Mais de três quartos de minha vida vivi sob o signo do “atormentado”, ou mesmo o “maluco”, decorrentes não apenas de meu despudor em gritar minhas agonias íntimas em meus escritos como também oriundos de uma vida – graças à Deus – repleta de acontecimentos, contrastante com o marasmo geral.
Com a mesma sem-cerimônia que eu destilava minha solidão nas crônicas cometidas até bem pouco tempo atrás, eu convocava outros doidos como eu para embarcarmos em uma canoa e remarmos pelo mar até Araruama.
Escrevia versinhos de amor e voava como um demônio pelos céus, senhor de minha inconseqüência e sedento de uma vida que deveria ter algo mais que viciar-me em TV, refrigerantes ou o sedentarismo obrigatório dos que nada arriscam.
O resultado de meus escritos insanos, seja gemendo minhas misérias pessoais ou defendendo meus ideais – pois nada mais falso e cômodo que o ceticismo que esconde a profunda ignorância – criou a pesada corrente intelectual que carrego, e que nunca tive medo de arrastar. Já os frutos da necessidade de arriscar o pescoço resultou em peripécias hollywodianas no Corpo Diplomático, piruetas e encrencas sem fim na aviação de teste além de uma coleção volumosa de anos e anos dedicados à caça, pesca submarina, navegação, motociclismo, surf – isso sem contar as inevitáveis sessões de pancadarias pelos mais diversos motivos – todos relevantes.
Entretanto, o inevitável acontece: a idade chega e somos obrigados a frear o ritmo.
Sem abrir mão de meus ideais e forçado por uma pressão acima de qualquer argumentação, cedi o espaço destinado aos meus vitupérios políticos à um estilo mais leve, bem humorado. Igualmente os gemidos de solidão foram exterminados pelo acontecimento que poucas pessoas podem gabar-se, que é encontrar o amor verdadeiro – eis que a felicidade alheia é a mais profunda ofensa que podemos assoar contra quem quer que seja, principalmente fantasmas infelizes e errantes do passado.
Mas a verdade é que lendas pessoais nos acorrentam à um passado, nos vestem na camisa de força dos personagens - estereotipados e imutáveis por definição - e podem nos condenar a viver situações, sentir e pensar de maneiras que já ultrapassamos. A lenda pessoal nos condena a nunca evoluir.
Sábio Raul Seixas, que propôs para si mesmo ser uma "metamorfose ambulante", e com isso assinou sua carta de alforria.
Venho tentando seguir seus passos.
Juro que tento.
Nota: Esta postagem foi alterada substancialmente, em todo seu conteúdo e intenção, pelo autor entender que desavenças e afastamento geram apenas solidão e tristeza.
Com a mesma sem-cerimônia que eu destilava minha solidão nas crônicas cometidas até bem pouco tempo atrás, eu convocava outros doidos como eu para embarcarmos em uma canoa e remarmos pelo mar até Araruama.
Escrevia versinhos de amor e voava como um demônio pelos céus, senhor de minha inconseqüência e sedento de uma vida que deveria ter algo mais que viciar-me em TV, refrigerantes ou o sedentarismo obrigatório dos que nada arriscam.
O resultado de meus escritos insanos, seja gemendo minhas misérias pessoais ou defendendo meus ideais – pois nada mais falso e cômodo que o ceticismo que esconde a profunda ignorância – criou a pesada corrente intelectual que carrego, e que nunca tive medo de arrastar. Já os frutos da necessidade de arriscar o pescoço resultou em peripécias hollywodianas no Corpo Diplomático, piruetas e encrencas sem fim na aviação de teste além de uma coleção volumosa de anos e anos dedicados à caça, pesca submarina, navegação, motociclismo, surf – isso sem contar as inevitáveis sessões de pancadarias pelos mais diversos motivos – todos relevantes.
Entretanto, o inevitável acontece: a idade chega e somos obrigados a frear o ritmo.
Sem abrir mão de meus ideais e forçado por uma pressão acima de qualquer argumentação, cedi o espaço destinado aos meus vitupérios políticos à um estilo mais leve, bem humorado. Igualmente os gemidos de solidão foram exterminados pelo acontecimento que poucas pessoas podem gabar-se, que é encontrar o amor verdadeiro – eis que a felicidade alheia é a mais profunda ofensa que podemos assoar contra quem quer que seja, principalmente fantasmas infelizes e errantes do passado.
Mas a verdade é que lendas pessoais nos acorrentam à um passado, nos vestem na camisa de força dos personagens - estereotipados e imutáveis por definição - e podem nos condenar a viver situações, sentir e pensar de maneiras que já ultrapassamos. A lenda pessoal nos condena a nunca evoluir.
Sábio Raul Seixas, que propôs para si mesmo ser uma "metamorfose ambulante", e com isso assinou sua carta de alforria.
Venho tentando seguir seus passos.
Juro que tento.
Nota: Esta postagem foi alterada substancialmente, em todo seu conteúdo e intenção, pelo autor entender que desavenças e afastamento geram apenas solidão e tristeza.