Oh yes, I’m the great pretender!
Tal como na musica lançada pelo grupo The Platters e imortalizada na voz de Freddie Mercury, sou um grande mentiroso.
Tenho vivido os últimos e dolorosos anos tentando acordar as pessoas que me seguem no YouTube, aqueles que leem meus artigos ou mesmo meus livros, transmitindo a necessidade de reagirmos e não esperarmos por novos heróis – terceirizando nossas responsabilidades de verdadeiros protagonistas na defesa de nossos valores, princípios e ideais.
O povo é fonte e origem de todas as leis e única justificativa para a existência das instituições e todo o pesado aparato estatal, que absurdamente agora nos oprime. Assim, não apenas podemos como devemos agir, ir às ruas, protestar, fazer valer nossa voz de patrões tão relegada a posições indigentes na conjuntura política que vivemos.
Para isso tento passar a imagem de uma pessoa confiante, indignada, segura de que só nós – e apenas nós – temos a chance de provocar um constrangimento internacional que ponha contra a parede a ditadura que está em vias de fechar o cerco sobre todos os brasileiros.
Grito, demonstro a lógica em meus argumentos, xingo, mostro o feio futuro de escravidão sobre o povo e a triste herança da vergonha absolutista que deixaremos para nossos filhos e netos. Tento permanecer impávido ante comentários, nas lives, de que “de nada adianta”, “seremos espancados e reprimidos”, “não tem mais jeito”. Condeno tal frouxidão covarde, sem me importar se perderei seguidores, pois meu objetivo não é a fama e sim um Brasil melhor.
Tamanha é a covardia que impera que sequer postar suas indignações em redes sociais as pessoas se atrevem, limitam-se à queixumes infantis, birras de crianças, ou esbanjam sua ira apenas no grupo do Telegram, uns com os outros – mas totalmente inertes em todos os outros sentidos. Mas permaneço confiante, indignado, demonstro minha raiva e tento impelir todos à ação. E o quê consigo? Nada, apenas mais queixas de nenéns que choram pelo brinquedo quebrado.
Neste meio tempo perdi um casamento de 15 anos, perdi minha casa – fui obrigado a viver de favor em uma casa na roça, emprestada de um amigo. Perdi emprego, meu canal no YouTube foi, definitivamente, desmonetizado; escrevi livros e os mesmos não vendem por falta de interesse daqueles aos quais anuncio, tive contas extintas em todas – todas – as redes sociais, estou desempregado, não vejo meu filho e vivo de Auxílio Brasil, agora chamado novamente de Bolsa Família.
Sim, eu também tenho meus problemas assim como certamente os terão todos os que me assistem ou leem. Mas, ao menos, eu ainda luto. Ao menos tento indignar e provocar quem me assiste. Gasto minhas madrugadas escrevendo coisas como esta na esperança de extrair ao menos algumas gotas de testosterona na quase defunta virilidade do povo brasileiro – agora passivo ao paroxismo, estimulado pelo medo conveniente.
Meu mundo, minhas raízes, minhas referências de vida, minha dignidade, minha história – tudo isso desabou, tudo isso implodiu – mas amanhã estarei de volta, ostentando a mesma indignação, a mesma disposição de dar a vida pelo único país que tenho, custe o que custar.
Sim, sou um grande mentiroso.
Yes, I’m a great pretender.
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