quinta-feira, 3 de outubro de 2024

ENEL: UM MONOPÓLIO PRIVADO -

 


Depois de três dias de trevas, sem energia elétrica e que me deixou sem internet - notícias e trabalho - sem geladeira (tudo estragou), sem tomar banho (acreditem, sem energia a bomba de água não funciona) e quase enlouquecendo, nas noites e madrugadas absolutamente escuras destes vastos pastos, eis-me aqui de volta.

O problema foi causado por uma "banana" - espécie de disjuntor - em um dos postes de transmissão, na estrada em frente onde moro. Houve alguma sobrecarga, ela desarmou (como todo disjuntor) e, para consertar, bastaria um funcionário com o bastão apropriado para religá-la, Sim, só isso, e que pode ser feito em cinco minutos sem, sequer, subir ao poste.

Pois bem: após três dias, nove reclamações à Enel, uma reclamação à ANEEL e mais uma queixa ao programa de meu amigo Eduander “Panorama”, aparentemente o problema foi solucionado.

Dois pontos nisso tudo merecem destaque: o primeiro é o absoluto descaso que a Enel ostenta aos seus clientes, principalmente aos que, como eu, moram em áreas rurais e são de baixa renda. Bem sabem eles que nenhum poder econômico ou - muito menos - político nós temos e, por isso, nos desprezam.

O segundo é a necessidade de aprendermos que fomos vítimas de um engodo esquerdista, promovido pelo sr. Fernando Henrique Cardoso em seus anos na presidência do Brasil, quando levou à cabo seu conhecido e extenso programa de privatizações.

Áreas como a telefonia, água e esgoto e energia elétrica foram privatizadas sob a alegação que "a concorrência entre as empresas favoreceria o consumidor, não só pela qualidade dos serviços como, também, pelos preços cobrados". Pois bem, à exceção da telefonia celular, todas as demais áreas simplesmente transformaram-se, de monopólios estatais, para monopólios privados!

Quais opções tenho, se estou insatisfeito com a Enel ou mesmo Prolagos? Há outra opção? Não, e para que uma companhia destas perca seu contrato com o Estado seria necessário um escândalo sem precedentes, amparado por extensos e vantajosos acordos políticos.

Reconheço que, em minha ignorância na engenharia civil e urbanismo (apesar de minha faculdade de arquitetura), pouco ou nada consigo imaginar em termos dois ou mais encanamentos de água e esgoto por baixo das ruas e calçadas ou fiações de várias companhias elétricas compartilhando o mesmo poste. A logística é, de fato, difícil.

Isto não nos exime, entretanto, da obrigação em cobrar tais companhias e mesmo exigir ações contundentes do Poder Público - concedente da licença - contra empresas relapsas ou incompetentes.

Somos nós, pagando nossas contas em dia, que concedemos a tais empresas suas condições de funcionamento, lucratividade e mesmo salários de funcionários, diretores e suas excelsas presidências.

Também somos nós, votando em pessoas certas, que "assinamos uma procuração" para que o eleito represente nossos interesses e conveniências - todos são nossos empregados.

Sim, o povo é quem manda.



Walter Biancardine




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