sido historicamente associada à experiência do divino, e não há como se escapar do mesmo, para quem ainda é humano e possui um mínimo de sensibilidade.

Filósofos como Platão e Aristóteles criam que a beleza é uma janela para a verdade e o bem. A arquitetura clássica, ao buscar o ideal do belo, transcende a função prática dos edifícios e os transforma em espaços de contemplação e elevação espiritual, explicando plenamente as intenções do novo presidente norte americano.

Catedrais, templos e outros edifícios clássicos muitas vezes incorporam elementos que direcionam o olhar e o pensamento para o alto (vide a arquitetura gótica) simbolizando a aspiração humana por algo maior do que a existência terrena. Mesmo em contextos seculares, a grandiosidade e a elegância de uma construção clássica podem suscitar sentimentos de admiração e reverência, promovendo uma experiência que transcende o cotidiano.

Espaços Clássicos e o Bem-Estar

Apelemos: mesmo estudos ‘modernosos’ em psicologia ambiental confirmam que ambientes bem projetados podem melhorar significativamente o humor, a produtividade e o bem-estar geral das pessoas. A arquitetura clássica, com seus espaços abertos, iluminação natural e materiais nobres, cria ambientes que favorecem a calma e a reflexão. Em contraste com o caos e a desordem que muitas vezes caracterizam as paisagens urbanas modernas, os espaços clássicos oferecem um refúgio de ordem e beleza.

O Aspecto Espiritual

A influência transcendental da arquitetura clássica não se limita ao plano estético ou funcional. Ela também desempenha um papel espiritual ao conectar as pessoas a princípios eternos e imutáveis. Em um mundo frequentemente marcado pela impermanência e pela incerteza – ideais comuno-globalistas – a presença de edifícios clássicos serve como um lembrete tangível de que existem valores e ideais que resistem ao teste do tempo e nos jogam, de corpo e alma, nos braços do conservadorismo.

Além disso, esses espaços muitas vezes são projetados para fomentar a comunidade e o senso de pertencimento, como é o caso de praças, anfiteatros e outros locais de reunião. Essa dimensão social reforça a conexão entre o indivíduo e o coletivo, criando uma experiência que é, ao mesmo tempo, profundamente pessoal e universal.

A predominância da arquitetura clássica tem um impacto positivo no estado de espírito das pessoas, oferecendo-lhes um senso de ordem, beleza e transcendência. Ao harmonizar o material com o espiritual, o temporal com o eterno, essa forma de arquitetura não apenas embeleza o mundo físico, mas também enriquece a experiência humana em níveis profundos. Em última análise, a arquitetura clássica não é apenas um testemunho do gênio humano, mas também uma ponte para o divino.

Donald Trump e Roger Scruton

Vamos então, para finalizar este ensaio que já vai longo, dividir o pensamento de Sir Roger Scruton em pílulas as quais, uma vez deglutidas, farão com que o leitor compreenda – sem nenhuma dúvida restante – as reais intenções de Donald Trump.

Roger Scruton defendia a volta da beleza por acreditar que ela desempenha um papel essencial na experiência humana, na formação cultural e na elevação espiritual. Ele via a beleza como algo que transcende o utilitarismo e o materialismo atuais, sendo capaz de inspirar, conectar e dar sentido à vida. Sua defesa da beleza se baseava em várias premissas:

1. A Beleza como Necessidade Humana

Scruton argumentava que a beleza não é um luxo, mas uma necessidade espiritual. Ela proporciona consolo, ordem e sentido em um mundo muitas vezes caótico e fragmentado. Ele acreditava que a busca pelo belo era inerente à condição humana, ligando-nos ao transcendente e ao sagrado.

2. Crítica à Feiura e à Alienação Modernista

Ele criticava a arte e a arquitetura modernistas por priorizarem a funcionalidade ou o choque em detrimento da beleza. Para Scruton, a rejeição do belo resultava em espaços e obras que alienavam as pessoas, destruindo o vínculo entre o indivíduo e o ambiente.

3. A Beleza como Expressão de Valores Duradouros

Scruton via a beleza como uma expressão de valores universais e permanentes, como harmonia, proporção e ordem. Esses valores, segundo ele, são cruciais para a cultura e a civilização, pois ajudam a cultivar a virtude e a sabedoria.

4. A Beleza e o Sentido de Comunidade

Ele acreditava que a beleza tem um papel social, pois cria espaços e obras que inspiram o pertencimento e o respeito mútuo. A beleza na arquitetura, por exemplo, pode fomentar comunidades mais coesas e humanas.

5. O Belo e a Contemplação

Scruton defendia que a beleza convida à contemplação e à reflexão, em contraste com a cultura contemporânea de consumo rápido e descartável. Ela nos tira do imediatismo e nos conecta com algo maior e mais duradouro.

Em resumo, Roger Scruton via a beleza como um antídoto contra o niilismo e a fragmentação da modernidade, defendendo sua centralidade para a construção de uma vida significativa e de uma cultura rica e elevada. Ele considerava a restauração da beleza como uma missão cultural e moral.

Ao fim e ao cabo, eis acima uma amostra de como uma simples – e quiçá polêmica – Executive Order de um presidente recém-eleito pode esconder, em si, toneladas de bondades e graças salvadoras para seu povo, ato de nobreza o qual a classe política brasileira ainda se encontra a léguas de, sequer, cogitar, quanto mais ter a coragem de praticar. 

Caberá ao amigo leitor encher-se de brios e elevar seu nível de exigências quanto a seus representantes na política, para que os mesmos não se atenham a tratar – mal e porcamente, como sói acontecer – apenas questões financeiras ou constitucionais mas, também e sob idêntica importância e prioridade, todo um aspecto humano que foi jogado no lixo – e até mesmo louvado – como na inóspita e inaceitável Brasília, capital de uma República com iguais e pouco louváveis predicados.



Walter Biancardine






domingo, 19 de janeiro de 2025

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, A MULHER PERFEITA E UMA GERAÇÃO DE ASSEXUALIZADOS -


Os recentes progressos na geração de imagens e vídeos por Inteligência Artificial atingiu níveis tão fantásticos que hoje podemos assistir um Elvis Presley cantando samba, se assim programarmos: rosto, corpo, voz, trejeitos e manias serão criados à imagem e semelhança do saudoso finado, gerando inclusive um turbilhão de processos, relativos a direitos de imagem e o que mais puderem acrescentar.

Notem que, por enquanto, restrinjo-me ao mero entretenimento - a coisa pode tomar proporções dramáticas quando consideramos a criação, por jovens entusiastas da AI, de mulheres lindas e possuidoras de corpos esculturais, prontas para dialogar com este espinhudo garoto, se valendo da milenar linguagem da obscenidade - "talk dirty to me".

A beleza, antes atributo relativamente raro, se tornará comum e seu valor decairá ao nível de tudo o que é trivial. Corpos esculturais pouco ou nada valerão - ainda que recheados da mais obscena putaria - já que se tornarão usuais.

O resultado disto será a assexualização dos jovens, um fenômeno já observado nas mais recentes gerações, que preferem a vida segura, protegida e caseira em torno de seus vídeo games a arriscarem-se no verdadeiro e cruel mundo de amigos e mulheres de carne e osso.

Desta vez, entretanto, será pior.

É por demais conhecido que a insinuação é muito mais excitante que a mostra descarada - uma silhueta de coxas desperta o lobo dentro de um homem, ao passo que a aparição de uma mulher completamente pelada causará, antes, choque e susto.

O que dizer de garotos, treinados e habituados desde a mais tenra idade das espinhas na cara, a conviverem e entenderem como fáceis, comuns e disponíveis mulheres deslumbrantes e em eterno e insaciável cio?

Tais garotos simplesmente esquecerão o sexo. Sequer entro em considerações morais - se tal atividade se restringe à reprodução ou o mais descarado lazer - me atendo simplesmente ao por demais conhecido fato de que "o fácil não atrai".

A ameaça que paira sobre o ocidente é que este é um fenômeno tipicamente restrito aos países de cultura judaico-cristã, sendo quase impossível encontrar árabes viciados em pornografia, ao ponto de chegarem ao enfado.

Aos poucos, o sexo masculino ocidental emascula-se, acovarda-se perante a realidade comum e escolhe a fantasia - quase como se José Américo Mota Peçanha, o entusiasta que inoculou o vírus epicurista no Brasil, houvesse rogado pragas.

Não mais teremos garotos tarados, correndo atrás das empregadas domésticas.

Todos eles foram castrados pela internet.



Walter Biancardine





domingo, 12 de janeiro de 2025

SURPRESAS DE DOMINGO -


Já esperava que meu artigo "Religião não é autoajuda e pastores não são coaches" fosse incomodar algumas pessoas, e foi o que realmente aconteceu.

Para minha surpresa entretanto, o primeiro incomodado a se manifestar foi um padre - sim, um padre da Igreja Católica - que expressou seu desagrado no X-Twitter.

Isso mostra que, mesmo entre padres que supostamente não aderiram à Teologia da Libertação, o sutil veneno da cobra Leonardo Boff se faz sentir, agravado pelo ecumenismo cínico de Bergoglio.

Temo pelo futuro da Igreja, a verdadeira Igreja, e temo mais ainda que as palavras do professor Olavo de Carvalho estejam certas: "O maior inimigo que a Igreja enfrenta não são os que a combatem, mas os que a falsificam".

É um mal interno.



Walter Biancardine



sábado, 11 de janeiro de 2025

RELIGIÃO NÃO É AUTOAJUDA E PASTORES NÃO SÃO “COACHS” -

 


Estou ciente de, neste artigo, mexer com um vespeiro de suscetibilidades e até com os mais primários e furiosos fundamentalismos, mas é algo que – se cremos verdadeiramente na alma imortal e que deve ser salva – precisa ser evidenciado, alertando contra a tentação contida na mesma.

O alerta acima cabe especialmente a brasileiros, já que o cristianismo evangélico predomina no país e se diferencia sobremaneira do conceito “protestante” de Calvino e Lutero, que deu origem às denominações Batista, Luterana, Calvinista, Metodista e outras.

Fácil é perceber que, mesmo sob a denominação “evangélica” existem ramificações – e não falo das inúmeras igrejas, cada uma com sua Razão Social (Bola de Neve, Lagoinha, Assembleia de Deus, etc.) e que mais se parecem pequenas empresas, fruto da iniciativa de “pastores” que desejam ter seu próprio negócio ou culto, como chamam. As ramificações a que me refiro são muito mais relativas às condições econômicas e sociais de seus adeptos do que interpretações significativamente diferenciadas da Palavra de Deus, resultando na existência de uma religião para cada faixa do Imposto de Renda.

Explico: no Brasil, devido ao sincretismo ocorrido entre as religiões africanas trazidas pelos escravos e o cristianismo, a ala evangélica que se dedica às classes mais baixas e com menor ou nenhum preparo intelectual, se mistura e utiliza, de maneira evidente, conceitos e práticas do Candomblé e outras, anunciando em cartazes a “Noite de expulsão dos Exus (demônios)”, “Libertação dos encostos (espíritos obsessores)” e outros, chegando ao ponto de benzer peças de roupas femininas “para amarrar maridos” – tudo isso sendo parte do universo das religiões africanas, fortemente enraizadas nas classes mais baixas, como dito acima. É uma macumba em trajes finos, “cristianizada” e socialmente aceitável nos dias de hoje, por aqui.

Para a classe média – englobando a “média-baixa” – o tratamento é diferente. Aqui o foco é “recivilizar” o fiel, libertando-o do alcoolismo e da infidelidade (no que obtém grande e meritório sucesso) e focando na “mentalidade de sinagoga”, onde “um irmão ajuda o outro” através de ofertas de emprego, serviços e integração social – patrão evangélico só contrata evangélicos, evangélicos só compram em lojas de evangélicos, escolhem amigos evangélicos, ouvem apenas músicas de louvores e fecham-se em seu mundo próprio, fortemente marcado por um moralismo exacerbado, já que os sacramentos não existem para eles.

O exemplo acima é a vertente dominante no Brasil, dada a maioria populacional contida nesta faixa. Esta verdadeira e voluntária segregação poderia ser dramática, não fossem os instintos de sobrevivência dos comércios locais e a notória e conhecida tolerância do brasileiro – tolerância essa evidenciada através de políticos, que se dedicam a esta ala e criaram a “Bancada Evangélica” no Congresso Nacional.

Já para as classes mais altas, todo o exemplificado anteriormente é cuidadosamente suavizado pois os pastores concentram-se no indivíduo – sim, na pessoa, não em sua alma. Os cultos quase transformam-se em palestras motivacionais, emitindo conceitos de superação de deficiências, vitórias, foco e consecução de objetivos profissionais e materiais, e este é o eixo central sobre o qual as igrejas evangélicas, no Brasil, alcançaram seu esmagador sucesso, sempre “decodificados” para cada faixa social (público-alvo) objetivado.

Todo este conceito de autoajuda (para os mais abastados) e recivilização com integração social (para os mais humildes, e que desembocará inevitavelmente na autoajuda, uma vez atingidos os objetivos) é a tônica de um movimento que transformou a introspecção salvadora de almas do catolicismo em verdadeiras seitas de obtenção de progresso material e aceitação social.

Se, por um lado, tal movimento conseguiu melhorias notáveis na conduta moral, social e profissional do brasileiro médio, por outro abandonou por completo o espiritualismo místico, deixando enorme lacuna que poderá, um dia, ser preenchida por um fanatismo xiita – já presente atualmente na proibição hipócrita da bebida alcoólica, por exemplo. O próprio Cristo bebia vinho mas o ato, se por nós praticado, é execrado por tais fiéis.

Os feitos notáveis obtidos por tais igrejas evangélicas tornaram-se um círculo vicioso/virtuoso, onde cada vez mais pessoas buscam os cultos na esperança de progresso material (vicioso), reprimindo às duras penas as tentações do adultério e esbórnia (virtuoso). A abolição dos sacramentos os impelem ao moralismo absurdo, resultando na inevitável segregação daqueles que não seguem seus preceitos – acenda um cigarro ou beba um whisky na frente de um fiel e a infalível e enorme catilinária de execrações contra “seus vícios” se seguirá, e tudo isso por não crerem no perdão, nos sacramentos e na largueza de vistas própria do católico, embasado por dois milênios de doutrinas e doutores santos. A moderação, como conceito e prática, inexiste para o evangélico médio, levando-os quase a incorporarem os “estultos”, de Horácio: para evitar um vício, mergulham no vício oposto - "Dum vitant stulti vitia, in contraria currunt."

Um vídeo tornou-se conhecido na internet, mostrando uma brasileira em Portugal se queixando do fato das (pouquíssimas) igrejas evangélicas do país serem “organizadas” (sic) apenas por brasileiros e somente uns 5% dos fiéis serem portugueses. A mesma encerra seu vídeo manifestando a esperança que ocorra um “avivamento” no país e que tudo mude. E tais declarações comprovam, de modo claro, todo o exposto acima.

Em primeiro lugar, pouco importa para ela que o país o qual visita – sim, ela é hóspede e não anfitriã – tenha milenar tradição católica: o que a preocupa é ver que não há portugueses seguindo as ramificações tipicamente brasileiras do protestantismo, que desembocou nos cultos evangélicos.

Em segundo lugar, a “segregação” mencionada parágrafos acima é notória, pois até seu vocabulário é próprio dos evangélicos – uma língua diferenciada, que chama homens de “varão”, mulheres de “varoa” e clama, como visto, por um “avivamento” no país. Quando um grupo atinge tal grau de coesão deliberada, resultando em sua autoexclusão dos circundantes e a criação de um linguajar próprio, isto se torna um fator social deveras preocupante.

Em terceiro lugar – plenamente justificável, desta vez – vem o desejo de que todos se convertam. Neste ponto não é possível criticá-la, pois o ecumenismo é a mais rasteira falácia destruidora da fé alheia. Quem verdadeiramente crê, não tolera outras crenças. Apenas perdoa e convive com o crente.

Em último lugar vem a observação de que a mesma mulher, bem jovem, provavelmente passeou em terras portuguesas sendo financiada por seus pais, ouso deduzir, evangélicos. E minha ousadia vai além: tão poderoso quanto o trabalho duro e sério que conduziu seus pais à prosperidade, certamente será a rede de influências (a “mentalidade de sinagoga” citada acima) da igreja frequentada, que providenciou oportunidades comerciais ou empregatícias aos mesmos – e neste ponto caímos na transformação de pastores em “coaches”, cultos em palestras de autoajuda e toda a congregação em uma “ação entre amigos”. Desnecessário lembrar que todo o "avivamento" ansiado pela jovem seria desnecessário, caso cressem nos sacramentos.

Mas… e as almas?

Estarão todas elas salvas por não beberem, não fumarem, não traírem seus cônjuges, frequentarem os cultos e se esgoelarem em gritos de “aleluia”? E todo o infindável resto de suas ações e práticas cotidianas, inclusive em seus empregos e comércios? Isto não seria um farisaísmo redivivo?

Onde está a penitência? Onde o confessionário, os pecados confessos e a contrição? Onde se dá a união com o Corpo de Cristo, se não há hóstia?

Não confesso meus pecados, não sou perdoado mas não fumo, não bebo e não traio meu cônjuge, portanto não peco”. Será esta a mentalidade? Ou a tranquilidade advém da suposta “certeza” de que todo o mal que eventualmente cometa foi por “obra do diabo” (o qual será “expulso” pelo pastor) mesmo que, para tanto, renuncie aos seus próprios méritos, quando diante do sucesso que somente o Senhor Jesus o deu, de presente?

E seus pastores? O que dizer quando um grupo deles se separa e cada um funda sua própria denominação, maior parte das vezes por questões financeiras? O que dizer de pastores que, literalmente, dão palestras motivacionais a convite de empresas? Algum padre – verdadeiramente padre – já fez isso, ou foi convidado e aceitou? Alguém arriscaria uma rápida comparação entre o número de pastores e padres que se candidatam a cargos políticos?

A transformação da Palavra de Cristo em reuniões motivacionais ou palestras de autoajuda é uma sórdida perversão – quase herética – dos ensinamentos de Nosso Senhor. Aqueles que tenham tempo, que o use para especular onde poderá terminar tal disfunção doutrinal da Verdade Revelada; asseguro que a conclusão não será boa.

Pois que tais descalabros sirvam para acordar a Igreja Católica da bebedeira apóstata de Bergoglio – este que se diz Papa – e não mais deixe seus templos sem ninguém a atender os fiéis. Sim, já que o estado atual é uma faca de dois gumes: eu, particularmente, quase não vou às missas e prefiro frequentar a Igreja em dias e horários normais – algo como uma terça-feira, três horas da tarde. Nestes momentos sei que estou só, eu e Deus, e isso me parece bom e necessário para a introspecção exigida pela fé.

Por outro lado, se alguém adentra um templo evangélico, logo é abordado – ainda na porta – por duas ou mais pessoas que perguntam como ele está, se precisa de algo e o convida para conhecer sua igreja e a Palavra. Isto catequiza, atrai, acolhe e, normalmente, convence. Como explicar a soberba católica em deixar seus fiéis sem, sequer, um padre de plantão na Igreja?

Ao fim e ao cabo temos, diante de nós, um problema em plena evolução. As práticas evangélicas, que ainda não chegaram com real força ao resto do mundo, podem conduzir a contradições filosóficas, disparidades teológicas ainda piores e verdadeiro cisma social, e o alerta vai enquanto ainda há tempo para a reação, tanto da Igreja Católica quanto de intelectuais que estejam verdadeiramente dispostos a contribuir com a humanidade, e não com seus próprios egos.

A forte tendencia "motivacional" expressa por alguns pastores evangélicos tem se tornado preocupante, pois rebaixam perigosamente toda a transcendência contida na verdadeira fé, e isso pode causar uma ruptura teológico-filosófica.

Este artigo, embora longo, é oferecido de boa vontade como um “insight” para aqueles que tencionem desenvolver alguma tese filosófica a respeito, esforço e boa vontade os quais serei eu sempre muito grato.



Walter Biancardine





A FALTA DOS SACRAMENTOS LEVA AO EXCESSO MORALISTA? -


Essa é uma questão profunda, que toca na relação entre prática religiosa, sacramentos e a ética moral.

No catolicismo, os sacramentos são canais da graça divina que auxiliam o fiel na busca pela santidade e no fortalecimento espiritual. Eles proporcionam um meio tangível de reconciliação com Deus (como na Confissão) e de comunhão com Cristo (como na Eucaristia). Esse sistema sacramental tende a equilibrar a vida moral, reconhecendo a fragilidade humana e oferecendo meios concretos de perdão e renovação.

No contexto evangélico, onde os sacramentos não têm o mesmo papel central e frequentemente são reduzidos a símbolos, há uma ênfase maior na relação direta e pessoal com Deus, mediada pela Bíblia e pela fé. Essa abordagem, teoricamente rica em espiritualidade, pode levar a uma moralidade mais rígida e legalista porque, sem os meios sacramentais de reconciliação e renovação, há uma tendência de buscar segurança espiritual em normas morais claras e rigorosas.

O "excesso moralista" pode surgir como uma tentativa de assegurar a própria salvação ou, mais comumente, de se distinguir do "mundo" de forma visível. Sem os sacramentos, o pecado pode ser percebido como uma falha pessoal, que exige maior vigilância e esforço humano, em vez de uma eventualidade redimida pela graça sacramental.

Por outro lado, devo reconhecer que nem todos os evangélicos são moralistas ou excessivamente rígidos. Muitos encontram equilíbrio em uma espiritualidade centrada na graça e no amor de Deus. Contudo, a ausência dos sacramentos poderá sempre criar um terreno mais propício para o moralismo excessivo, em certos contextos.

Deixo a dica para os que desejarem a ampliação do tema sob forma de tese filosófico-teológica.



Walter Biancardine



segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

SÓ MAGDALA? E JOSÉ BONIFÁCIO?

 


Em decorrência da catástrofe financeira deixada pela administração esquerdista de José Bonifácio e Magdala Furtado em Cabo Frio, o Prefeito Dr. Serginho foi obrigado a tomar medidas corajosas e duras, contando com a compreensão do povo após um anúncio, divulgado hoje.

A decretação do estado de calamidade financeira, promulgado pelo atual Prefeito, é consequência direta dos cofres raspados, interesses escusos atendidos e dívidas infindáveis relegadas ao próximo administrador. A maior preocupação do atual chefe do Executivo de Cabo Frio é manter os serviços essenciais – saúde, educação e ordenamento público – ativos e funcionando, bem como pagar os salários atrasados do funcionalismo público e inativos, comprometendo-se a jamais atrasar a folha de pagamento.

Cabe lembrar que a estranha e extemporânea candidatura de José Bonifácio – já um doente terminal – atendeu a interesses do partido PDT, que comandou a drenagem de recursos do município para enviá-los à candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República, alguém lembra? Bonifácio sempre foi um político honrado e ninguém jamais lançaria tal sombra de dúvidas sobre suas intenções, mas a força do partido se sobrepôs à Zezinho e sua doença, infelizmente.

Já a debutante política Magdala Furtado revelou-se uma completa despreparada, alçada ao cargo por conta do partido saber do pouco tempo de vida de José Bonifácio. O destino inevitável do então Prefeito e a assunção da vice ao cargo deixou a Câmara de Vereadores e seus chupins em festa, pois a mesma jamais teria força política e respaldo popular para confrontar os edis e seus interesses insaciáveis por portarias, cargos, verbas e outros “enfeites” políticos.

O que restou foram cofres arrombados, uma cordilheira de dívidas, serviços públicos entregues ao caos e povo abandonado.

Este é o preço que o cabofriense paga, em sua própria pele, por votar guiado apenas por interesses mesquinhos ou mesmo em troca de sacos de cimento e "portarias" na Prefeitura.

Que os esforços de nosso Prefeito sejam bem sucedidos, mercê de Deus.


Walter Biancardine





A FAVELIZAÇÃO MENTAL -

 


No Brasil o termo “favela” é utilizado para designar guetos, locais de construções precárias e sem nenhuma infraestrutura, com o Estado ausente e dominado por facções criminosas; habitados por pessoas de nível econômico baixo mas, ultimamente, transformado em locais de turismo para satisfazer visitantes estrangeiros, sempre em busca de animais falantes para tirar fotografias e mostrar aos amigos bem como, eventualmente, encontrarem uma “nativa” para sua cama.

A grande mídia ensinou ao brasileiro que pobreza é bom, um universo de cultura própria, sorridente e única onde a promiscuidade e safadeza imperam – sempre disfarçadas de um comportamento “sem hipocrisias burguesas” – e dominado pelo lema “quanto pior, melhor”.

Embebedados por músicas completamente pornográficas – seriam vetadas mesmo no XVídeos – e garotas mal saídas da infância, mas destras na arte de acasalar; rapazes aqui apelidados de “nóias” – drogados de maconha, cocaína e outros, desde o momento em que acordam até a hora em que um tiroteio os leva à vala – nenhuma perspectiva de trabalho honesto, pois o tráfico paga bem melhor, a Justiça brasileira os protege e a grande mídia os glamouriza: tudo isso se reflete em suas roupas, modos, maneiras, comportamentos e valores, priorizando a educação de um búfalo furioso e as boas maneiras de um chimpanzé, aliadas a moral de um crupiê de cassino. E isto é um breve resumo do que podemos chamar de “favelização mental”, que alastrou-se por todo o Brasil e reduziu 210 milhões de habitantes a botocudos tribais.

Calejado e calcinado por tal experiência – a vivo desde o longínquo ano de 1979, quando os deportados comunistas foram anistiados, voltaram ao Brasil e promoveram sua triunfante guerra cultural, que nisto resultou – observo com extrema preocupação os sintomas explícitos da mesma doença social degenerativa na Europa, causada pela invasão muçulmana e de outros povos, a qual está conseguindo impor seu viver animalesco (por maioria que atualmente são) aos nativos do continente.

Vídeos que mostram estações do Metrô (subway) na Alemanha são um claro exemplo disso: nele, hordas islâmicas superlotam a estação, gritam e urram provocando o temor dos pobres e esparsos europeus e, quando o trem chega, invadem-no tal qual os piores comboios no Paquistão, Índia e outros rincões piores.

Vencem pelo número, pelo comportamento animal, pela barbárie exalada de suas bocas escancaradas e ávidas em devorarem a carne e a alma daqueles que consideram “infiéis” e que, segundo seus preceitos, “devem morrer” – ainda que sejam os hospedeiros e provedores de seu bem estar no país.

Mas, o que poderá o europeu fazer se, na tradicionalista Grã Bretanha, a maioria governante é de origem indiana ou islâmica? O que fazer se, na Alemanha, a maioria da população encolheu-se, atrofiada de testosterona e mostrando o traseiro passivo aos árabes insaciáveis? Como reagir, se a grande mídia – o eterno Quinto Cavaleiro do Apocalipse – insiste em lavar cérebros e almas, pintando a mais bem sucedida invasão já registrada (nenhum tiro disparado) como “acolhimento aos pobres necessitados” de outros países? Como ter esperanças se o europeu, na verdade, preferiu render-se a reagir?

O que ocorre hoje, na Europa, é um acelerado processo de “favelização mental”, tal qual o que vitimou o Brasil. Em breve veremos nórdicos, escandinavos, ensaiando passos de “funk” e cantando as pornográficas letras das mesmas; ou sisudos britânicos – até então “fleugmáticos” – esfregando-se nas esquinas com arrebitada “mestiça”, de peruca vermelha. E isto degenera um povo, reduz seus horizontes, mata sua alma.

Alguém já disse que “é com a moeda que se governam os povos” e, ao que parece, desde que os amigos do norte adotaram o Euro, apenas a baixaria, crimes e estupros conseguiram, em comum.

Fujam de teatros e cinemas, desliguem rádios e TV’s e, se puderem, desliguem também a União Europeia.

Todos, sem exceção, apenas antros dos comuno-globalistas que causaram tudo isso.




Walter Biancardine



sábado, 4 de janeiro de 2025

A PSIQUE CONSPIRA -


Tão inevitável quanto a morte ou o imposto de renda são os pensamentos sabotadores que, com frequência irritante, povoam minha cabeça. Aos meus olhos assim não os são, mas desta maneira os classifico para dar um ar de leveza e humor aos queixumes que insisto em redigir.

É algo compulsivo: e se eu tiver feito tudo errado? E se estou prejudicando quem nada tem a ver com isso? E se me vendi por um sonho? E se sou uma farsa?

Não há quem me critique com mais ferocidade do que eu mesmo, e se mais dúvidas desabonadoras aqui não posto, deve-se à simples vergonha da amplitude do mal que em mim encontro e que tanto prejudica a terceiros.

Nestes momentos o impulso covarde da fuga domina: não há melhor maneira de resolver dúvidas, aborrecimentos e decepções do que, simplesmente, abandonar tudo e sumir no mundo.

Pana mim não seria difícil, já que não guardo mais sonhos. Não tenho nenhum plano, nenhum projeto - mesmo meus livros inacabados os considero irrelevantes, dada a pífia vendagem daqueles publicados e nenhum benefício aos leitores. Possuo apenas uma única ambição, que seria aguardar meus dias finais com um teto sobre a cabeça, comida na geladeira e cigarros. Nada pretensioso, apenas que - em minha situação - é pedir demais.

Esta ambição é o que ainda me prende ao personagem que me tornei. Não fosse a mesma e talvez já estivesse de volta às estradas, caminhando sem rumo nos acostamentos e dormindo onde Deus permitisse - uma vida que conheço e não mais temo.

Sinto que a vida deste personagem está com os dias contados e pouco ou nada posso fazer. Hoje, hesito entre a tentação de dormir sob um teto com comida à mesa - projeto a cada dia mais inviável - ou a saída fácil das estradas.

Se insisto em ter o teto, estarei me vendendo? Se optar em ser digno, estarei sendo covarde?

Este filme já vai muito longo, está chato, nada trouxe de bom a mim ou ao mundo e anseio logo por seu fim, que demora demais.

Se bem me conheço, creio já saber a resposta.

Eu tentei, juro que tentei.



Walter Biancardine





O QUE POSSO DAR EM TROCA?


Só nos saímos vitoriosos se combatemos algo que podemos substituir. O grande malefício de mentes como as de Karl Marx ou Auguste Comte foi criar o que chamamos de "ideologia", que combateu e venceu, substituindo, a nossa "vida que sempre tivemos".

Eles tinham algo a oferecer, ainda que fosse um sonho mentiroso e maquiado para esconder as perversidades embutidas. Nos acenaram com um novo mundo, toda uma nova geração repleta de paz, amor, justiça, compaixão com os pobres e uma liberdade de sonhos enquanto nós, “retrógrados reacionários”, nos agarrávamos à "vida que sempre tivemos".

Agora que conhecemos o engôdo, que percebemos se tratar apenas de mera vigarice para a imposição de ditaduras opressoras, como combatê-la? O que temos para oferecer, em seu lugar? Apenas "a vida que sempre tivemos"?

Sim, e deveria ser o suficiente – mas a psique humana não a aceita. A recusa deve-se ao fato de não possuir uma "embalagem" palpável, com promessas e sonhos futuros, um messianismo ideológico a empolgar multidões – não há como oferecer sonhos vindouros vivendo "a vida que sempre tivemos", tal proposta cheira a mediocridade e conformismo.

Este é o grande dilema e fator de dificuldade do conservadorismo: não ser uma ideologia, por mais que o grande filósofo brasileiro Olavo de Carvalho e outros assim o considerem. Se nada oferece, nada promete, não a será.

Pior: inúmeras gerações foram criadas no caldo de cultura ideológico – revolucionário, e tais formações de pensamento não serão apagadas pela simples substituição de uma conjuntura política por outra, elas persistirão e serão transmitidas às gerações vindouras por um prazo incalculável. Trocar conjunturas políticas não é a garantia de trocar pensamentos.

É fácil concluir que a criação das ideologias decretou o fim da sociedade humana, pelos demônios que despertou e por oferecer promessas que a obstinação em “viver como sempre” jamais trará.

Homens como Karl Marx e Auguste Comte prestaram-se ao papel de verdadeiros "emissários do diabo", ao plantarem as sementes da destruição do convívio humano saudável.

Havemos de aguardar o surgimento de um filósofo que formate o conservadorismo aos moldes de uma ideologia, oferecendo vantagens e promessas como as demais – e que me perdoem os puristas mas, sem uma boa embalagem, não chegaremos a lugar algum – para que tentemos uma cura.

Olavo de Carvalho, prudente, jamais aceitou tal tarefa.

Walter Biancardine