A clássica história do escritor iniciante, que luta para encontrar um editor que aposte em seu talento e publique seu livro, ficou no passado.
Hoje em dia – aliás, já há uns bons anos – não é mais preciso ter uma boa história para contar, formas cativantes de narrá-las, esmiuçar teses originalíssimas ou escrever relatos e biografias portentosos para motivar as editoras – aliás, sequer dominar a língua portuguesa e ser dono de um belo estilo de escrita são necessários: basta pagar.
Não é novidade o mecenato de alguns poucos abastados que, enxergando em profundidade uma obra apresentada por algum artista ou escritor miserável, bancam a mesma perante editoras e custeiam não apenas a impressão, revisão, edição e encadernação como, também, sua distribuição em todo o território nacional.
Não, não se trata disso. Hoje o mecenas é o próprio ego dos aspirantes ao título pomposo de escritor – ou, mais ribombante ainda, intelectual – que financia a empreitada. Se alguém que jamais ouvimos falar é apresentado como verdadeiro trabalhador das letras, exibindo invejável portfólio de uns 10, 15 livros – ou, por vezes, bem mais – não significa, necessariamente, talento ou receptividade por parte do minguado público literário brasileiro e sim polpuda e recheada carteira, para bancar tudo isso.
As editoras descobriram o maravilhoso mundo de nosso ego e atuam, hoje, tal como as redes sociais alavancando vaidades e cobrando – caro – por isso. É uma rede mais refinada, digamos, que aponta diretamente para um narcisismo deveras elaborado e, por isso, merecedor de ser extorquido impiedosamente até seu último centavo – pois nada é caro demais para vaidades potentes.
Os preços variam, de acordo com seu ego: de simplórios mil Reais, que permitem apenas publicação – sem revisão, diagramação ou distribuição em livrarias; você pega seus calhamaços e se vira – até astronômicos vinte e cinco mil Reais, que catapultarão você e sua obra diretamente para pequeno stand na FLIP! De modo pior, tais empresas sequer ruborizam e oferecem as citadas tentações em suas páginas na internet; um tiro certeiro, à queima roupa, em alguém cuja vaidade, muito provavelmente, é infinitamente maior que seu conteúdo.
Assim, graças ao talento financeiro de alguns, suas obras poderão ser revisadas, corrigidas de barbarismos paulofreireanos ou, até mesmo, contar com um “personal ghost writer”, que escreverá a obra inteirinha para você! Sim, é isso! Apenas dê a idéia e pronto: você será mais um dos “intelectuais cenográficos” do decrépito panorama cultural brasileiro.
Em relativa contramão disso tudo vai a Amazon – a qual, particularmente, não tenho nenhuma simpatia decorrente de suas panfletagens políticas – mas que oferece serviços de maneira menos libidinosa que as citadas editoras: apenas publica seu livro, seja em formato e-book para Kindle ou impresso, sob demanda. Seu mote de vendas é a poderosa estrutura de vendas que possui, cobrindo praticamente todo o globo terrestre e, se sua obra é compreensível e traduzível para outros idiomas, provavelmente oferecerá algum retorno financeiro ao autor.
Por outro lado, nesta mesma Amazon você faz tudo: revisão, diagramação e até mesmo a capa de seu trabalho, mas é de graça! Faça, tenha fé em Deus e publique!
E foi em tais paragens que atrevi-me a publicar meus desatinos. Em condições financeiras abaixo da linha do risível e sabedor do quanto pessoal, íntimo e de doloroso expurgo minha obra contém, também estou ciente que dificilmente poderá ser elogiada pela estrutura rítmica de sua narrativa – tudo aquilo saiu à fórceps de minha alma, doeu e não foi pouco, por mais ficção que a mesma contenha. Entretanto, à parte condenar o wokismo da empresa, sempre elogiarei a chance oferecida a autores como eu, que buscam um lugar ao sol na esperança de terem suas idéias discutidas e – é claro – algum retorno financeiro.
Afinal, o mercado literário ainda não foi desmonetizado por nenhuma decisão do STF nem queimas de livros em praça pública foram ordenadas, por súmula exarada do pleno.
Ainda.
Walter Biancardine
viagem extraordinária ao passado, onde compreende que tudo o que amava era igual ao presente, e
que a vida real não tem o glamour das lembranças.
Da conturbada política dos anos 60 aos seus conceitos sobre o país, a família e Deus, ele
derruba os mitos de suas memórias, redescobre suas raízes e deve decidir entre dois amores:
uma é sua paixão de infância e outra é a resposta para sua vida.
Como escolher entre o desejo e a redenção?
Viver o passado pode nos ensinar?
Um comentário:
Supimpa!
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