segunda-feira, 21 de junho de 2010

Carta à um Irmão Motociclista

Prezado Maluco Beleza:


Aos que nos invejam, digo que temos a Liberdade Absoluta, tão assustadora que é quase um vácuo - não caiamos no erro de crê-la solidão, pois assim a chamou a voz do que clama ao deserto de homens e idéias.
Há que se ter juízo para tê-lo na hora e medida certa.
Há que se ter juízo e culhões para dispensá-lo, na hora, medida e necessidade - nessecissanidade mental - certas.
Em nossos encontros nas estradas, contemos as novas;
mas contemo-nas à dedo pois as esperamos bem fornidas de glúteos e reentrâncias para que nos invejemos de esbórnias alheias!
Bebei cerveja, Jack Daniel´s, acendei os charutos, alegrai-vos!
Além das novas, contemos também as novidades eis que nada sabemos de nossos paradeiros, sonhos, esperanças, viagens, rumos, estradas, aventuras ou ocupações atuais – tantos são os caminhos que tomamos, os quilômetros que rodamos, as ausências sentidas... e tudo isso é deveras necessário saber, para que conjuminemos nosso próximo encontro, em algum posto de gasolina, à beira do asfalto.
Fazei uma tatuagem - dragões, caveiras e tribais inspiram e apontam o norte bússola à ser seguido.
Se não ainda a tens, comprai uma parruda moto estradeira - ou um sinistro triciclo, se o labirinto já foi condenado pelo otorrino - e pegai o asfalto, eis que não importa o destino e sim as estradas.
Usai o preto, necessário para que haja a claridade das certezas;
Deixai seus cabelos longos ao vento e, mesmo que já não mais os tenha,
mesmo que a barriga repouse sobre vosso tanque de gasolina,
sinta o vento e a poeira das estradas em seu rosto, na barba mal-feita.
E creiam todos: há vida após a morte.
Há vida após os 40.

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